Ernst Lauda nasceu 89 anos antes do seu bisneto e ele construiu pontes um pouco por todo o antigo império Austro-Húngaro. Nascido a 15 de agosto de 1859, em Linz, o seu pai, Adolf, era o diretor da Empress Elisabeth Railway, que ia de Viena a Salzburgo e que foi nacionalizada em 1884. Engenheiro civil de formação, começou por construir pontes no rio Vltava, na atual Chéquia, para depois, em 1895, ser o chefe da Oficina Central de Hidrografia, em Viena, com o propósito de regular rios como o Danubio. Que, afirmava, era a causa da desflorestação nas suas margens.
Sobre isso, Lauda tinha uma história curiosa, com uma resposta tipicamente... sua. "Tinha uns 16 anos quando descobri que minha família era de origem nobre, mas sempre me marimbei para isso." Sim, ele poderia ser Nikolaus Ritter von Lauda, se a monarquia não tivesse sido abolida na Áustria.
Depois da I Guerra Mundial e do fim da monarquia austro-húngara, retirou-se e deu algumas aulas na Universidade Austríaca de Tecnologia, até morrer, a 3 de julho de 1932, aos 72 anos. E teve dois filhos: Ernst (1892-1963) e Hans.
O primeiro, foi um prestigiado médico. O segundo, um homem de negócios.
Depois da universidade, Hans Lauda foi para a Veitscher Magnesitwerke, primeiro como diretor comercial, depois como presidente, onde ficou até ao Anschluss, a anexação alemã da Áustria, em 1938. Quieto no período da guerra, quando acabou, regressou à Veitscher e expandiu-a, comprando algumas fábricas de papel. E em 1949, foi um dos co-fundadores e primeiro presidente, da Federação Austríaca da Industria, onde ficou até 1960.
Hans Lauda foi conselheiro económico de diversos governos austríacos nesse tempo. Propôs o congelamento de salários para contar a inflação, em 1950, e o plano deu certo, ao ponto de ser condecorado por um governo socialista. Na Áustria, é um dos pioneiros do milagre económico do pós-guerra e apesar de nunca ter sido ministro, foi muito influente. Era crítico da adesão austríaca à EFTA, A Associação Europeia de Livre Comércio, criada como contra-balança da então CEE, a Comunidade Económica Europeia Herr Lauda, o "velho" Lauda, disse que era "uma medida interna". Não se sabe se era a favor da então CEE ou queria uma neutralidade económica, também, mas a Áustria só entraria no que depois iria ser a União Europeia em 1995, mais de vinte anos depois da sua morte.
Em 1960 reforma-se e decide presidir à Cruz Vermelha, lugar onde estava desde 1956. Logo nesse ano, ficou conhecido no auxilio logístico aos refugiados húngaros que fugiam da revolução e consequente repressão soviética para as portas de Wiena. Hans Lauda fica na Cruz Vermelha até morrer, a 21 de janeiro de 1974. Quando faz 65 anos, em 1961, é criado um prémio com o seu nome dentro da Cruz Vermelha para premiar ações especiais dentro da organização. E é nos últimos anos que ele é notado por causa do seu relacionamento com um dos seus netos. E foi bem turbulenta.
Três anos antes, em 1968, Lauda conseguiu o patrocínio da Erste österreichische Spar-Casse. Quando ele soube, cortou o financiamento. "Ele sentou-se no conselho de supervisão da Erste österreichische Spar-Casse, da qual tive o compromisso em princípio para o meu primeiro contrato de patrocínio como piloto de corrida. Quando meu avô soube, conseguiu cortar meu dinheiro no banco. O dinheiro foi embora e, em vez de ser patrocinado, tive que pegar um empréstimo aos 19 anos.", contou anos depois ao jornal Kurier.
No final de 1971, depois da sua primeira experiência, ele pediu um empréstimo ao avô. Ele não só recusou, como usou a sua influência para vetar um empréstimo bancário a um banco de Viena para que ele pudesse correr em 1972. Discutiram, o neto cortou relações e ele foi a outro banco para pedir dinheiro, que foi concedido. E foi importante: as 35 mil libras que acabou por arranjar foram essenciais para salvar a March, onde entrou como piloto. Quem disse isso foi Robin Herd, um dos fundadores da marca, muitos anos depois. Contudo, Lauda não foi bem sucedido, sendo despedido no final da temporada, ficando sem dinheiro. Pediu novo empréstimo - 35 mil libras - e foi para a BRM, fazendo o suficiente para ser notado e ido para a Ferrari em 1974, com o Commendatore a ajudar a pagar as 55 mil libras que devia aos bancos.
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