sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

A polémica do novo patrocinador da Mercedes


Nada como um fim de semana na Arábia Saudita para uma polémica na Formula 1. Na realidade, foi na Mercedes, a equipa que tem dominado o campeonato. Por estes dias, soube-se que a equipa de Toto Wolff tinha feito um acordo com a Kingspan, uma forma de materiais de construção especializada em revestimentos. Ora, essa empresa foi a que fez a renovação da torre Greenfell, em Londres, que a 14 de junho de 2017, sofreu um incêndio catastrófico, matando 72 pessoas. E as associações de sobreviventes estão indignadas com esta associação, questionando a sua ética e pedido para que o contrato fosse quebrado de imediato.

Toto Wolff já respondeu à carta aberta que a associação colocou no seu site, afirmando que está disposta a conversar com eles para os ouvir, embora não diga que terminará ou não esta associação. Ele afirmou que a Mercedes “se envolveu profundamente com a Kingspan para entender o papel que seus produtos desempenharam no que aconteceu em Grenfell” antes de finalizar o negócio.


Kingspan declarou que não desempenhou nenhum papel no projeto ou construção do sistema de revestimento na Torre Grenfell, e que uma pequena porcentagem de seu produto foi usada como um substituto sem o seu conhecimento em parte do sistema que não estava em conformidade com os regulamentos de construção e não era seguro.”, disse na resposta, em declarações captadas pelo the-race.com.

Eu sei que isso não muda de forma alguma a terrível tragédia que você sofreu, ou a dor profunda e contínua sentida em sua comunidade, e gostaria de agradecer a Grenfell United pela oferta de me encontrar pessoalmente para aprender e entender melhor. Estou ansioso para nos reunirmos assim que pudermos.”, conclui a missiva.

Anteriormente, Kingspan afirmou que “apoia o trabalho de vital importância do Inquérito [às causas do incêndio de junho de 2017] para determinar o que deu errado e por quê”, mas afirma que as evidências mostram que o isolamento “não fez diferença material para a natureza e velocidade da propagação do fogo”. A empresa afirma ter “identificado e se desculpado por falhas de processo e conduta em seu negócio de isolamento no Reino Unido”, incluindo “melhorias significativas de processo, um código de conduta aprimorado, bem como medidas de rastreabilidade e integridade da cadeia de abastecimento”.


Esta polémica coincide, como já foi dito, com o GP em Jeddah. E como a Formula 1, de uma certa forma, em termos éticos, pouco importa com os Direitos Humanos, ao correr nas quatro nações da Península Arábica - Qatar, Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, onde se situa Abu Dhabi - para não falar da China, por exemplo. Esse exemplo - ao que dei ontem o nome de "sportwashing", mostra um pouco como o dinheiro conta imenso e quando se chega a paragens destas, a atitude da Formula 1 é o de varrer para debaixo do tapete, esperando que a polémica passe. 

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