sábado, 28 de janeiro de 2023

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Há meio século, em Buenos Aires, Emerson Fittipaldi fez aquilo que poderá ter sido a sua melhor corrida da sua carreira na Formula 1. Numa corrida emocionante, o piloto brasileiro conseguiu o impossível: uma corrida de ataque contra os seus rivais, e num asfalto abrasivo no qual tinha de fazer gerir os pneus até ao fim. 

No inicio de 1973, Fittipaldi aproveitava o seu título mundial, julgando ter o melhor chassis do pelotão. Mas no final da temporada passada, a Tyrrell tinha feito o modelo 006, e com ele, Jackie Stewart tinha conseguido vitórias nas duas últimas corridas do ano, as americanas. Logo, o escocês parecia que iria ter um carro capaz de chegar às vitórias, e quem sabe, títulos. 

Mas como no ano anterior, o poleman era inesperado: o BRM de Clay Regazzoni, ex-Ferrari, tinha superado os melhores carros e parecia ter a vantagem sobre a concorrência. 

A pista de Buenos Aires tem diversas versões. Ora pode ir muito rapidamente, grande, mas veloz, ora pode ser mais sinuoso e por causa disso, a corrida terá muitas voltas. E neste ano, foram 96 as passagens pela meta que os pilotos fariam, com tempos na casa dos 1.13 minutos. E o calor poderia prejudicar os pneus, numa corrida de quase duas horas. 

Regazzoni ficou com o comando durante as primeiras 28 voltas, antes que os pneus cedessem ao calor e ele foi superado pelo Tyrrell de Francois Cevért. Fittipaldi era quarto, e depois ficou em terceiro, à medida que o suíço perdia tempo com os seus pneus destruídos. Aliás, acabaria em sétimo, a três voltas do triunfador. 

Mais ou menos a meio, Fittipaldi tinha avaliado a situação. O seu carro era bem equilibrado, tinha conservado os pneus, e havia um ponto de passagem para apanhar o escocês, que estava na sua frente, que faria de tudo para que o seu companheiro de equipa triunfasse por ali. Ele partiu para o ataque, mas apesar dos bloqueios de Stewart, a 20 voltas do final, Fittipaldi levou a melhor. Os travões do carro do piloto escocês também não estavam em forma, e isso ajudou a esse desfecho.

Depois, foi ao ataque. O recorde da volta baixou seis vezes, e em 10 voltas, encostou-se à traseira de Cevért. Este fechava-o, impedindo de o tentar ultrapassar, no mesmo lugar onde tinha feito isso a Stewart. Mas a 10 voltas do fim, Fittipaldi forçou a barra: ou passava, ou ambos acabariam ali. Foi duro, mas leal, mas o brasileiro conseguiu ficar com a liderança. 

Atrás, também estava-se a fazer história. Desde o ano anterior que o irmão de Emerson Fittipaldi, Wilson Fittipaldi, na Brabham. Tinha pago o seu lugar na Formula 1, e sendo o mais velho, o seu palmarés era o mais pequeno. Ao longo de 1972, a sua temporada não tinha conseguido nada de relevante, contra Carlos Reutemann e Graham Hill, mas logo no inicio da nova temporada, as coisas correram bem para Wilsinho, o "Tigrão". 12º na grelha, as coisas correm bem para ele e acaba na sexta posição, e pela primeira ocasião na história da Formula 1, dois irmãos pontuavam numa corrida. 

Há meio século, em Buenos Aires, história estava a ser feita.   

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