quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A imagem do dia


Pela primeira vez desde 1995, o S de Senna não está nos bicos o Williams. Muitas pessoas ficaram impressionadas com esta decisão, especialmente no Brasil, mas Jost Capito justificou esta decisão da seguinte forma:

"Penso que temos de olhar para o futuro e não mostrar aos pilotos o “S” cada vez que entram no carro e serem recordados do que aconteceu. Penso que é altura de a equipa seguir em frente e honrar o Senna dedicando-lhe um espaço no museu para o homenagear.

Percebe-se que a Williams queira seguir em frente com um evento que foi traumático na sua história. E poderiam fazer algo do qual a McLaren tem há algum tempo, com a estátua que tem em Woking, ao lado da do seu fundador, Bruce McLaren. Mas também há uma outra razão pelo qual isto aconteceu: a equipa mudou de mãos, e depois, este é o primeiro chassis pós-Frank, que morreu no final de novembro, aos 78 anos. E creio que ninguém queria tirar isso enquanto fosse vivo.

Quem viu a história de Frank Williams, naquele documentário de 2018, sabe que ele foi alguém persistente que lutou para chegar ao topo. E que teve dois momentos traumáticos, dos quais nunca esqueceu: os acidentes mortais de Piers Courage, em 1970, em Zandvoort, e o Senna, 24 anos depois, em Imola. E ainda por cima, no caso do brasileiro, foi ele que lhe deu o seu primeiro teste e sempre o quis na sua equipa, quando desse um chassis digno desse nome. Só que entre 1991 e 1993, outros ficaram na frente dele, como Nigel Mansell e Alain Prost, e quando foi a altura, precisamente aconteceu na alteração dos regulamentos, com prejuízo da equipa, que dominava o campeonato.

Seguir em frente, apesar da justificação ser um pouco atabalhoada, é algo do qual tem de se tirar o chapéu, mas isso tem de ser compensado. Eles dizem que sim, mas num mundo onde há gente que recorda todos os dias os ídolos caídos, e os quer ver todos os dias em toda a parte, tentando crescer o mito em detrimento do ser humano, causa mais anticorpos e não ajuda ao objetivo. Logo, enquanto a equipa não criar esse espaço no museu e esse lugar não foi tão grandioso como em Woking, por exemplo, nunca ficará satisfeito. Mas também, alguma vez ficarão?

E existe outra coisa que é preciso afirmar. O nome "Senna" já é grande por si mesmo. E volto à McLaren, lugar onde ele correu de 1988 e 1993, e lá conseguiu os seus três títulos mundiais. Hoje em dia, há um modelo de estrada com o seu nome, que conseguiu graças a um acordo com a fundação que é gerida pela sua irmã. O nome, só por si, rende milhões, em tudo que é "merchandising". E com a procura nunca diminuir porque há uma nova geração que se rendeu aos seus feitos, apesar de nunca o ter visto correr ao vivo - ao contrário de este que vos escreve - manter um simbolo pequeno, colocado na zona do bico, do qual se quisessem ver, quase tinha de ser com uma lupa... é evidente que com estas mudanças na equipa, esta homenagem teria de mudar. Com o tio Frank morto e a equipa a mudar de mãos, era inevitável.

De qualquer forma, o que a Williams precisa de fazer, sobretudo, é de melhorar os seus resultados, e espera-se que o FW44 dê seguimento ao que foi feito na temporada que passou.

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