E tudo começa com um americano que se deu bem na Europa, duas décadas antes.
Roy Winkelmann tinha uma equipa bem sucedida na Formula 2, no final dos anos 60, onde correram pilotos como Jochen Rindt, por exemplo. Contudo, nunca esteve interessado na Formula 1, apesar de ter meios para isso - anos depois, soube-se que ele tinha trabalhado para o exército americano na Alemanha, e há quem jure que o financiamento da sua equipa vinha da CIA...
Mas nos anos 80, Winkelmann tinha regressado aos Estados Unidos e o bicho do automobilismo tinha reavivado, com a ideia de construir uma equipa na CART, a competição organizada pelos proprietários, como Roger Penske, Dan Gurney, Carl Haas e outros. E queria um chassis que não fosse ou March ou Lola, e procurou a Lotus, com o objetivo de desenhar um chassis. Em 1984, o projetista-chefe era Gerard Ducarouge.
Depois da visita, ele pediu ao seu assistente, Mike Coulghan, desenhar um carro que tinha como base o modelo 95T, que estava na Formula 1 nessa temporada, que deu o nome de 96T, mas com especificidades para a série americana, especialmente as 500 Milhas de Indianápolis. Seria feito de fibra de carbono, com uma célula de sobrevivência feira de alumínio em formato colmeia, onde, sendo mais lewe, seria muito mais forte que os outros chassis. O motor seria um Cosworth de fábrica, baseado nos DFX que quase todos usavam na altura, mas mais potente e melhor desenhado, já que dos outros, a Cosworth mexia muito pouco.
O carro começou a ser testado, e Winkelmann chegou a contratar Al Unser Jr, mas quando as outras equipas começaram a saber do projeto, reagiram. Não ficaram felizes por saber que uma equipa de fábrica estava a desenhar um carro para uma determinada equipa, e que iria baralhar as coisas no panorama da competição, e começaram a mostrar a sua hostilidade. Primeiro, com as promessas de patrocínio a não se concretizarem, e depois, quando Unser Jr foi para outra equipa, contactaram outros pilotos para o projeto, mas no final, não se comprometerem a guiar o carro, porque não queriam colocar as suas carreiras em jogo. No final, por falta de dinheiro, o projeto acabou por morrer.
Mas teria sido bem engraçado ver alguém de fora numa competição como aquela. E ao contrário do Ferrari 637, o modelo de IndyCar que foi construído anos depois, só por teimosia de Enzo Ferrari, que queria os motores de 12 cilindros de volta em 1989, no regresso dos aspirados, ali não foi por capricho, mas sim por uma encomenda com intenção de correr num campeonato que já nos anos 80, era atraente.
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