terça-feira, 8 de agosto de 2023

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Nigel Mansell faz hoje 70 anos. O "brutânico" foi um dos pilotos mais marcantes da sua geração, e em 1991, bateu o recorde de 16 vitórias como o piloto mais vitorioso vindo das terras de Sua Majestade. E então, a sua luta na pista, a sua atitude de "nunca desistir", deram-lhe o carinho dos fãs, especialmente quando ganhou em 1986, 87, 91 e 92 o GP da Grã-Bretanha, com multidões a invadirem a pista e a celebrar a sua vitoria.  

Mas quando por fim se tornou campeão, em 1992, depois de duas tentativas falhadas em 1986 e 87, devido a acidentes - um pneu rebentado a alta velocidade na primeira ocasião, um acidente no Japão na segunda, lesionando-se nas costas - Frank Williams recompensou-o... deixando ir embora, depois de ter assinado no inicio daquele ano um acordo com Alain Prost para ser piloto da marca em 1993, e se ficasse, seria com uma baixa no seu salário (Patrick Head contou anos depois que tinha sido o contrário). Logo, os fãs nunca o viram com o "Red One" no seu carro. 

Em vez disso, aceitou a proposta de correr nos Estados Unidos. E claro, a noticia da sua transferência foi tão sensacional que milhões decidiram ver as provas americanas em vez da Formula 1. Ele foi correr para a Newman-Haas, constituída por uma dupla que poucos pensavam que iria dar certo: o empresário Carl Haas e o ator de Hollywood, Paul Newman. O primeiro era o importador da Lola para o continente americano e algum tempo antes, em 1986, tinha tentado a sua sorte na Formula 1, com Teddy Meyer (ex-McLaren) como diretor de equipa. 

A escolha de Mansell foi acertada: triunfou na primeira corrida, em Sufrers Paradise, e no final, acabou com cinco vitórias, um pódio nas 500 Milhas de Indianápolis campeão da competição aos 40 anos de idade... ainda era campeão do mundo de Formula 1! Por uns dias, era o detentor de ambos os campeonatos, mostrando que tinha imensa competividade, e ainda por cima, excelente adaptação.

Mas nem tudo foram rosas. Um acidente nos treinos de Phoenix, quando levou com um pneu na sua cabeça causou-lhe lesões nas costas, que o impediram de correr essa prova. Mas mais tarde, noutra oval a New Hampshire 200, partido da pole-position, a sua luta com os Penske de Paul Tracy e Emerson Fittipaldi resultou numa das suas vitórias mais memoráveis na história da competição, laudada por muitos como a melhor na América. 

Em compensação, como pessoa, era um desastre. Mário Andretti considera-o como "o pior companheiro de equipa que teve", Frank Dernie afirmava que "odiava testar" e "se não queria, não fazia mesmo", Peter Warr, seu patrão na Lotus, afirmou que "nunca ganhará corridas enquanto tiver um buraco no meu cu", Alain Prost afirmava que "preferia ir jogar golfe a ir às reuniões técnicas" - nesse tempo era o 'poster boy' do Pine Cliffs Resort, no Algarve, sul de Portugal - e nem falamos das coisas que Nelson Piquet fez para o desconcentrar no tempo em que ambos foram companheiros de equipa na Williams. Falando sobre 1987, o brasileiro resumiu o seu campeonato como "a vitória da inteligência sobre a estupidez". 

E um dos seus defeitos é que era teimoso que nem uma mula. No verão de 1988, contraiu varicela, e contra os conselhos dos médicos, foi correr o GP da Hungria, disputado debaixo de muito calor. Por causa disso, agravou a sua doença e acabou por se ausentar em duas corridas, Bélgica e Itália, e o carro foi pilotado por Martin Brundle e Jean-Louis Schlesser.

Claro, as circunstâncias das suas últimas corridas na Formula 1, pela McLaren, em 1995, onde saiu para "porta do gato", primeiro, queixando-se da pequenez do seu cockpit, e depois, o seu ritmo horrível em corrida, acabando por abandonar apenas após duas corridas. Anos depois, admitiu que tinha sido precipitado e que deveria ter ficado para ajudar a fazer evoluir o carro.

E este é um resumo o mais completo possível sobre alguém que, para o mal e para o bem, marcou uma época na Formula 1. Parabéns, "brutânico"!

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