quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Extra-Campeonato: o Elvis Vermelho

No dia em que se fazem 30 anos sobre a morte de Elvis Presley, o "rei do Rock and Roll", descobri um artigo do "Diário de Noticias" que fala sobre Dan Reed, um anónimo cantor na América que se tornou num ídolo de milhões no Outro Lado da Cortina de Ferro, e que foi viver na Alemanha do Leste, morrendo em circunstâncias misteriosas em 1986. A razão do rescuscitar deste nome obscuro? Um documentário alemão que retrata a vida do "Elvis Vermelho".

"Chamava-se Dean Reed, nasceu nos EUA, era cantor de pouco sucesso no seu país e foi viver para a América do Sul , onde ganhou popularidade, era conhecido por "Mr. Simpatia" e se converteu ao marxismo. Em 1973, depois de ter entrado em anúncios e westerns spagheti em Itália, instalou-se na ex-RDA, transformando-se no "Elvis Vermelho" - a resposta do Bloco de Leste a Elvis Presley.


A incrível história deste baladeiro folk/country americano que se transformou num instrumento de propaganda comunista e anti-EUA, que defendeu a construção do Muro de Berlim e a invasão soviética do Afeganistão e participou na campanha eleitoral de Salvador Allende, mas nunca renunciou à cidadania americana e todos os anos entregava a declaração de impostos no país natal, é contada no documentário "Der Rote Elvis" (O Elvis Vermelho), de Leopold Grün, estreado na Alemanha.


Natural do Colorado, o all-american Reed, de cabeleira loura e sorriso de anúncio a pasta dentífrica, é, segundo Grün,"uma personagem ambivalente. Foi aclamado em toda a órbita comunista, porque era o americano que queimava bandeiras dos EUA, e era um perfeito desconhecido no país de onde procedia".


O filme conta com testemunhos de personalidades que conheceram Dean Reed, caso do actor Armin Müller-Stahl e da escritora Isabel Allende (que teve um fraquinho por ele) e mostra o criador de canções como "I Kissed a Queen", "Our Summer Romance" e "Whirly Twirly" a beijar Yasser Arafat, a erguer uma arma e uma guitarra no Líbano e a filmar na Praça Vermelha de Moscovo, juntamente com imagens dos piores filmes de propaganda em que participou na ex-RDA. São também lembradas as suas mulheres e amantes.


O ocaso da ideologia comunista coincidiu com a perda de popularidade de Dean Reed no Leste, e em 1986, o cantor militante foi encontrado morto num lago perto de sua casa, em Berlim Leste. A última mulher, Renate, disse que ele tinha saudades de casa, dos EUA. A versão oficial foi de que Reed se tinha afogado acidentalmente, enquanto os amigos falavam em suicídio e a família, nos EUA, dizia que ele tinha sido assassinado.


Chuck Laszewiki, biógrafo do cantor (Rock'n'Roll Radical: The Life and Mysterious Death of Dean Reed), teve acesso à sua ficha da Stasi e revelou no citado livro que Reed se suicidou. Mas as autoridades comunistas ocultaram o facto, com medo que "lançasse o desânimo" nos cidadãos da ex-RDA.

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