E não era um equívoco: era mesmo um patrocinador, que não uma marca de pneus, de automóvel ou gasolineira. É que desde aquele dia, os carros deixavam de ser pintados com as cores nacionais, podendo pintar no que quiserem, abrindo caminho a carros patrocinados. Até ali, os carros tinham as cores nacionais: vermelho para os italianos, azuis para os franceses, brancos - ou cinzas - para os alemães, laranja para os neerlandeses, verde para os britânicos. Alguns colocavam faixas nos carros - a Lotus tinha uma faixa amarela, a Brabham uma dourada - e pouco mais.
Mas a queda desse regulamento mudou tudo, e o primeiro a utilizar foi uma marca de tabaco. E de um lugar pouco comum.
Nos anos 60, existiam campeonatos locais de Formula 1, e a mais conhecida era o sul-africano, a par da Tasman Series, onde os pilotos aproveitavam o verão no hemisfério sul, para correr em pistas australianas e neozelandesas. Mas se gente como Jim Clark, Jack Brabham, Bruce McLaren ou Chris Amon iam correr para lugares como Longford, Ardmore, Calder Park ou Pukehoke, nas paragens sul-africanas apareciam os locais como Basil van Rooyen, Dave Charlton ou Jackie Pretorious, acompanhados pelos rodesianos John Love e Sam Tingle. Poucos além dos locais corriam por lá, mesmo por uma ou duas corridas. Mas o panorama era ativo, e bem patrocinado. A Team Guston era a melhor.
Naquela corrida de 1968, Love e Tingle alinharam na corrida com chassis diferentes: o primeiro com um Brabham BT20, de 1966 e usado quer por Brabham, quer por Dennis Hulme, o segundo com um LDS, um chassis local. Partindo de 17º na grelha, Love acabou cinco voltas atrás do vencedor, no nono posto. Tingle, 22º e último, acabou na volta 35 com sobreaquecimento no seu motor Repco.
Esta primeira vez é tão discreta, tão localizada e tão pouco conhecida que muitos estão convencidos que o primeiro carro com patrocínios são os Lotus, com a Gold Leaf. Mas o acordo foi só assinado algumas semanas depois, com os carros a serem pintados na Austrália, quando competiam na Tasman Series. E um acordo bem generoso, para os padrões na altura. Mas isso fica para outra ocasião.
Contudo, independentemente de quem foi o primeiro, naquela ocasião, a Formula 1 tinha mudado para sempre.
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