Dia de corrida, e muitos olharam para Singapura como o local do primeiro "match point" do campeonato, ou seja, todos esperavam que Max Verstappen não tivesse um bom dia para terem uma chance de lutar pelo título noutras pistas, a partir de Suzuka, no Japão, por exemplo. O oitavo posto na grelha na qualificação de ontem pode ter sido uma centelha de esperança para eles, especialmente a Ferrari, e muitos tinham dito que esta é uma pista favorável aos carros de Maranello.
Mas também disseram que não há muitos mais sítios onde os carros da Ferrari podem ser melhores que os da Red Bull... ou seja, por muito que se torçam contra os energéticos, até os mais entusiastas admitem que Max já tem o título - ou o bicampeonato - na mão.
Antes da partida, o estado da pista fez com que todos largaram de intermédios. A pista não estava para brincadeiras. E foi o suficiente para que a corrida se atrasasse em dez minutos em relação à hora da largada.
A partida começou com Pérez a passar Leclerc e Sainz Jr, e ficar com a liderança. Max não largou bem, sendo conservador e caiu quatro posições, enquanto em simultâneo, o Aston Martin de Sebastian Vettel subiu de 13º para oitavo. Muitos dos pilotos queixavam-se de não ter aderência na pista.
Na volta 4, Pérez e Leclerc afastavam-se de Sainz Jr, pois ambos já tinham cinco segundos sobre o segundo piloto da Ferrari. Hamilton tentava aproximar-se do piloto espanhol, mas era complicado. E na volta 8, o Safety Car entraba na pista porque Zhou Guanyu tinha sido espremido contra a parede graças ao Williams de Nicholas Latifi. Mas se existiu alguém xangado com a manobra do canadiano, então, a sua retirada foi uma espécie de "justiça divina."
Não demorou muito até o regresso do Safety Car para as boxes, numa altura em que a pista começava a secar e os pilotos "caçavam" poças de água para arrefecer os pneus, tentando aguentar o mais que podiam na pista. E claro, havia já quem olhava para o relógio e temesse que eles não iriam acabar nas duas horas indicadas, com ou sem atrasos.
E isso tudo só piorava quando o motor do carro de Fernando Alonso se apagou na volta 22, no setor 2, numa altura em que o piloto da Alpine era sexto. Mais uma altura do Safety Car, agora de forma virtual, para colocar o carro num lugar seguro. Foi a melhor altura para o George Russell calçar pneus slicks para tentar ver se consegue subir algumas posições, ele que estava encalhado lá no fundo do pelotão. Quando regressou, sentenciou: "não tenho aderência."
A corrida não parecia ter história, aparte as vezes em que os pilotos batiam no muro, como aconteceu com Alex Albon na volta 26, largando peças na pista. O suficiente para novo Safety Car virtual, e quando o tailandês chegou às boxes, foi o suficiente para abandonar, sendo a terceira retirada da corrida. Duas voltas depois, foi a vez de Esteban Ocon também parar de forma definitiva. A Alpine desaparece da pista neste domingo, e parece que será uma sorte se a corrida chegar à volta 50... apesar de a bandeira verde ter sido mostrada na volta 30.
Mas isso não impediu os acidentes. Como o de Hamilton, que não tendo aderência na travagem quando se aproximava de Sainx Jr, bateu no muro de proteção e danificou a asa, indo para as boxes. E pouco depois, na volta 36, o Alpha Tauri de Yuki Tsunoda estava no muro, sem poder sair. Altura dos pilotos da frente trocarem de pneus, colocando médios, para ver se conseguiam ir até ao limite de tempo sem mais paragens.
Quando por fim recomeçou... mais sarilhos. Max queria passar Norris para ficar com o quarto posto, mas ele passou reto. A sua sorte é que não bateu em nada, mas caiu para oitavo e tinha os pneus "quadrados". Meteu moles, caiu para último, numa altura em que Russell tinha um furo e arrastava-se para as boxes.
Por esta altura, toda a gente já sabia que não haveria corrida nas 61 voltas previstas e meteram o cronómetro, como costuma ser nas corridas da Formula E e de outras categorias ditas "menores" por algumas pessoas... nesta altura, Leclerc começava a aproximar-se de Pérez, que se queixava de problemas no seu carro, mas as coisas ainda eram favoráveis ao mexicano, ao ponto de fazer a volta mais rápida. E com os carros a completarem a volta 45, os pilotos iriam receber todos os pontos. Melhor que nada.
Para piorar as coisas, havia a chance do mexicano ter, alegadamente, infringido regras do Safety Car, e a chance de ele poder ser penalizado em cinco segundos, entregando uma possível vitória a Leclerc. Assim sendo, acelerou fortemente para se afastar dele, porque tinha carro para isso, e quando faltava pouco mais de um minuto para tal, o mexicano lá chegou e ultrapassou esse limite.
Foi mesmo a tempo: a corrida acabou na volta 59 das 61 previstas, e ainda antes de acabar, tivemos Hamilton a errar sob pressão de Max, quando lutavam... pelo oitavo posto. Ele ainda teve tempo para passar Vettel e ser sétimo, a sua posição final.
Na bandeira de xadrez, depois de duas horas de "tortura", ganhou "o Red Bull errado" - mesmo assim parabéns ao Sergio Pérez - e a decisão do título foi para Suzuka, ainda por cima, com o monegasco a ganhar mais alguns pontos no campeonato. Para a Ferrari, o primeiro "match point" foi salvo, mas não foi por mérito próprio.
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