Conhecem a história - aliás, já contei por aqui. Em meados dos anos 60, quando a Formula 1 ia à África do Sul, os pilotos muitas vezes corriam com os locais, que tinham o seu próprio campeonato. Dali apareceu gente como Dave Charlton, John Love, Sam Tingle (estes dois últimos da então Rodésia), Eddie Keizan, entre outros, em carros um ano mais velhos que os de fábrica. E muitas vezes, conseguiam preencher a lista de inscritos, já que ir da Europa para a África do Sul era um empreendimento muito caro.
E foi o que aconteceu em 1969, em Kyalami, a primeira corrida do ano. A Ferrari queria mandar inicialmente dois carros para lá, e no final, acabaram por inscrever só um, para Chris Amon. Dos 18 carros inscritos, quatro eram locais: Peter de Klerk e Basil van Rooyen, e os (então) rodesianos Love e Tingle. De Klerk e Tingle corriam num Brabham-Repco, Love num Lotus 49 da Team Gunston, e van Rooyen num M7A de 1968. E foi este último que conseguiu o melhor tempo entre os locais, sendo nono na grelha, um lugar abaixo do McLaren de fábrica guiado por Bruce McLaren!
Na corrida, Jackie Stewart liderou do principio até ao fim, triunfando naquela que viria a ser a primeira de seis corridas que lhe deu o seu primeiro título mundial, enquanto a corrida de van Rooyen acabou na volta 12, vitima de um problema nos travões. Mas foi o suficiente para, alegadamente, Ken Tyrrell ter perguntado se não queria guiar para a sua equipa para o resto da temporada, ser o segundo piloto de Stewart.
Nascido a 19 de abril de 1939 em Joanesburgo, van Rooyen começou a correr em motos em 1957, um Puch de 250cc, passou para os automóveis em 1962, com um Ford Anglia modificado, no qual deu os primeiros títulos e um "upgrade" para um Ford Cortina, passando a ser dos melhores pilotos na categoria, acabando por ganhar três títulos seguidos nos Turismos sul-africanos, entre 1965 e 67.
Isso chamou a atenção de John Love, que o convidou para correr no campeonato local, e também quando a Formula 1 ia a Kyalami para o seu Grande Prémio. A sua primeira participação foi com um Cooper-Climax, onde foi o 20º da grelha e a sua corrida acabou na volta 22, com o motor partido. No ano seguinte, foi melhor, com um M7A da Team Lawson, onde se deu bem nos treinos, mas a corrida acabou mais cedo. Contudo, mais tarde, sofreu ainda pior, quando teve um acidente e ficou hospitalizado por muito tempo, acabando parcialmente a sua temporada, e a sua chance na Europa foi-se.
Continuou a correr ao longo dos anos 70, quer em carros da Formula 5000, quer depois na Formula Atlantic local, que em 1975 substituiu a Formula 1 sul-africana, correndo contra gente como Ian Scheckter, o irmão mais velho de Jody Scheckter, e até foi à Austrália, participar na Bathurst 1000, em 1977, num Holden Torana, acabando por desistir. Mais tarde, quando acabou a carreira, radicou-se no país.
Senhor de uma carreira longa e recheada, em três continentes, van Rooyen morreu ontem aos 84 anos na Austrália, depois de se debater durante algum tempo com mesothelioma, causada pela exposição prolongada ao amianto.
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