Nigel Mansell triunfava neste dia, há 30 anos, em Interlagos, palco do GP do Brasil, ainda por cima, no mesmo lugar onde Ayrton Senna teve a sua vitória épica, a tal da sexta marcha. Mas o mais interessante foram os bastidores, onde personagens bem interessantes andaram pelo paddock e... disseram coisas marcantes.
Um deles foi o comediante Bussunda, um dos participantes da série "Casseta e Planeta", fez a famosa pergunta a Ayrton Senna:
- Alguma das suas namoradas já disse "Acelera, Ayrton"?
- Já.
Mas também houve quem foi lá para "xingar", ou "zoar", se quiserem. Bem mais forte que a comédia dita "normal". João Gordo, vocalista do grupo punk "Ratos do Porão" foi a Interlagos a convite do jornal "Noticias Populares", um periódico para lá de sensacionalista. E lá, ele foi atrás da noticia, trazendo coisas... fora do vulgar.
Esta descobri no grupo F1 Lado B, graças ao Lucas Carioli, a quem dou o devido crédito.
Aqui está:
"Nessa época, o Notícias Populares me chamou para fazer a cobertura da Fórmula 1. Foi uma zoeira do cacete. Eu estava andando pelo paddock, do lado dos carros, atraindo mais atenção que os pilotos. O pessoal da arquibancada ficava me xingando e eu mandando todo mundo tomar no cu, foi divertido demais. Lembro que um fã gritou: 'ô piloto de provas da Sadia!' e eu quase caí no chão de tanto rir."
"Essa cobertura da F1 foi demais. Foi ali que percebi que tinha jeito para comunicação, para fazer entrevistas. Lembro que tentei uma entrevista com o Senna, mas ele foi o maior babaca e me ignorou, nem olhou na minha cara. 'Ah é, seu viadinho?', falei. 'Então vou torcer pro Mansell, seu playboy cuzão'. E passei a semana toda enchendo a bola do Mansell, que foi o maior gente fina e deu uma entrevista exclusiva. Eu o chamava de 'Cornell Mansell'. O papo começou assim: 'E ai, Cornell Mansell, como está?' e o cara riu pra cacete. Minha mandinga contra o Senna deu certo: ele saiu da prova com problemas de motor e o Mansell venceu. Bem feito."
"Passei a semana toda indo ao autódromo as sete da manhã, virado do Retrô e travado de pó. Fiz tanta merda que no último dia a FIA cassou a minha credencial. Naquela época, cada jornal estrangeiro tinha um telefone exclusivo na sala de imprensa. Eu aproveitava quando não tinha ninguém para telefonar para meus amigos na Europa e Estados Unidos. Os pilotos ficavam putos com as matérias que a gente fazia. Tinha um piloto que era um galazinho, filho daquele ator Jean-Paul Belmondo e eu fiz uma foto servindo churrasco para ele nos boxes. Olha a legenda que o NP botou: "Gordo soca a picanha na boca do galã.'"
"Naquela temporada tinha uma pilota, uma italiana chamada Giovanna Amati, da Brabham. Ela vinha de uma família ricaça e tinha uma história terrível - ela tinha sido sequestrada na Itália e tinha se envolvido com um dos sequestradores. Descobrimos, nos boxes, um playboy de Ribeirão Preto que disse que tava pegando a Giovanna. O cara era tão filho da puta que revelou que iria buscá-la no hotel naquela mesma noite. Deixamos um fotógrafo de butuca e ele flagrou os dois saindo juntos do hotel. O playboy fez um texto pro NP contando a 'noite de amor' deles, assinando como 'Ricardão da Giovanna - Especial para o NP'. Ela ficou nos últimos três lugares nos treinos e não se classificou para a prova. A Brabham despediu a mulher."
Para terem uma ideia, dois anos depois, o Noticias Populares repetiu a graça, com o José Mojica Marins, o "zé do Caixão", onde esteve um dia na boxe da Simtek e "abençoou" o carro de Roland Ratzenberger. Deu no que deu... e não falo da não-qualificação na corrida brasileira.
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