segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

No Nobres do Grid deste mês...


Nascido a 22 de setembro de 1896, em Baltimore, Maryland, era filho de uma americana e de um irlandês, que era proprietário de terras. Educado na Irlanda, e depois no prestigiado (e elitista) Eton College, aos 18 anos, rebenta a I Guerra Mundial e pretende alistar-se no exército. Vai para a Academia Militar de Sandhurst, onde o curso é encurtado e em novembro de 1914, vai para o Royal Warwickshire Regiment, onde vê combates nas trincheiras da Flandres. Ferido por duas vezes, quando recupera demonstra interesse na aviação.

Ali, pede - e consegue transferência - para o Royal Flying Corps, a predecessora da Royal Air Force, e em 1916, começa a voar a bordo de um Airco DH2. Contudo, a 1 de julho de 1916, o primeiro dia da Batalha do Somme, onde o exército britânico perderá 60 mil homens, a maior de sempre na história, Segrave é abatido por anti-aéreas alemãs e despanha-se, fraturando um tornozelo. Anos depois, descreveu-se a si mesmo como "o pior aviador do mundo, fazendo o pior quando tentava aterrar".

(...)

Trabalhando ainda na Sunbeam [em 1924], convenceu-os a aderir a um projeto para construir um carro especificamente dedicado aos recordes de velocidade. O LadyBird era um carro com um motor de 4 litros, aerodinâmico, desenhado para ser veloz. A 16 de março de 1926, em Ainsdale, uma praia na zona de Southport, no Reino Unido, Segrave fez uma tentativa que colocou o carro a 245,15 km/hora, um recorde que seria batido... um mês depois, por J.G. Parry-Thomas, em Pendine Sands, no País de Gales, num carro construído de raiz com um motor Liberty V12 de avião, de 27 litros e 450 cavalos de potência.

Segrave não ficou parado. Voltou ao trabalho, construindo um carro de mil cavalos, o Sunbeam 1000 HP - que ficou popularmente conhecida como "A Lesma", tinha dois motores de avião e um chassis aerodinâmico, para ajudar no seu objetivo: 320 km/hora, ou as 200 milhas por hora. 

O carro ficou pronto para a tentativa, que iria acontecer em Daytona Beach, na Florida. Contudo, tinha concorrência: na Grã-Bretanha, Parry-Thomas iria voltar a Pendine Sands com o seu "Babs", modificado também para alcançar esse objetivo. Tinha a companhia de Malcom Campbell, que a 4 de fevereiro de 1927, abriu as hostilidades com 281.447 km/h no seu Napier-Campbell, batizado como Bluebird. Parry-Thomas reagiu, mas um mês depois, quando fez a sua tentativa, o motor explode e os destroços decapitam-no.

Na América, Segrave assistia tudo à distância e três semanas depois, a 29 de março, fez a sua tentativa, alcançando 327.97 km/h, ou 203.79 milhas por hora, o primeiro a alcançar esse marco na medida imperial. Isso lhe deu capas de jornais e enorme prestigio. E logo a seguir, colocou olhos noute tipo de recorde: os da água. Nessa altura, ela pertencia a um barco americano, o Miss America, que tinha conquistado o Harmsworth Trophy, uma competição formada com esse objetivo. A ideia era de retomar o troféu para as mãos britânicas, e com esse objetivo, construiu o Miss England I. Construído de raíz, com um motor Napier Lion, de origem aeronáutica, tinha 900 cavalos e um chassis leve de madeira. O barco ficou pronto em 1929, e contra Gar Wood e o seu Miss America VII, ambos se desafiaram em Miami, com a vitória a sorrir para o britânico. (...)


Há um século, no rescaldo da I Guerra Mundial, o automobilismo era sinónimo de velocidade. E o que as pessoas queriam era, mais do que vencer corridas, quebrar barreiras. E ao longo da década de vinte do século XX, foram construídos carros monstruosos, com motores de avião, com centenas ou milhares de cavalos, tudo para serem os primeiros a chegar aos 300 km/hora, hoje em dia, uma velocidade corriqueira para os hipercarros de estrada.

E aí surgiram a primeira geração de pilotos recordistas como Malcom Campbell e Henry Seagrave. E é sobre este último que falo, de alguém que hoje é recordado por um mero troféu, um dos mais importantes da Grã-Bretanha, mas no seu tempo, foi um dos pilotos mais versáteis, desde vencedor de Grandes Prémios e recordista no ar e no mar. Falo sobre ele este mês no Nobres do Grid.  

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