domingo, 15 de outubro de 2023

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O italiano Andrea de Cesaris sempre foi um piloto rápido, mas impetuoso. A sua temporada na McLaren, em 1981, foi tão marcante que a sua reputação ficou afetada para o resto da sua longa carreira, que terminou em 1994, aos 35 anos. Na qualificação para o GP dos Países Baixos, o facto de ter destruído três chassis foi tão marcante que a equipa pura e simplesmente decidiu tirá-lo da pista. Ele que tinha qualificado na décima posição na grelha. 

Graças a isso, a reputação de "De Crasharis" ficou colado para sempre. Depois da Formula 1, afastou-se desse mundo, e das raras entrevistas que deu até morrer, em 2014, num acidente de mota, em Roma, sempre disse sentir ressentido pela tal reputação de impetuoso, que achou injusto. É verdade que tinha 22 anos na altura, mas ao longo da sua carreira de 204 Grandes Prémios, nunca triunfou.

Mas a temporada de 1983 foi bem interessante. Com um bom chassis, desenhado por Gerard Ducarouge, antes de ter sido despedido quando De Cesaris foi excluído no GP do Brasil, a corrida de abertura do campeonato, o 183T tornou-se numa máquina potente, mas pouco fiável, como boa parte dos carros com motor Turbo naquela temporada. O facto do reabastecimento ser permitido, tinha vantagem, porque era um motor que consumia mais, para compensar a sua potência, especialmente nas pistas mais rápidas.

Ele tinha surpreendido muita gente quando chegou a liderar o GP da Bélgica, apanhando Alain Prost desprevenido e chegado a liderar a corrida por 18 voltas até desistir na volta 25, com problemas no sistema de injeção de combustível do seu carro. 

Mas em Hockenheim, na Alemanha, largando de terceiro, acabou na segunda posição, ficando apenas atrás de René Arnoux, depois dos Brabham terem tido problemas. 

Quando a Formula 1 chegou à África do Sul, para a última corrida do ano, De Cesaris tinha nove pontos e uma volta mais rápida, e esperava que a velocidade poderia ser-lhe favorável. Numa corrida já sem a Theodore - tinha fechado as portas de forma permanente - e com os Williams a usuarem os motores Honda Turbo, algumas corridas depois da McLaren usar os seus TAG-Porsche Turbo - De Cesaris largava de nono, estando até atrás do ATS-BMW de Manfred Winkelhock. Na  corrida, Piquet foi-se embora, com Prost atrás de si, tentando apanhá-lo, mas a perseguição não resultou nada, pois na volta 35, o piloto da Renault encostou às boxes e desistiu, traído pelo seu Turbo. 

Quanto a De Cesaris, fez uma grande partida, saltando de nono para quarto, estando até na frente de Prost! No inicio da segunda volta era terceiro, passando o Ferrari de Patrick Tambay, e era assediado por Prost, que estava a ver os Brabham irem embora e com ele, o seu título mundial. No meio disto tudo, os Ferrari tinham uma corrida desastrosa: Arnoux, na volta nove, com problemas de motor, e Tambay, na 56, com uma avaria no seu Turbo, acabavam prematuramente a sua corrida, mas iriam ficar com o título de Construtores.    

Sem Prost na pista, Piquet era campeão se acabasse no quarto posto. E como ele liderava a corrida, estava tranquilo, então decidiu levar o carro até à meta na posição ideal. E isso implicou ceder o lugar a Riccardo Patrese, seu companheiro de equipa, na volta 60, e pouco depois, a De Cesaris, que estava a fazer uma corrida pragmática, depois da partida que tinha conseguido, mantinha-se na pista, mesmo tendo sido passado por Prost e o McLaren de Niki Lauda, caindo para quinto. Mas com a desistência do francês, primeiro, e do austríaco da McLaren depois, na volta 71, quando perseguia Patrese para tentar alcançar a liderança., o italiano estava a aproximar-se do comando da corrida. Especialmente na parte final, sempre a carregar.

No final, Patrese ganhou e o pragmatismo de Piquet lhe deu o terceiro lugar, passado por De Cesaris. O piloto romano conseguia ali o seu segundo pódio da temporada, e a sua melhor classificação até então: oitavo no campeonato, com 15 pontos. Tudo isto no dia em que Nelson Piquet alcançava o seu bicampeonato.        

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