domingo, 15 de janeiro de 2023

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Stefan Johansson a caminho do seu melhor resultado ao serviço da Spirit, no GP dos Paises Baixos de 1983. O piloto sueco largou da 16ª posição da grelha, para acabar no sétimo lugar, à beira dos pontos, guiando o carro com motor Honda Turbo. 

A história da Spirit é a de muitas que apareceram nos anos 80, começando por baixo com o objetivo de chegar à Formula 1 e conseguir resultados que permitiram ficar por mais tempo. Equipas como a Toleman, Onyx, Jordan ou a própria Spirit seguiram esse caminho o longo dessa década, com resultados variados, mas com gente sólida em termos técnicos e mecânicos.

Fundado em 1981 por Gordon Coppuck, o homem que desenhou o McLaren M23, e John Wickham, ambos estavam na March quando deram este passo. A ideia era de chegar à Formula 1, mas começaram primeiro pela Formula 2, criando chassis próprios para os seus pilotos na temporada de 1982, Johansson e o belga Thierry Boutsen. O carro, Spirit 101, foi desenhado por Coppuck e John Baldwin, e estreou-se numa temporada onde acabou com três vitórias da parte do belga, e o terceiro lugar na geral, batido apenas pelo italiano Corrado Fabi e pelo venezuelano Johnny Ceccoto.

Em 1983, decidem dar o passo seguinte, ainda por cima com a ajuda da Honda, que decidira regressar à Formula 1, 15 anos depois da última ocasião. No tempo em que se efetuava a transição para os motores Turbo, ter o peso da marca japonesa era excelente, mas eles queriam fazer tudo de forma muito discreta. A estreia do carro, o mesmo da Formula 2, mas modificado fortemente para acolher esse motor, foi em Silverstone, onde partiu de 14º, e acabou na quinta volta, com problemas na injeção de combustível.

Apesar dos resultados discretos, eles esperavam melhorar, mas a Honda estava preocupada com a falta de progresso. Ao mesmo tempo, a Williams procurava um motor Turbo, e eles eram os ideais. A sede ficou tentada e assinou um contrato com Frank Williams para os fornecer a partir da temporada de 1984, de forma exclusiva, para desgosto da própria Spirit, que tinha esperanças com este motor.

Ficaram com os Hart Turbo, e fora, buscar o italiano Mauro Baldi, vindo da Alfa Romeo, depois de tentativas goradas com o brasileiro Emerson Fittipaldi e o italiano Fluvio Ballabio. A meio da temporada foram buscar o neerlandês Huub Rothengatter, a conseguiram como melhor resultado quatro oitavos lugares, sempre fora dos pontos. 

Para 1985, o chassis 101 tinha sido ainda modificado, adaptado às especificações da temporada, e com Baldi como piloto. Contudo, depois da corrida de Imola, Wickham decidiu vender o seu contrato de pneus da Pirelli para a Toleman e fechou as portas de forma definitiva, depois de 25 corridas e nenhum ponto.

Mas a carreira de Wickham, o co-fundador da Spirit, que morreu na sexta-feira aos 73 anos, quatro anos depois de ter sido diagnosticado com uma doença do foro neurológico, foi muito além desta aventura. Começou em meados dos anos 70, na Surtees, antes de passar para a March, na Formula 2, onde deu ao suíço Marc Surer o título em 1979. Depois da Spirit, passou para a Endurance, trabalhando na TOM's, e no inicio de 1990, regressou à Formula 1, sendo o diretor desportivo da Footwork-Arrows e ficou até 1994. Depois, passou para a Audi UK, onde correu no BTCC britânico e deu a vitória a Frank Biela, com o seu Audi A4.

Depois, regressou a Le Mans, ajudando na Audi para os seus triunfos nas 24 Horas de Le Mans, e em 2003, a mesma coisa ao serviço da Bentley. Depois, foi contratado como o diretor da A1GP, a competição de países que durou até 2009. Passagens fugazes pela HRT e Lotus, em 2011, fechou a porta nessa competição, antes de regressar à Bentley, no projeto com Continental GT3, onde ficou até 2017, com muito sucesso. 

Uma carreira longa e variada, e muitas das pessoas que andaram a deixar tributos a ele nestes últimos dias falaram do excelente patrão e ser humano, do qual todos sentem a sua falta.  

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