segunda-feira, 6 de novembro de 2023

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O mais interessante nesta temporada de 1993 era que, até ali, Ayrton Senna, o homem das pole-positions... não tinha nenhuma. E poderia acabar, pela primeira vez desde 1984, com nenhum acrescento no palmarés. 

Mas em Adelaide, ele resolveu a situação. Tinha de ser, caso contrário, 1993 entraria na história como uma onde a Williams teria todas as pole-positions de uma temporada. 

Não era um carro poderoso, todos sabiam. Para terem uma ideia, o Ford de 8 cilindros era cerca de 15 km/hora mais lento em reta que os Renault de 10 cilindros, daí eles monopolizarem as poles. Para ser melhor, tinha de ser muito rápido nas curvas. E não tinha muitas chances: naquele ano, só podiam dar 12 voltas ao circuito para marcar um tempo. 

Contudo, apesar do ambiente descontraído, Senna não estava lá muito bem: ainda no rescaldo do que aconteceu na corrida anterior com Eddie Irvine - não aceitava muito bem as piadas das luvas de boxe que alguns deixaram no seu cockpit - o que tinha de fazer era esperar que os seus Goodyear estivessem no ponto - sete a oito voltas - e também esperar que o carro, a pista e a temperatura do asfalto estivesse no momento ideal para tentar a sua sorte. Afinal de contas, tinha tudo contra ele, especialmente um Damon Hill que queria mostrar serviço, agora que já sabia que Prost ia embora e provavelmente, seria Senna o seu próximo companheiro de equipa.

E foi o que aconteceu, na sexta-feira. Com tudo ideal, Senna marchou e marcou o seu tempo, 1.13,371, meio segundo melhor que Prost, simplesmente porque conseguiu ser melhor nas curvas, dando tudo. E também teve a sorte no seu lado, porque no sábado, a temperatura baixou um pouco e quase ninguém melhorou, exceto Hill, mas nem sequer chegou para, por exemplo, tirar Prost da primeira fila da grelha de partida.

O mais interessante nisto tudo é que, ao fazer isto, Senna tinha não só feito a primeira pole em ano e meio, mas também tinha sido a primeira de um motor Ford Cosworth em 10 anos, desde Keke Rosberg no GP do Brasil de 1983.

Claro, Senna poderia estar feliz, mas... não. Não tinha esquecido o tratamento que deram por causa do "affaire" com Irvine, e desabafou. Parecia que não iria ser a despedida que queria, mas também existia outra coisa: ele queria acabar o ano da melhor maneira possível. E Ron Dennis ainda não desistira de o ter na equipa para 1994. Só que Senna queria ganhar títulos, e ali já tinha dado tudo o que tinha a dar. E os Peugeot? Se ele o queria, porque não aceitou a sua sugestão de ter os Lamborghini, tempos antes?    

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