terça-feira, 10 de maio de 2022

A imagem do dia


Há 55 anos, a Ferrari sofria por mais um piloto morto em acidente. E ainda por cima, era um deles. No domingo, enquanto o mundo assistia ao GP de Miami, e muitos homenageavam Gilles Villeneuve, outro piloto Ferrari que pagara o preço mais alto, observei fotografias de Margerita Bandini a visitar a campa do seu marido, em Milão, cheio de modelos de carros e fotografias dele. Após estes 55 anos de distância, a memória de Lorenzo Bandini continua presente.

Aquele ano de 1967 até corria bem para ele. Já era primeiro piloto na sua equipa de Formula 1, depois de John Surtees ter saído a meio da temporada anterior, e a seu lado estava outros pilotos como Mike Parkes e Chris Amon. Tinha triunfado nas 24 Horas de Daytona, ao lado de Amon, e tinha conseguido um segundo posto na Race of Champions, atrás do triunfador, o Eagle de Dan Gurney. Havia esperanças de ser a ponta de lança da Scuderia contra os Ford, que tinham ganho no ano anterior, com o GT40, ele, que tinha triunfado em 1963, ao lado de Ludovico Scarfiotti

A Ferrari não participou em Kyalami, e apareceram em Monte Carlo, com Amon. E nesse tempo, era uma corrida extenuante: 100 voltas, dezenas de passagens de caixa por volta, sempre manuais, nada dos semiautomáticos que existem agora. 

Apesar de Mónaco ser pequeno, o grande problema é que naquelas três horas, os pilotos cansavam depressa. E à medida que perdiam a frescura, a concentração era mais complicada de se manter. Ao longo da corrida, Bandini andava atrás do Brabham de Dennis Hulme e já não o conseguia alcançar. 

O acidente, mais do que ter acontecido por causa de uma distração, e ter feito arder os fardos de palha, porque o depósito de combustível se ter rompido, foi agravado quando um dos helicópteros da transmissão televisiva se ter aproximado para filmar o carro a arder, dificultando o socorro. E curiosamente, um dos que o socorreu foi Giancarlo Baghetti, que estava ali como espectador, ele que já corria ocasionalmente - mais tarde, nos anos 70 e 80, aparecia na televisão como testador dos carros da Fiat, Alfa Romeo e Lancia, entre outros. 

Contudo, Bandini ficara preso por baixo do carro, e a gasolina caiu sobre o seu corpo. Resultado, ele ficou com mais de metade do corpo queimado e agoniou por três dias antes de sucumbir aos ferimentos. Foi por causa disso que a partir do ano seguinte que o número de voltas ao Mónaco se reduziu para 80 - depois caiu para os 78 atuais - e os fardos de palha saíram de cena para dar lugar a mais guard-rails. Mas a falta de um italiano na Scuderia se manteve até aos dias de hoje, porque gente como Arturo Merzário, Michele Alboreto, Ivan Capelli e Luca Badoer, não fizeram esquecer a memória de Bandini, um dos últimos italianos vencedores na Scuderia.  

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