domingo, 27 de março de 2022

O mundo os apanhou


A poucas horas do Grande Prémio saudita, surgiram algumas coisas sobre a reunião da madrugada deste sábado, no qual os pilotos ficaram fechados por quatro horas, decidindo sobre o destino do final de semana, e mostrou que eles estavam mesmo divididos sobre o assunto. Segundo o jornal italiano Gazzetta dello Sport, cinco pilotos não queriam correr, entre eles os pilotos da Mercedes, Lewis Hamilton e George Russell; Fernando Alonso, da Alpine; Pierre Gasly, da Alpha Tauri, e Lance Stroll, da Aston Martin. 

No final da reunião, os pilotos assinaram um documento assegurando a continuidade do evento, a confiando na boa fé de Stefano Domenicalli, o diretor da Formula 1.

Foi bom, estarmos todos unidos – primeiro entre todos os pilotos e depois juntamente com a Fórmula 1”, começou por dizer Russell, que é também o presidente da GPDA, a Grand Prix Drivers Association. “Em última análise, confiamos no Stefano, na Fórmula 1 como um todo, e não estaríamos aqui se não fosse o correto. Penso que é a decisão certa. Não tenho todas as respostas, não sou um especialista em política ou defesa militar. Por isso, é preciso confiar nas pessoas à minha volta. Os organizadores não estariam aqui se não fosse seguro, a família real não estaria aqui se não fosse seguro. Isso dá-nos confiança, pois eles estão aqui. Eu confio na Fórmula 1 e no Stefano”.

Contudo, Valtteri Bottas confirmou que o boicote esteve em cima da mesa. Apesar de não falarem muito sobre o assunto, confirmou que a ideia esteve em cima da mesa. 

Estávamos todos preocupados se era seguro para todos nós estarmos aqui e tivemos explicações decentes sobre as coisas”, disse o piloto da Alfa Romeo. “Também passámos por todas as opções como, por exemplo, se não corrermos e o que isso poderia significar, pois a equipa ainda teria de ficar aqui uns dias a arrumar tudo e não seria fácil arranjar novos voos para chegar a casa. Já que estamos aqui a melhor opção foi correr. Eles aumentaram a segurança e todas as defesas, por isso penso que todos concordaram que mais vale fazer a corrida e esperar pelo melhor”.

Apesar das garantias - entretanto, as duas partes acordaram numa trégua de três dias na guerra - os pilotos correm contrariados e com receio do mundo à sua volta. Aliás, os pilotos querem voltar a falar sobre esta corrida após o final, provavelmente em terras australianas, sobre se valerá a pena ir lá para um país com uma abordagem questionável em termos de direitos humanos e se querem continuar a correr o risco de se envolverem numa guerra do qual não lhes diz respeito. Para não falar do circuito, muito rápido, mas com curvas cegas...

De uma certa maneira, parece que o mundo os apanhou.

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