As circunstâncias do acidente foram semelhantes ao que aconteceu quase cinco anos antes, na Formula 2, e que resultou na morte do francês Antoine Hubert. Uma batida em T entre ele e o carro guiado pelo equato-americano Juan Manuel Correa, que deixou este último a recuperar das suas lesões por quase um ano.
O acidente mortal deste sábado coloca inúmeras questões sobre a segurança na pista belga, sobre o desenho de curvas como a Eau Rouge, a Radillon, e agora, também se coloca a chance da Formula 1 não correr mais debaixo de chuva, o que seria algo inédito, pois sempre houve probas de automobilismo debaixo de mau tempo.
Damon Hill, campeão do mundo de 1996, fala que o acidente mortal aconteceu por causa da chuva.
"Acho que sempre que houver uma longa reta e condições molhadas, isto pode acontecer", disse o britânico à Sky Sports F1, acrescentando: "as condições de pista molhada são realmente o pior contribuinte para isto, não é possível ver por onde se vai. Parece que ele foi atingido da mesma forma que o Anthoine [Hubert], quando estava parado em pista, logo, foi um impacto muito forte. O que podemos fazer? Paramos de correr no molhado, só corremos quando se puder ver os carros ou tornamo-los indestrutíveis e dessa forma e tornar mais provável a sobrevivência dos pilotos. A FIA analisará todos esses fatores".
Lance Stroll foi o piloto mais vocalmente critico em relação aos eventos de Spa e no fim de semana do Grande Prémio, exigindo que a curva seja altamente modificada no sentido de ser mais segura, sob pena de colocar mais pilotos em perigo.
"Aquela curva precisa de ser analisada e alterada porque perdemos dois jovens talentos em cinco anos. Tem de ser mudada, só aquela curva. Vamos lá passar dentro de algumas semanas. Sempre que passamos por lá, colocamos as nossas vidas em risco", começou por afirmar.
"Vamos estar a brincar com o fogo dentro de algumas semanas. De novo. E não apenas nós, os miúdos da Formula 2, os miúdos da Formula 3, todos os que passam por aquela curva todas as semanas. Mesmo que esteja seco e alguém perca o carro, é uma curva cega, batemos no muro e voltamos para o meio da pista. Um carro vem na nossa direção a mais de 300 quilómetros por hora - estamos tramados. Falamos sobre isso entre os pilotos nas reuniões, mas por vezes não se vai mais longe."
Stroll exige que a FIA e a F1 tomem medidas urgentes em relação a esta situação. Como foi afirmado no sábado, se calhar será a altura de mexer nessas curvas, fazendo-as menos rápidas, para os pilotos passarem a uma velocidade mais baixa.
Curiosamente - uma mera coincidência, é verdade, mas até calhou - a Formula 1 irá testar daqui a uma semana em Silverstone uma cobertura nas rodas traseiras, a serem usadas em situações de muita chuva, com o objetivo de reduzir o spray para os carros que estão atrás. Se acharem que são eficazes - eles já foram testados em simulador - eles poderão começar a ser usados em 2024. Pode ser que sejam uma alternativa a coisas mais radicais como a modificação de curvas ou a interdição de corridas debaixo de chuva, como alguns temem.
É que as pessoas, por muito que aceitem a segurança, não querem coisas radicais, que estraguem a essência do automobilismo.
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