segunda-feira, 24 de julho de 2023

A imagem do dia


De Nelson Piquet poe-se falar muita coisa, mas há algo do qual não é muito referido: ele nunca foi muito bom à chuva. Podia ser bom a afinar carros, ter um excelente conhecimento mecânico, graças aos seus dias de Brasília, quando começou a mexer em motores na oficina Camber, ao lado dos seus amigos Alex Dias Ribeiro e Roberto Moreno, mas há três episódios na sua carreira de Formula 1 no qual ele apostou... e falhou redondamente. E um deles em casa. 

No GP dos Estados Unidos de 1979, ele largava da segunda posição na grelha, na primeira corrida em que era o dono da Brabham, depois de retirada de Niki Lauda, e a segunda corrida onde tinha o BT49. Nesse dia, chovera 20 minutos antes da corrida, e todos trocaram de pneus. Todos... menos Piquet e Mário Andretti, que largava de 17º na grelha e não tinha nada a perder. Na partida, Piquet caiu para o fim da grelha, por causa da sua escolha e porque ainda chovia, mas pouco depois, esta parou e a pista começou a secar. Por alturas da volta 27, todos tinham mudado para slicks e Piquet começou a ganhar terreno, mas bem no final da classificação.

Contudo, resistira, e até fizera a volta mais rápida, na perseguição ao último lugar pontuável, ocupado pelo McLaren de John Watson. Mas uma quebra no eixo de transmissão, a cinco voltas do fim, o impediu de pontuar.

Um ano e pouco depois, Piquet, já vencedor de corridas e a começar a mostrar-se como candidato ao título, está em Jacarepaguá, na sua terra de nascimento, para largar da pole-position. Contudo, como naquele dia em Watkins Glen, chove na pista e aposta... em slicks, esperando que ela passe e rapidamente seque, para poder passar enquanto os outros perdem tempo nas boxes. Contudo, não para de chover e Piquet cai para o fundo do pelotão, acabando por ficar na 12ª posição, perdendo duas voltas para o vencedor. Lição aprendida, porque depois, em São Marino, também corrido debaixo de chuva, o brasileiro acabaria por ganhar. 

Mas... mesmo? É que sete anos depois, em Hockenheim, o brasileiro, então na Lotus, decide fazer a mesma jogada de partir com os slicks, esperando que a chuva passe logo. Partindo de quinto na grelha, a sua corrida acabou a meio da primeira volta na Ostkurwe, quando se despistou e bateu no guard-rail, arrastando o seu carro até às boxes, onde acabou por desistir. Em contraste, o seu compatriota Ayrton Senna triunfava, graças à sua capacidade de condução debaixo de condições dificeis. 

Será que tinha uma aversão à chuva, como tinha Alain Prost? Até é capaz. Afinal de contas, seis anos antes, na mesma pista, ele foi o primeiro a chegar aos destroços do Ferrari de Didier Pironi, e aparentemente, ficou chocado com a extensão dos seus ferimentos...  

Uma coisa é certa: Piquet nunca gostou de correr à chuva, e se pudesse, nunca correria. Mas por outro lado, não se pode deixar de pensar que ele, sabendo que no seu tempo, uma paragem de pneus demoraria mais de meio minuto a se realizar, nunca deixou de ser esperto. Só que por vezes, as suas apostas saiam furadas... como aconteceu há 35 anos, na Alemanha, onde foi o primeiro a desistir. 

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