quinta-feira, 29 de maio de 2025

O regresso de Marrocos?


A Formula 1 procura desde há algum tempo um lugar para ter uma corrida em África. Também é um desejo de Lewis Hamilton, porque quer correr naquele continente antes de se retirar. Como sabem, a Formula 1 não corre naquele continente desde 1993, com a falência dos promotores do circuito de Kyalami, nos arredores de Joanesburgo, na África do Sul, mas recentemente, com novos proprietários e obras profundas de remodelação, a pista está pronta e anda a tentar um Grau 1 da FIA, mas está a ser algo complicado. 

Também há ideias de um GP do Ruanda, para ser construído por um consórcio liderado pelo ex-piloto e ex-líder da GPDA, a Grand Prix Drivers Association, Alexander Wurz, mas o interesse pode ter arrefecido há uns tempos a esta parte por causa das questões politicas no país - milícias apoiadas pelo governo de Kigali invadiram e conquistaram parte do leste do Congo - e no final de semana do GP do Mónaco, surgiu fortemente a ideia de um terceiro lugar para receber um Grande Prémio: Marrocos. 


Falou-se deste país no norte de África há um tempo, mas isso foi descartado por causa de outras prioridades desportivas, nomeadamente o Mundial de 2030, que será partilhado com Espanha e Portugal (e com jogos na Argentina, Uruguai e Paraguai). Casablanca, por exemplo, quer construir o maior estádio do mundo, que levaria 115 mil espectadores - bem menos que os 200 mil que, um dia, o Estádio do Maracanã levou - logo, os recursos do país iriam ser canalizados para esse evento. 

Mas esta semana, o Joe Saward conta que no fim de semana do GP monegasco, representantes do governo de Marrocos andaram a falar com Stefano Domenicalli sobre a possibilidade de investir até 1500 milões de dólares (ou 1,5 biliões, se ler isto no Brasil) perto de um lugar chamado Al Houara, perto de Tanger, na costa atlântica. Não é um deserto total - há um hotel de cinco estrelas, aberto em 2019, o aeroporto Ibn Batouta também não anda longe dali, bem como a auto-estrada Casablanca - Tanger - Rabat e a linha de alta velocidade estão ali perto - logo, um investimento em tal projeto poderá acontecer, com dinheiro do Qatar, por exemplo. 

Para além disso, Marrocos tem mais algumas coisas importantes. A industria automóvel é um setor importante - exportaram meio milhão de carros em 2024 - e a sua localização, perto da Europa, permitirá, por exemplo, aumentar o tráfego de "ferryboats" e também, em termos de calendário, compensar a queda de alguma corrida na Europa, agora que sabemos que Zandvoort não volta, Barcelona e Imola acabam em breve os seus contatos, e Spa aparecerá ano sim, ano não. Isto porque as corridas de Formula 1, como conhecemos, são permanentemente deficitárias. Pelo menos, na Europa.


Mas caso tudo isto aconteça, é provável que, na melhor das hipóteses, será no final da década. E se assim for, acontecerá mais de 70 anos depois da única vez que a Formula 1 lá foi, em 1958, na pista de Ain Diab, nos arredores de Casablanca, para decidir o campeonato desse ano, ganho pelo britânico Mike Hawthorn, sobre Stirling Moss, e também viu o acidente mortal de Stuart Lewis-Evans.   

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