terça-feira, 16 de agosto de 2022

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Há precisamente 30 anos, Nigel Mansell atingiu aquilo que tinha sonhado por doze anos, quase desde a sua chegada à Lotus, a meio de 1980. Em terras húngaras, nem precisou de triunfar para conseguir os pontos suficientes para ser campeão do mundo a bordo de uma grande máquina que era o FW14. Deixou a vitória para as mãos de Ayrton Senna, e o segundo lugar serviu para os ingleses fazerem a festa. E como faltavam cinco corridas para o final da temporada, foi um recorde: nunca um título tinha sido comemorado tão cedo na temporada, nem mesmo nos anos 50, quando houve os domínios de Alberto Ascari, na sua Ferrari, e Juan Manuel Fangio, no seu Mercedes, ou nos anos 60, quando Jim Clark dominava as pistas com o seu Lotus, ou Jack Brabham tinha tudo controlado, guiando as suas próprias máquinas. 

Como sabem, foi Niki Lauda que afirmou se aprenderem mais com as derrotas do que com as vitórias. Tem razão: quando se ganha, o que se quer é festejar e descontrair. Quando lutas pelo título e perdes, analisas onde falhaste e tentas colmatar esses defeitos para melhorares o produto e na próxima temporada, esperas que tudo esteja bom e consigas superar os teus adversários. Foi o que fez a Williams e Adrian Newey, quando sabiam que tinham uma grande máquina e um excelente motor, no início de 1991, mas apareceu tarde demais para apanhar o avanço que Ayrton Senna tinha dado com o seu McLaren MP4/6. E logo em 1992, trataram de colmatar esses defeitos. Máquina perfeita, cinco vitórias seguidas do "brutânico" e o resto foi gerir o avanço até garantir que a matemática batesse certo. Foi na primeira chance, em Budapeste.

E Mansell, 39 anos completados uns dias antes, estava feliz. Era lutador e capaz do melhor em pista, mas puxava demasiado pelo carro ao ponto de este ficar destruído nas suas mãos. E perdeu dois títulos mundiais por causa de acidentes, embora, reconheça-se, que não foram causados por excessos seus. Foi uma luta enorme, do qual não desistiu. Contra adversários mais superiores que ele, contra céticos que não acreditavam nas suas capacidades, contra o seu próprio corpo - o desmaio de Dallas, em 1984, entrou na lenda - e ele, que demorou cinco anos para conseguir a sua primeira vitória, quando teve o carro que queria, explorou as suas capacidades de piloto veloz e capaz de grandes feitos, daqueles que faziam levantar estádios. E ele, triunfador por quatro vezes em terras britânicas, foi recompensado pelo público que o adorava. 

Era o título que merecia. Ele só queria um, e conseguiu-o. E depois disso, noutros lados, mostrou que tinha a capacidade de se adaptar e vencer. Um verdadeiro Leão.

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