segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

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Bjorn Waldegaard preparando-se, e depois, a comemorar no pódio a sua 16ª e última vitória no WRC a bordo de um Toyota Celica GT-Four.

Porquê trago aqui o sueco, campeão do mundo em 1979 e falecido em 2014? Até este domingo, ele era o vencedor mais velho de sempre numa prova oficial do Mundial de Ralis, alcançando este triunfo com a idade de 46 anos e 155 dias. Agora, Sebastien Loeb, o francês nove vezes campeão do mundo, elevou a fasquia para os 47 anos e 331 dias, e com a "stamina" que ainda têm, parece ser o candidato para ser o primeiro "cinquentão" a triunfar numa prova do WRC. Digo isto porque a Sebastien Ogier, ainda irá demorar uma boa década para lá chegar...

Mas por trás de um feito, há sempre uma estória. Em 1990, a Toyota apostava, por fim, em temporadas inteiras, porque a TTE, Toyota Team Europe, sediada em Colónia, na Alemanha e liderada por Ove Andersson, tinha por fim uma máquina capaz de enfrentar de frente os todo-poderosos Lancia Delta. E nesse ano tinha como pilotos o espanhol Carlos Sainz, o sueco Micael Eriksson e o alemão Armin Schwartz. Antes disso, apostavam sempre nos ralis africanos, onde as máquinas eram bem resistentes, e com toda a gente a fazer temporadas parciais, e Waldegaard, que corria na Toyota desde 1981, chegou a ganhar os dois ralis africanos na temporada de 1986 (Quénia e Costa do Marfim), o suficiente para ser quarto no campeonato!

Para esse rali queniano, agora a única prova africana do calendário, e sempre durissima, a marca japonesa tinha inscrito Sainz, Ericsson e Waldegaard, este último pela representação oficial daquele país africano. Do lado da Lancia, tinha Juha Kankkunen, Miki Biasion e Alex Fiorio, e todos esperavam uma batalha, mas que os carros italianos seriam os favoritos. 

E aqui, uma equipa nova, a Subaru, iria estrear os seus carros novos, o modelo Legacy, com Markku Alen a liderar a equipa, ao lado do neozelandês "Possum" Bourne e de uma legião de locais, liderados por Mike Kirkland, Ian Duncan e Patrick Nijiru

Não iria ser um rali fácil. Tinha chovido no mês anterior e as estradas estavam lamacentas, dificultando a tarefa. Mas querendo impressionar, Alen ignorou as estradas lamacentas e triunfou na super especial de abertura, em Nairobi.

Na estrada, Alen deu o que tinha de dar até que o motor sobreaqueceu e morreu, caindo a liderança nas mãos de Waldegaard. Atrás, os Lancia adotavam uma toada cautelosa, esperando que a liderança caísse ao colo, mas o veterano sueco aguentava, apesar de se queixar da água que existia nos caminhos. 

A partir do segundo dia, foi um duelo Toyota-Lancia. Se Waldegaard mantinha a liderança., Fiorio perdia o segundo posto para os Toyota, com Kankkunen e Biasion a terem um ritmo mais calmo, para levarem o carro até ao fim. Biasion aproveita bem os problemas dos outros para chegar a segundo a meio da segunda etapa, enquanto Kankkunen cai para quinto. Mas a dureza do rali fazia-se sentir: por esta altura, 18 carros estavam em condições de circular. E ainda faltava um bocado até à meta...

No inicio do último dia, outro golpe de teatro: Fiorio e Bision retiravam-se, a a Lancia limitava-se a Kankkunen, que não conseguia alcançar Waldegaard. Sainz era segundo, na frente de "KKK", mas acaba por ter problemas causa do motor, e cede o lugar no pódio a Ericsson. Acabará em quarto, numa prova onde apenas dez pilotos chegarão ao fim, de tão duro que era. 

No final, é um pódio nórdico, com dois suecos e um finlandês, e para o veterano, campeão do mundo de 1979, a amostra que os velhos são os trapos, a a Toyota tinha uma máquina capaz de desafiar os Lancia. E era isso que iria acontecer no final do ano, quando Carlos Sainz tornou-se campeão, com 140 pontos, mais 45 que o vice, o francês Didier Auriol

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