A 19 julho de 1983, Ayrton Senna estava a lutar pelo título de Formula 3 com o britânico Martin Brundle. E ambos corriam em duas das melhores corridas: o brasileiro pela West Surrey Racing, o britânico, pela Eddie Jordan Racing. A convite de Frank Williams, o piloto brasileiro foi a Domington Park, onde tinha à sua espera um FW08C com o numero 1, carro usado por Keke Rosberg durante aquela temporada.
Foi um teste relativamente discreto, mas no Brasil, eles estavam atentos a ele. Já o seguiam por causa dos seus bons ofícios. Reginaldo Leme, jornalista da Rede Globo, estava na pista, seguindo esse teste, e desde há algum tempo que as corridas da Formula 3 britânica eram seguidas - e por vezes, transmitidas em direto - quando Leme estava acompanhado por Galvão Bueno, para saber se ele ganhava ou não. E no final, depois de ter tirado um segundo ao recorde de pista de Donington Park, foi entrevistado para saber que impressões tinha ficado com o carro.
E disse de sua justiça: gostou de guiar com o carro. Em suma, divertiu-se e sabia que, com aqueles carros e com o seu estilo de pilotagem, adaptar-se-ia rapidamente e andaria onde queria entre os primeiros, onde queria estar.
Mas também sabia que não seria com a Williams. Já tinha tudo tapado para a próxima temporada - Rosberg e o francês Jacques Laffite eram os pilotos da marca - e anos depois, Frank Williams falou sobre esse teste e a chance de o ter logo em 1984: “[Senna] era um homem de negócios. Quando ele veio até mim, tinha atitude e um senso do valor dele no mercado. Esse era o preço dele. Eu tentei explicar que ele era novo e ainda tinha muito para provar, pilotos novos costumam bater carros, a velha história, e acho que chegamos muito perto de um acordo.”
Se tivessem chegado a acordo, não ficaria admirado se ele tivesse feito a sua estreia no GP da Europa de 1983, em Brands Hatch, porque a equipa colocou um terceiro carro. Que deram a Jonathan Palmer.
Mas haveria um problema. Era um contrato frágil. Se fosse, não estaria à vontade para andar como queria: ser o centro das atenções, ter o melhor carro para ele, não ter obstáculos para tentar fazer o melhor tempo.
Como é conhecido no resto da história, Senna ganhou o britânico de Formula 3, e ainda testou com a McLaren, ao lado de Martin Brundle e Stefan Bellof, na Brabham, em Paul Ricard, com Roberto Guerrero e Mauro Baldi, e com a Toleman, a equipa no qual acabou por ficar na temporada de 1984, onde... enfim, conseguiu o que pretedia: ser o primeiro piloto, sem obstáculos. O resto é "história".
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