segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A imagem do dia (II)


Há 40 anos, em Zeltweg, a Formula 1 celebrava o regresso da Lotus às vitórias, quatro anos depois de Mário Andretti ter alcançado o primeiro lugar em Zandvoort, na frente de Ronnie Peterson. Mas para conseguir, Elio de Angelis teve de aguentar o assédio final de Keke Rosberg, que também procurava a sua primeira vitória na categoria máxima do automobilismo, a bordo do seu Williams. E claro, não sabíamos, mas estávamos a ver pela última vez Colin Chapman a comemorar, atirando o seu chapéu pelo ar. 

Ainda por cima, Chapman também comemorava porque saberia que, em breve, teria um motor Turbo no seu carro, pois tinha feito um acordo com a Renault para fornecer motores a partir de 1983.

Mas o que por fim aconteceu em Zeltweg foi que, pela primeira vez, assistimos ao primeiro reabastecimento moderno. Foi com Nelson Piquet, mas com Ricciardo Patrese, a bordo do seu Brabham-BMW Turbo, e que se provou que o princípio funcionava plenamente. E claro, mais uma ideia genial tirada da cartola de Gordon Murray e incentivada por Bernie Ecclestone.

Os Brabham assaltaram a concorrência na qualificação, monopolizando a primeira fila da grelha, com Piquet na frente de Patrese, e parecia que, se o motor se portasse bem, teriam tudo a seu favor, mas tinham de fazer provar a aposta do reabastecimento. Desde que a Formula 1 tinha chegado à Europa que todos sabiam da intenção da equipa fazer esse reabastecimento, visto pelo menos em Brands Hatch, Paul Ricard e Hockenheim, mas o motor ou outras coisas, não colaboravam com os planos. Para terem uma ideia, em França, o motor de Patrese explodiu na volta oito, enquanto Piquet ficou sem motor na 23, quando todos esperavam pela sua chegada às boxes. E na Alemanha, Patrese ficou sem motor na volta 13.

Na corrida, Piquet liderou, mas Patrese foi para o comando na volta seguinte, e na volta 22, o brasileiro parou nas boxes para o reabastecimento. Regressou à pista no quinto posto, atrás de Prost, De Angelis e Rosberg, mas três voltas depois, foi a vez de Patrese parar e fazer a sua parte. A sua liderança era tal que ele regressou ainda no comando.

Parecia que ia ficar tudo bem para o italiano, mas na volta 28, no miolo da pista, o Brabham de repente se despistou e acabou na berma da pista, quase apanhando um fotógrafo que estava fora do seu lugar. No final, foi algo na caixa de velocidades que o fez trancar o eixo traseiro e acabando o que poderia ter sido uma grande corrida para o piloto italiano. 

Mas por fim, o princípio do reabastecimento tiha sido provado. E no ano seguinte, o pelotão da Formula 1 iria explorá-lo em toda a sua força. 

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