terça-feira, 11 de outubro de 2022

Os recordes das vendas dos elétricos


Sabiam que em setembro, 50 por cento dos carros novos vendidos em Portugal foram elétricos? Para ser mais preciso, 50,31 por cento. Não é a Noruega, onde já chegam perto dos cem por cento, mas para lá se caminha. Em setembro de 2022 foram vendidos 2307 carros na categoria BEV – Battery Electric Vehicle, ou Veículos de Bateria Elétrica, e 1524 veículos híbridos ditos plug-in (PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle), num total de 3831. 

Segundo conta o site da UVE - https://www.uve.pt/ - em setembro alcançou-se um novo recorde de venda deste tipo de veículos. A isso não é alheio as preocupações ambientais, aliadas ao preço da gasolina e do gasóleo nas bombas de combustível - que esta semana sofreram um novo aumento, 11 cêntimos só na gasolina - que faz com que se acelere a transição energética, pelo menos no campo dos automóveis. 

"A três meses do final do ano, o país prepara-se para assinalar mais um recorde anual nas vendas, uma vez que – mantendo este ritmo –, seguramente será ultrapassada a fasquia dos 30.000 mil VE vendidos (relembrando que o mercado dos veículos elétricos usados importados também regista grandes valores de vendas).", lê-se no artigo.

Claro, se formos a ver o parque automóvel português, a quota continua a ser pequena: 10,7 por cento de carros a circular. Mas quero afirmar que a média de vida destes carros é superior a 15 anos, ou seja, há muitos carros que poluem imenso, são pouco eficientes e não há a capacidade dessas pessoas de trocarem por alterativas mais limpas e mais baratas na carteira. Quem tem um automóvel com mais de 20 anos, por exemplo, é pobre e não tem capacidade de aquisição. Estão numa armadilha do qual é de saída muito difícil. E os incentivos para o abate desses carros poluentes e a troca por alternativas elétricas não existem.     


Há uns quatro anos, contava em média quatro ou cinco carros elétricos por dia a circular nas estradas da minha cidade, que é mediana - cerca de 50 mil habitantes. Lembro-me bem do dia em que olhei, espantado, o meu primeiro Tesla, um Model S cinzento-escuro. Agora, desisti de contar os carros elétricos, porque, lentamente, mas inexoravelmente, são cada vez mais a circularem nas nossas ruas e estradas. E mais marcas aderem à eletricidade nesses carros, e o preço destes carros, novos, são cada vez mais acessíveis. O Dacia Spring é o mais barato, com preços que partem dos 19.600 euros. 

Quer queiram, quer não, estão aqui para ficar. E claro, há metas: em 2035, todos os carros novos na União Europeia terão de ser elétricos. Aos relutantes, tem duas opções, ou adaptam-se, ou morrem. 

Como no videocast que coloquei ontem por estas bandas, nem sequer há alternativas no campo do hidrogénio, porque para além de ser caro de produzir esse "hidrogénio verde", há o risco de ser ainda mais poluidor que a energia fóssil, especialmente na parte do metano, que é bem mais perigoso do que se julga. Ou seja, "mais do que trocar seis por meia dúzia", o perigo poderá ser maior. Neste campo, o que acho mais promissor é a capacidade de os carros produzirem a sua própria energia, ou seja, deixá-lo ao sol e carregar as baterias por ele próprio. Uma "nanonização" dos painéis solares, no sentido de captar o máximo possível, armazenar nas baterias, evitando assim gastar dinheiro nos carregamentos nos postos que estão a aparecer cada vez mais nas nossas cidades, das diversas marcas. 

Atenção: o facto que não ser fã do hidrogénio é apenas nos automóveis. Noutros meios de transporte, como barcos, comboios ou autocarros, creio que é uma tecnologia que deve ser experimentada e incentivada na transição energética. Um navio de cruzeiro polui muito mais que alguns milhares de automóveis, e se a União Europeia afirma que há uma redução da poluição nas nossas estradas em cerca de 15 por cento - sinal de que isto resulta - colocar versões não poluentes ajudaria imenso na redução da poluição atmosférica e poderíamos combater melhor as alterações climáticas, e claro, deixaríamos de, definitivamente, estar dependentes de petromonarquias do Golfo Pérsico e autocracias que nos ameaçam deixar-nos tremer de frio no inverno se interferirmos nos seus planos expansionistas.


Estamos em transição, dê por onde der. Aliás, toda esta discussão só mostra que, no início da terceira década do século XXI, ainda há gente que julga estar na sexta, sétima ou oitava década do século anterior, e acha que foi ali que o mundo começou.          

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