Conta-se o seguinte:
Em Miami, no fim de semana do GP local, Andretti falava com Stefano Domenicalli, o diretor da Formula 1, sobre a possibilidade de entrar na Formula 1, quando, aparentemente, o CEO da Liberty Media, Greg Maffei, garantiu-lhe pessoalmente que iria tentar bloquear a entrada da estrutura, enquanto estivesse por ali.
“Pediram-me para ir lá e quando eu tentava explicar isso ao Stefano [Domenicalli], o Greg Maffei, o Sr. Maffei, interrompeu a conversa. Ele disse: ‘Mario, quero dizer-lhe que vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que o Michael nunca entre na Fórmula 1’. Eu não podia acreditar. Fiquei boquiaberto, isto são negócios. Não sabia que era algo tão pessoal. Não podia acreditar. Foi como uma bala no meu no peito”, disse o campeão do mundo de 1978.
A razão dessa hostilidade? O facto de terem ido ao Congresso norte-americano para verificar se a Liberty Media e a Formula 1 estavam a fazer um monopólio, em que escolheriam quem queriam entrar e quem não, mesmo que cumpram os critérios para entrar.
Que há muito tempo se sabia das intenções da Liberty Media faxer daquilo a sua coutada privada, era um facto. A crescente "americanização", a também crescente separação em relação à FIA, as negociações para o novo Acordo da Concórdia, onde aparentemente, querem que apenas 10 equipas possam entrar na Formula 1, obrigando qualquer projeto novo a comprar um existente, fazendo dos lugares o equivalente a "franchises", é sinal de que a Formula 1 está a tornar-se não num desporto, mas num negócio, onde para entrar, tens de pagar imenso dinheiro.
E quando Andretti quer saber se a Liberty Media violou as leis da livre concorrência, obrigando-os a ir ao Congresso para saber se estão de acordo com as regras, para Maffei, parece que se tornou pessoal. Os milionários, os multimilionários americanos, sabendo que as coisas nos Estados Unidos são sérios, e não são uma República das Bananas, não gostam nada da interferência do Estado, afirmando ser uma "ingerência" no "mundo perfeito" que existe nas suas cabeças, onde o "Estado mau" não existe e onde todos vivam numa doce anarquia. É treta, como sabemos.
De uma certa forma, é bom que, de quando em quando, alguém os coloque sob escrutínio. Saber se obedecem à lei, e claro, alguém os puxar as orelhas advertindo que, se saírem dos eixos, poderão ser fortemente multados, e num extremo, julgados e condenados à prisão. Na América não se brinca com a Lei. Perguntem a Donald Trump, por exemplo.
A historia da Andretti/Liberty Media alcançou novos máximos. E com Maffei afirmando que agora é pessoal, significa que as coisas serão públicas e terão episódios muito mais feios daqueles que conhecemos até agora. O nome Andretti é mais mediático e mais prestigiado que um conglomerado que tem, por exemplo, a Sirius XM, a Live Nation Entretainement (Ticketmaster) e que em 2021 teve receitas de 8,6 mil milhões de dólares.
Francamente, a Formula 1 não necessita de uma coisa destas, mas se nada for feito, então era provável que teríamos algo que estaria fora da lei. E nisso, o Estado americano não perdoa.
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