Hollywood esqueceu o automobilismo por uns tempos largos - as más experiências em Le Mans, o filme produzido e protagonizado por Steve McQueen contribuíram para isso, e nem falo de "Driven", a pelicula que Silvestrer Stallone quis fazer nos anos 90, mas Bernie Ecclestone não o deixou - mas quando Ron Howard realizou "Rush", o filme sobe a rivalidade entre James Hunt e Niki Lauda, em 1976, a coisa conseguiu uma espécie de renascimento. Tanto que depois disso, apareceu "Ford x Ferrari", sobre as 24 Horas de Le Mans de 1966, realizado por James Mangold, e o franchise animado "Carros".
E agora, teremos um filme sobre Enzo Ferrari, realizado por Michael Mann, que poderá estrear este ano e do qual existe uma grande expectativa sobre ele. Mas há outro a ser desenvolvido por estes dias, e não se fala muito ultimamente, até que hoje andei a ler o habitual blog do Joe Saward. Ele falou que a Carlin recebeu uma encomenda para construir chassis de Formula 1, mas não é para tentar a sua sorte como equipa de Formula 1, como andam a tentar a Andretti ou o Craig Pollock e a sua Formula Equal, que poderá ser financiada pela Arábia Saudita. Não, a história é outra. Eles estão a construir chassis para uma encomenda de Hollywood, vindo da Apple TV+, o tal filme que Brad Pitt está a produzir - e se calhar, protagonizar - e do qual Lewis Hamilton quer também ajudar como produtor. E o realizador será Joseph Kosinski, o mesmo de "Top Gun: Maverick".
Na parte que interessa para este texto, o Joe escreve:
"Há uma nota no livro verde que diz “Carlin construindo carros”, mas não é sobre 2026, mas sim que Carlin tem um acordo para produzir algumas cópias de [chassis] F1 para o filme de Brad Pitt. Tenho pesquisado como isso poderia ser usado e está claro que as equipas não vão deixá-los participar de corridas, mas que podemos vê-los ocasionalmente no fim da grelha, mas eles serão levados embora quando a verdadeira ação começar. Eles sem dúvida serão usados para muitos outros propósitos nas boxes, e assim por diante."
Ou seja, se for isso que acontecerá, então penso que é uma espécie de "Grand Prix", século XXI. Claro que a Liberty Media acolheria de braços abertos uma produção desse tipo, especialmente se Hamilton se envolver da maneira como espera ser envolvido, e claro, o acesso ao paddock será o melhor possível. As equipas de verdade andarão desconfiadas dessa aventura - afinal, há um produto a ser defendido - e gostariam que, por exemplo, ele fosse bem falado. Ainda por cima, este é um tempo onde descobriram que já tem o veículo que queriam para impulsionar a sua popularidade. O documentário "Drive to Survive" anda a levar hordas de espectadores aos circuitos - o GP da Austrália acolheu quase 450 mil espectadores no fim de semana passado, um recorde - e a popularidade da competição nos Estados Unidos chegou a níveis de sonho, e o regresso a Las Vegas irá impulsionar ainda mais: três corridas americanas é algo que não acontece desde 1982! - logo, a Formula 1 tornou-se num produto apetecível, irresistível até.
Mas claro, tudo depende de, por exemplo, ter um bom argumento. Porque para um bom espetáculo e um argumento fraco, então, comparado com o "Drive to Survive", seria uma redundância. Para quê fazer uma má ficção, quando se tem a realidade? Há quase 30 anos, Silverster Stallone tentou, e Bernie indicou-lhe a porta de saída. Há que saber defender o que têm em mãos.
No final, desejo um "Grand Prix", e tudo indica que poderemos tê-lo, mas uma parte de mim teme um "Driven".
Vamos falar a verdade, Driven é um ótimo filme ruim.
ResponderEliminar