Os rumores da Formula 1 estavam a todo o gás em Zandvoort, naquele final de semana de agosto de 1984. A Williams sabia que iria perer Jacques Laffite no final da temporada, provavelmente regressando à Ligier e ao seu amigo e fundador, Guy Ligier. Frank Williams não queria perder tempo e achou por bem assinar com Nigel Mansell, que estava na Lotus e do qual Peter Warr não o queria ver, nem pintado às cores.
Mansell, que estava na sua quarta temporada completa na Formula 1, fora uma escolha de Colin Chapman, que sempre gostou do seu estilo aguerrido, embora a sua carreira poderia ter acabado muito mal devido a dois acidentes bem feios nas classes de formação: um em 1977, na Formula Ford, e outro em 1979 na Formula 3, onde o risco de ficar paralisado do pescoço para baixo em ambas as ocasiões tinha sido bem sério.
Quando Chapman notou nele e o convidou para um teste, Mansell aceitou. Só que estava ainda em convalescença, e disfarçando as dores com comprimidos, ele foi a Paul Ricard para correr. Afinal de contas, era um lugar em jogo para 1980. Este ficou para Elio de Angelis, mas ele foi retido para ser piloto de testes. No final dessa temporada, acabou por correr em três provas, e em 1981, ficou a tempo inteiro.
Mansell sempre teve apreço por Chapman, pelas oportunidades que ele deu. A certa altura, em 1982, decidiu aceitar 10 mil libras para correr as 24 Horas de Le Mans desse ano, mas Chapman deu esse dinheiro... para não correr! E Chapman foi o único que o segurou, e acreditou nele, especialmente quando algumas semanas depois, assinou uma extensão do contrato na Lotus até 1984, que o tornou muito rico. Porque? Ora, tudo o resto dentro da Lotus era contra ele. David Thiemme, o homem por trás da Essex, não o queria. E claro, Peter Warr nunca gostou dele. Primeiro, porque achava que Elio de Angelis era mais rápido que ele, depois, gestos na pista que levaram a que se perdesse a confiança nele. Por exemplo, a famosa frase "nunca ganhará corridas enquanto eu tiver um buraco no c*", aconteceu depois de Mansell ter batido na subida para o Massenet, no famoso GP do Mónaco de 1984, quando liderava com folga.
Portanto, podem imaginar como Mansell se sentiu quando soube da morte súbita de Chapman, em dezembro de 1982, aos 54 anos. Aquilo se tornou num lugar bem hostil, onde tudo o que fazia estava sob escrutínio.
Mansell era agressivo, de facto. Até demais. Mas certos gestos na pista o colocavam nas atenções dos fãs, embora muita gente achava que Derek Warwick era a grande esperança britânica para o futuro. Aliás, quando Frank Williams foi à procura do britânico que ficaria com o lugar de Laffite em 1985, procurou primeiro Warwick, que estava na Renault. Ele bem refletiu, mas não confiava no motor Honda, que quebrava constantemente. Assim sendo, decidiu ficar mais uma temporada na marca do losango. Mansell acabou por ser a segunda opção. E nem aceitou à primeira: chegou a ter conversações com a Arrows, não se sabe até que ponto estas foram avançadas ou não. Mansell aceitou à segunda no fima de semana do GP neerlandês, e foi bem a tempo: é que Peter Warr já tinha os olhos num jovem brasileiro que começava a dar nas vistas numa mais pequena equipa, a Toleman.
Mas essa é estória para outro dia.
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