Mas aos 29 anos de idade, o francês estava, de uma certa forma, impaciente. Verdade, tinha conseguido consistência - em 1972, apenas tinha conseguido dois pódios e 15 pontos - mas não sabia se continuar a ser segundo piloto numa equipa de ponta seria melhor do que tentar a sua sorte numa equipa mais ambiciosa. Contudo, ele era dos imensos que não tinha conhecimento de um segredo dentro da sua equipa: o seu primeiro piloto, o seu companheiro de equipa, a pessoa do qual as lues da ribalta estavam apontados - apesar de ele ser bem mais bonito que Stewart... - ia pendurar o capacete.
A decisão tinha sido tomada em abril, num almoço em Londres. Apenas Ken Tyrrell e Walter Hayes, o homem-forte da Ford na Europa, estavam presentes. E os dois juraram que iriam fazer segredo da decisão, até de Helen, a mulher de Jackie, porque, segundo ele conta na sua autobiografia, "não queria que tivesse mais um motivo de estresse". Afinal de contas, ser piloto de automóveis, por muito bem pago que fosse, era uma profissão de risco...
Apesar de, durante o verão, existir especulações na imprensa sobre o futuro do escocês depois daquela temporada, ele não se desmanchava. Tudo teria o seu tempo. E para ele, iria ser no domingo, a 7 de outubro, depois do GP dos Estados Unidos, depois da sua centésima corrida na Formula 1. Um número redondo.
A Tyrrell queria que Cevért, nascido Francois Goldenberg a 25 de fevereiro de 1944 na Paris ocupada, ficasse com o lugar, mas entretanto, tinha anunciado a contratação do sul-africano Jody Scheckter como seu piloto. E tinha marcado por esses dias alguns ensaios no 006 com outro francês, Patrick Depailler, que foram cancelados quando este sofreu um acidente de motocross e fraturou a perna direita.
Cevért tinha algumas contas a ajustar com o sul-africano. Na corrida anterior, ambos tinham colidido debaixo de chuva - aliás, foi por causa deles que entrou o famigerado Porsche 914 de Pace Car - e o francês andou magoado de ambos os tornozelos que o colocaram em dúvida para a corrida americana. E sobre Scheckter, ele considerava uma "ameaça", e tê-lo como companheiro de equipa desagradou-o.
Com toda esta gente à volta, e sem Stewart abrir o jogo em relação ao futuro, bem como o próprio Tyrrell, Cevért queria das duas uma: ou saber onde ficaria na equipa para 1974 - ainda por cima, tinha ajudado a desenvolver o 007 - ou então, partir para outra, de preferência, uma que lhe desse aquilo que tinha conseguido precisamente em Watkins Glen, dois anos antes: vencer. McLaren? Ferrari? Shadow? Tudo era possível, mesmo quando Stewart lhe pediu para ser mais paciente em relação às decisões de uma equipa que acabava de ser campeão do mundo de pilotos e lutava pelos Construtores com a Lotus.
Apesar de tudo, existia algo consolador: ele adorava Watkins Glen. Afinal, quem não gosta do lugar onde foi mais feliz em termos competitivos? Onde dois anos antes, tinha conseguido a sua vitória na Formula 1? Aliás, no fim de semana daquele GP americano, queria a pole-position. Nunca tinha tido uma, e se conseguisse ali, seria mais um sinal de que aquele lugar iria significar boa sorte.
Estes eram as coisas que tinha na sua mente quando acordou no seu quarto de hotel em Seneca Lake, na manhã de 6 de outubro de 1973.
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