E também foi a corrida onde Alan Jones sentou novamente num carro de Formula 1, a bordo de um Arrows, apesar de estar nitidamente fora de forma - recuperava da queda de um cabalo na sua fazenda e não aguentou o ritmo de um Grande Prémio.
Contudo, hoje também passa 40 anos desde a primeira ocasião onde um piloto venezuelano pontuava num Grande Premio de Formula 1. E também é a história de um dos poucos pilotos que, depois de uma grande carreira nas duas rodas, passou para as quatro e também conseguiu marcar presença. Não teve o mesmo sucesso de John Surtees e Mike Hailwood, mas a Formula 1 não foi o único lado onde ele andou bem nas quatro rodas. Afinal de contas, conheci-o quando estava a ter sucesso na DTM alemã, ao serviço da BMW.
Johnny Cecotto nasceu a 25 de janeiro de 1956 em Caracas, e cedo se dedicou ao motociclismo, porque o seu pai era dono de uma loja na capital venezuelana, e tinha sido campeão nacional com uma Norton de 500cc. Em 1974, aos 18 anos, tinha ganho dois campeonatos nacionais, e decidira ir a Daytona com uma Yamaha 750 inscrito pela importadora local, a Venemotos. Logo nessa primeira corrida, tinha impressionado toda a gente, primeiro por colocar a sua moto na primeira fila da grelha, e quando os comissários detetaram um líquido a cair da sua mota, julgando que era óleo, retiraram-no da grelha, porque julgaram que poderia ser um perigo para ele e para os concorrentes. Quando descobriram que era apenas água, deixaram-no ir, largando na última posição, para fazer uma corrida de recuperação atá ao terceiro lugar, ultrapassando entre outros, Giacomo Agostini.
Indo para o Mundial, correndo quer na classe 250cc e 350cc, acabou campeão nesta última classe, sendo, aos 19 anos, no mais jovem campeão de sempre. Correndo até 1980, ganhou 14 corridas, três delas na classe rainha, os 500cc, sempre com Yamahas.
Contudo, no final desse ano, com a retirada da Yamaha da competição, e a falta de uma moto competitiva, decidiu apostar nas quatro rodas, começando logo a correr na Formula 2, pela Minardi. Mostrou nas quatro rodas a rapidez das duas, e em 1982, num March oficial, ganhou três corridas, em Thruxton, no Reino Unido, em Pau, o circuito citadino francês, e na pista sueca de Mantorp Park, terminando na segunda posição, apenas batido pelo italiano Corrado Fabi, irmão mais novo de Teo Fabi.
Com este rico palmarés, a Formula 1 foi o passo seguinte. A Theodore deu-lhe um lugar, numa dupla latino-americana com ele e o colombiano Roberto Guerrero. Num ano onde as equipas iam lentamente arranjar motores Turbo, eles se mantinham com os Cosworth aspirados, mesmo sabendo que, mais cedo ou mais tarde, iriam ser relegados para o fundo da grelha. Depois de um 19º posto em Jacarépaguá, ele conseguiu colocar o seu carro no 17º lugar, um na frente de Guerrero, aproveitou os acidentes dos outros para subir na classificação geral, especialmente a carambola entre Keke Rosberg, Patrick Tambay e Jean-Pierre Jarier.
No final, aguentou-se e fez história, terminando uma volta atrás dos McLaren vencedores e alcançando um sexto lugar. Se na corrida anterior, em Jacarépaguá, era o segundo venezuelano a correr na Formula 1, depois de Ettore Chimeri, em 1960, agora era o primeiro a marcar pontos. Um ponto, apenas. Mas também entrava no grupo restrito de pilotos que correram em duas e quatro rodas.
Parecia que pontuar logo na sua segunda corrida na Formula 1 poderia ser o começo de algo importante. Mas não: na realidade, era a última ves que a Theodore iria pontuar na categoria máxima do automobilismo, e no final de 1983, a equipa iria fechar as portas devido aos altos custos de produção. Até tinha não conseguido qualificar em quatro corridas: no Mónaco, Grã-Bretanha, Áustria e Países Baixos, mostrando a falta de evolução do bólido. Mas conseguiu um lugar em 1984 na Toleman. Onde teve de lidar com um estreante chamado Ayrton Senna...
Mas naquela tarde californiana, ele fazia história, colocando a si e ao seu país no mapa automobilístico mundial.
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