segunda-feira, 3 de junho de 2024

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Há 40 anos, acontecia o GP do Mónaco de 1984... perdão, o meio-GP do Mónaco, que acabou na volta 31, com a intervenção do diretor de corrida. A primeira corrida molhada da temporada - acabou por ser a única - começou com 45 minutos de atraso, mas a chuva foi constante, chegando a um ponto onde esta começou a cair com mais intensidade, provocando a interrupção da corrida. 

Contudo, essa interrupção tinha de ser apenas com a bandeira vermelha. E ao lado, estava uma de xadrez, a que causou o final da corrida. E tinha acontecido quando Alain Prost, o líder da corrida, estava a ser apanhado pelo Toleman de um jovem novato chamado Ayrton Senna. Contudo, o diretor de corrida era uma pessoa de 39 anos com passado de automobilismo: o belga Jacky Ickx. E nessa altura, ele podia já ter ido embora da Formula 1, mas estava na Endurance, a correr oficialmente pela Porsche. E logo no momento em que ele estacionou o seu McLaren na meta, começaram a chover acusações de favorecimento à McLaren, que tinha motores... Porsche. Bom, não oficialmente - Mansour Ojjeh encomendou à marca a construção de motores Turbo - mas estão a wer no que isto iria dar.

O burburinho foi grande, mas a FIA e a FISA decidiram, algum tempo depois, multar Ickx em cinco mil dólares e retirar a licença de diretor de corrida porque, alegadamente, não comunicou a decisão com os comissários da corrida. Ou seja, decidiu por ele mesmo.

A grande ironia dessa decisão é que com os 4,5 pontos que Prost ganhou com esta corrida... perdeu o título mundial pelo famoso meio ponto. Caso, por exemplo, tivesse ficado em segundo lugar, teria três pontos, que... não resolveriam nada. Perderia o título no Estoril na mesma, se Lauda acabasse em segundo. A diferença ficaria em dois pontos, que continuaria a ser das mais pequenas da Formula 1. 

Anos depois, quando comecei nestas lides - creio que foi no primeiro ano - escrevi sobre este Grande Prémio. Até aqui, tudo bem, um artigo bem feito, com fontes e tal, e depois apareceu um sujeito muito insistente, afirmando - dizendo melhor, contestando - a história do Ickx. Eu defendi a minha dama, mas as coisas chegaram ao ponto de acusar, por portas travessas, que não estava a contar a verdade. Não sabia na altura, mas tinha acabado de colidir com um fanático. Daqueles que conhecemos na Net e agora são umas pragas. Coloquei a mim mesmo em dúvida, e ele começou a colocar-me em dúvida. Existiu mesmo? Ele tinha razão e eu não? Estava a consultar fontes erradas? Pedi ajuda a alguns colegas meus sobre este assunto.

Obtive a resposta anos depois, graças ao Luís Alberto Pandini. Era um recorte de jornal, de outubro de 1984, alturas do GP de Portugal, que explicava uma decisão da FIA, em Paris, com a multa e a revogação da licença. No final, tinha razão, e ele me dera a prova que procurava. Saía-me reforçado. E há umas semanas, redescobri o troll na rede do passarinho. Continua a assombrar os outros. Ao contrário da enorme maioria, este é real, não é um bot construido numa fábrica num canto obscuro. Um fanático. 

Que bloqueei preventivamente, em nome da minha saúde mental.      

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