sexta-feira, 4 de abril de 2025

Minardi, 40 anos: Parte um, a Pré-História


Há 40 anos, a Formula 1 recebia no quente asfalto de Jacaepaguá, no Rio de Janeiro, mais uma nova equipa na competição. Vinda de Itália, com apenas um carro inscrito, a Minardi não vinha totalmente “virgem”: tinha experiência nas competições de formação, e alguns dos pilotos que passaram num passado mais recente, também estavam na Formula 1.

O que não se sabia era que esta pequena equipa, do qual muitos pensariam que ficaria por pouco tempo, acabaria por resistir por 21 temporadas, e mesmo sem ter conseguido vitórias, pódios ou outros resultados de relevo, tornou-se numa equipa pequena com um enorme número de seguidores, um grande favorito dentro do “paddock” e o símbolo de uma equipa artesã, o último resistente de uma Formula 1 num tempo em que se transicionava para a alta tecnologia, para a crescente profissionalização e para orçamentos crescentes, apenas pagos por marcas de automóveis como Mercedes ou Toyota.

E nessa história, alguns nomes ficaram na mente dos fãs, como Giancarlo Minardi, o fundaor e a alma da equipa, e pilotos como Pierluigi Martini, o primeiro piloto de sempre na Formula 1, naquela tarde de março no Brasil.


PRÉ-HISTÓRIA


Para falar da Minardi... não direi que temos de ir até ao momento em que o ser humano descobriu o fogo, ou quando Giuseppe Garibaldi unificou a Itália, em 1860, mas se eu falar sobre a história do automóvel... é quase. 

O envolvimento deste nome do automobilismo é anterior ao nascimento de Giancarlo Minardi, a 18 de setembro de 1947, em Faenza. A localidade fica na região da Emilia-Romagna, a menos de 10 quilómetros de Imola, no sentido da estrada para Bolonha, e não muito longe de Modena, a sede da Ferrari. O avô de Minardi tinha um concessionário da Fiat na cidade, e o pai de Giancarlo, Giovanni, competiu no automobilismo depois da guerra, ao mesmo tempo que o concessionário se tornava num dos mais importantes da região. 

Algures nos anos 50, foi construído um carro, o GM75, com um motor de seis cilindros, totalmente artesanal. Rino Ferniani, amigo de Giovanni Minardi, pilota o carro co Circuito del Garda e até se dá bem, antes de se retirar. 


Contudo, as coisas avançaram no inicio dos anos 70, quando Giancarlo Minardi, então com 25 anos, vai para a Scuderia del Passatore. Essa equipa participava na Formula Itália e na Formula 3 italiana, e no ano de 1974, conseguem um acordo com a firma Everest, que produzia acessórios para automóveis, onde se inscreveriam para a Formula 2 europeia. O seu piloto é o seu compatriota Giancarlo Martini, e no inicio de 1976, conseguem algo (então) invulgar: um Ferrari 312T, para participar na Race of Champions, em Brands Hatch, uma corrida extra-campeonato da Formula 1. Tudo graças a uma relação de amizade com Enzo Ferrari. Pouco depois, também correriam na International Trophy, em Silverstone, outra corrida extra-campeonato. Ambos os resultados foram modestos, mas o sabor ficou na boca. 

Pelo meio, as temporadas nas Formulas de acesso tinham resultados dispares. Lamberto Leoni foi vice-campeão em 1974 na Formula Itália, em 1976 e 77 tinha como piloto Elio de Angelis, e depois, em algumas corridas de 1978 e 79, teve a bordo o suíço Clay Regazzoni. Todos eles aconteceram com a Minardi a correr com chassis March e motor BMW.

Contudo, no final de 1979, com a entrada de Piero Mancini, financiador, Minardi, então com 32 anos, estava pronto para dar o passo seguinte: construir o seu próprio chassis, pelo menos. 


O primeiro chassis próprio aparece em 1980, na Formula 2, é desenhado por Giacomo Caliri (que tinha desenhado o Fittipaldi F5A), e será pilotado pelo argentino Miguel Angel Guerra. Com alguns resultados, no ano seguinte alarga para outros pilotos, o mais importante deles era Michele Alboreto. O Minardi 281 consegue uma vitória em Misano, conseguindo mais uma pole-position, em Pau, e um pódio, em Enna-Pergusa. E tudo isto enquanto Alboreto dava os primeiros passos na Formula 1, pela Tyrrell. Companheiro de equipa de Alboreto nessa temporada era o venezuelano Johnny Ceccoto, que conseguiu um quarto lugar em Thruxton, antes de se transferir para a equipa oficial da March e acabar por ser campeão em 1982.

Nessa temporada, contrataram outro italiano, Alessandro Nannini, onde conseguiu um segundo lugar na última corrida do ano, em Misano. Ele continuou em 1983, onde conseguiu outro segundo lugar, no Nurburgeing Nordschleife. Os seus companheiros de equipa eram o argentino Oscar Larrauri, o italiano Aldo Bertuzzi e... Enzo Coloni, futuro fundador da equipa com o seu nome.

Para 1984, Minardi teria Nannini pela terceira temporada seguida, ao lado de Lamberto Leoni, já Minardi decidiu pensar em ir para a categoria seguinte, porque a prória categoria iria mudar, transformando-se na Formula 3000. E claro, ir para a Formula 1 foi uma inevitabilidade. 


No próximo capitulo, falarei do projeto para construir o primeiro chassis, como o piloto escolhido teve uma estreia de fogo e como nos anos seguintes, eles lutaram pela sobrevivência antes de alcançarem os primeiros resultados positivos. E como, por exemplo, o piloto inicialmente escolhido não foi aprovado porque não tinha a Super-Licença obrigatória, passada, não pela FIA, mas... pela Federação Italiana de Automobilismo! 

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