Pode-se pensar em Bruce McLaren, Jack Brabham, Dan Gurney, John Surtees, Graham Hill e Emerson Fittipaldi como pilotos que foram também donos de equipa, engenheiros talentosos que aproveitavam bem o carro para correr e ganhar, como aconteceram com os três primeiros. Ou então como forma de continuarem a correr, mesmo passado o seu tempo como piloto, só porque amavam este desporto e não se importavam de andar na cauda do pelotão.
Mas podem pensar em Alain Prost e Jackie Stewart, que muito depois de pendurarem o capacete, decidiram montar as suas equipas para conseguirem o mesmo sucesso que tiveram como pilotos. Se Prost não conseguiu, Stewart ganhou o suficiente para que a sua equipa fosse comprada três anos depois da sua fundação para ser vendida à Ford, que montou a Jaguar... e foi bastante pior.
Também poderíamos falar de Helmut Marko, atualmente conselheiro da Red Bull, que poucos sabem, mas ganhou as 24 Horas de Le Mans a bordo de um Porsche, no distante ano de 1971, antes de duas meias temporadas na BRM, em 1971 e 72, antes de uma lesão num olho o ter decidido ser diretor de equipa, detetor de talentos e agora, conselheiro na Red Bull.
E se falar de Roger Penske?
"Mas ele foi piloto?", perguntam-me. Sem dúvida. E até correu na Formula 1! Querem ver?
Antes de ser fundador da sua equipa, e de comprar a Indianápolis Motor Speedway e ser o dono da IndyCar, depois de encher o seu palmarés com vitórias na CART, IndyCar, Daytona, Sebring... e até na Formula 1 (bastou duas temporadas e meia para ganhar na Formula 1 e obrigar o vencedor a raspar a sua barba), Roger Penske foi piloto.
Em poucas corridas, mas foi piloto.
A meio dos anos 50, na sua adolescência, ele, que nascera no Ohio, começou a correr em Upper Marlboro, no Maryland, onde o seu pai tinha um negócio no ramo automóvel. Ao mesmo tempo que estudava no Lehigh University, participava nas corridas da SCCA, o Sports Car Club of America. Em 1961, foi considerado como o melhor.
E foi nessa altura em que a Formula 1 vai para Watkins Glen. Penske arranja um Cooper-Climax para correr o GP americano, inscrito pela John M Wyatt III. Apesar de ser 16º na grelha, conseguiu sobreviver às 108 voltas do Grande Prémio, para ser oitavo. No ano a seguir, decidiu voltar a tentar a sua sorte a correr num Formula 1, no mesmo local, e a bordo de um Lotus 24, inscrito pela Dupont Team Zerex. Penske ficou melhor classificado na grelha, sendo 13º, em 19 inscritos, e acabou na nona posição, a quatro voltas do vencedor de uma corrida com cem (!) voltas.
Penske ainda foi ao México para correr o Grande Prémio local, que estava a ser um evento de teste para saber se entraria na Formula 1 em 1963. Conseguiu um meritório sexto tempo, numa qualificação marcada pelo acidente mortal de Ricardo Rodriguez, mas um problema na caia de velocidades obrigou a abandonar a prova.
No ano seguinte, Penske foi correr nas 24 Horas de Le Mans num Ferrari da North American Racing Team, de Luigi Chinetti, ao lado de um futuro vencedor, Pedro Rodriguez, o irmão mais velho de Ricardo. Ambos andaram bem, mas desistiram na volta 113, à nona hora, por causa de uma fuga de óleo.
Penske era suficientemente talentoso para ter feito algumas corridas na NASCAR e até lhe ofereceram um teste para correr em Indianápolis. Mas nesse último caso, recusou. A equipa procurou logo um plano B, e este surgiu na figura de um jovem chamado Mário Andretti.
No final, Penske sobreviveu a esta parte da sua vida, pois decidiu pendurar o capacete em 1965, tinha ele 28 anos. Se calhar, viu que era melhor gerir equipas que ser piloto, porque pouco depois, começou a segunda parte da sua vida no automobilismo, aquela no qual 90 por cento das pessoas conhece.
Roger Penske, o "Capitão", comemora hoje o seu 87º aniversário. Parabéns!
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