quinta-feira, 17 de novembro de 2022

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Esta é a última semana de Sebastian Vettel na Formula 1. Durou 300 Grandes Prémios, entre 2007 e 2022, pela BMW Sauber, Toro Rosso, Red Bull, Ferrari e Aston Martin. Conseguiu quatro títulos mundiais e conseguiu o feito de ter dado a primeira vitória em duas equipas: Toro Rosso e Red Bull. E foi primeiro na equipa satélite que na principal!

Sempre admirei-o, não só pelo excelente piloto que nunca deixou de ser, como também pelo ser humano que era. Nos seus tempos de Toro Rosso, tinha sempre bom humor, era bem-disposto, não virava a cara à luta, sabia que estava na sua cadeira de sonho. Defendi-o, nos tempos de auge na Red Bull, nos seus quatro títulos mundiais, dos ataques de muitos que estavam a defender o piloto errado, especialmente os que eram "alonsistas", especialmente quando Fernando Alonso disse, na qualificação para o GP da India de 2012, que os seus feitos tinham a ver com o carro, e não com o piloto. 

O tempo demonstrou que é treta. E tinha mais coisas que sustentavam a tese do lado contrário. O melhor exemplo é a sua vitória no GP de Itália de 2008, numa Monza sobre chuva, depois de uma pole-position, ridicularizando o pelotão e fazendo uma corrida sem erros. Aliás, a sua performance lembrou imenso Ayrton Senna no GP de Portugal de 1985, do qual muitos mandam "loas" de louvor...

Mas para lá chegar, ele cometeu erros. E é sobre isso que quero falar hoje. 

O GP do Japão de 2007 foi um dos memoráveis na história da Formula 1. Foi em Fuji, num regresso que acontecia 30 anos depois da última ocasião, e como em 1976, decorreu sempre debaixo de chuva. O Safety Car andou na frente deles nas primeiras 19 voltas, e quando saiu do caminho, os McLaren, que estavam na frente, tiveram logo atrás de si o Red Bull de Mark Webber e o Toro Rosso de Vettel, então na sua quinta corrida pela marca. E o alemão mostrou logo a sua condução debaixo de chuva, ao ser terceiro, com o australiano logo atrás.

As coisas andaram bem até à volta 45, quando Fernando Alonso se despistou, causando nova entrada do Safety Car. Os Red Bull iam muito bem: Webber em segundo, a melhor posição até então. E claro, no Toro Rosso, ainda melhor: Seb era terceiro. Um pódio para ambas as marcas era bem possível.

Mas correr à chuva tem as suas armadilhas, e a inexperiência do alemão levou a melhor. Na volta seguinte, Vettel travou tarde demais e entrou na traseira de Webber, causando a desistência imediata do australiano, que poderia estar a caminho de uma possível primeira vitória, ou um pódio numa posição intermédia. E claro, um inédito pódio para a Toro Rosso. Compreensivelmente, o australiano ficou zangado, e o alemão, frustrado, deixando o carro quase em lágrimas. 

Mas depois mostrou-se que o acidente tinha sido causado por uma travagem brusca de Lewis Hamilton, que assustou Webber, e Vettel não teve reflexos suficientemente rápidos para evitar o acidente. Suficiente para arrancar uma roda ao carro de Webber. E começar uma relação tensa com o alemão, que durou até se ir embora da Formula 1. 

Pelo meio, Vettel tinha batido um recorde: tinha sido o mais jovem piloto de sempre a liderar uma corrida, aos 20 anos e 89 dias. E quanto às frustrações do alemão, foram compensadas na corrida seguinte, em Xangai, onde ele chegou ao fim num digno quarto posto, dado à marca os primeiros pontos do ano, e na frente do seu outro piloto, Vitantonio Liuzzi, que fora sexto.

Apesar de tudo, dos erros à chuva, era uma amostra do potencial do alemão. Todos já sabiam que seria um vencedor.

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