quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

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Há 75 anos, nascia um dos talentos que nunca chegamos a conhecer. 

Bem vistas as coisas, toda esta carreira é a história da relação entre um jobem piloto muito talentoso, e alguém que notou esse talento e queria ir ao topo com ele. Serem campeões juntos. Um pouco como Ken Tyrrell e Jackie Stewart, ou Colin Chapman e Jim Clark. Era esse o relacionamento entre Roger Williamson e Tom Wheatcroft

A personagem mais velha é interessante: é um "working class hero" que em criança, se apaixonou por um circuito. E quando o descobriu que estava negligenciado, fez de tudo para o recuperar. E conseguiu. Esse circuito era Donington Park, e para além de recuperar a pista para as corridas de automóveis - fê-lo em 1979, quase 40 anos depois da última corrida - tinha dentro das suas instalações um museu cheio de carros de Formula 1 e outras categorias automobilísticas, centenas deles. 

Wheatcroft conheceu Williamson em 1971, quando este queria correr na Formula 3. E para mim, a maior demonstração do seu talento foi em junho de 1973, quando fizeram uma corrida de Formula 2 em Monza, a Lotteria. O britânico dominou-a de fio a pavio, sem dar qualquer chance a concorrência, que tinha gente como Patrick Depailler, Jean-Pierre Jarier, Vittorio Brambilla ou Jochen Mass.  

No inicio desse ano, tinha feito um teste com a BRM, e impressionou os seus dirigentes ao ponto de lhe oferecerem um contrato. Wheatcroft disse que seria preferível correr pela March porque tinha tido um desempenho ligeiramente melhor. E o lugar ficou para Niki Lauda, aparentemente. Tempos depois, o próprio Wheatcroft disse que a ideia era de arranjar um chassis McLaren e ir correr como privado em 1974, à semelhança do que acabou por fazer Mike Hailwood nessa temporada. 

David Tremayne, jornalista e autor britânico, afirma que ele, a par de Tony Brise e Tom Pryce, é um os campeões que poderiam ter sido, se não tivesse morrido entretanto. Era altamente provável que, se o projeto do McLaren tivesse ido adiante, teria sido piloto oficial em 1975 e ficado com o lugar na temporada seguinte, lutando pelo campeonato com Niki Lauda. Ou seja, não haveria James Hunt...

Mas por outro lado, com a ligação que ambos teriam, não seria descabido se Wheatcroft decidisse arranjar meia dúzia de mecânicos, dois ou três bons engenheiros, um projetista e um contrato com meia dúzia de motores Cosworth, e claro, um patrocinador que cobrisse as despesas. Bastava meio milhão de libras, porque talento... ele tinha.

Claro, essa é a grande pergunta do qual nunca teremos resposta. 

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