Este Grande Prémio está nos livros de história por dois bons motivos: foi a primeira vez que se viu, oficialmente, um aerofólio pregado num carro de Formula 1, e também foi o palco da primeira vitória da McLaren na sua história, através do seu fundador, Bruce McLaren.
O ano de 1968 estava a ser muito agitado, e marcante em todos os sentidos. A Lotus tinha começado a correr com patrocínios exteriores, nomeadamente o da Imperial Tobacco, fazendo com que os carros substituíssem o British Racing Green pelo vermelho e dourado da Gold Leaf.
Por outro lado, a equipa de Colin Chapman estava em ferida: Jim Clark tinha morto há dois meses atrás, num acidente de Formula 2 em Hockenheim, e Mike Spence, outro piloto da Lotus, tinha morrido um mês mais tarde, nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, testando o Lotus 56 Turbina. Portanto, as coisas andavam um pouco agitadas. Como dizia então Chris Amon: “Muitos de nós pensávamos que éramos inatingíveis, e isso (Jim Clark) acabou ali…”
Para piorar as coisas, outra tragédia iria abalar o pelotão nesse fim de semana, embora indirectamente: a algumas centenas de quilómetros dali, em Berchtesgaden, nos Alpes Alemães, o sitio onde trinta anos antes se situava o “Ninho da Águia” de Adolf Hitler, o italiano Lucovico Scarfiotti tem um acidente mortal a bordo de um Porsche 910, quando disputava o Europeu de Montanha. Era piloto oficial da Cooper e tinha sido quarto na corrida anterior, no Mónaco. Tinha faltado a esta corrida para fazer um favor ao seu amigo Huscke von Hastein, o manager da Porsche nesse tempo, pois era um dos melhores pilotos europeus da categoria ( tinha sido bi-campeão em 1962 e 65)
Mas esse grande prémio iria marcar a estreia oficial de um elemento que irá perdurar até aos nossos dias: os aérofólios. Desde que no ano anterior, o Chaparral da Can-Am usava um apêndice aerodinâmico na sua traseira, como forma para ganhar maior carga aerodinâmica e segurar os carros, principalmente em curva. No início do ano, Jim Clark tinha testado isso numa prova da Tasman Séries, na Nova Zelândia, e tal coisa tinha sido observada por Gianni Marelli, engenheiro de pista de Chris Amon, então na Ferrari. Marelli decidiu tirar fotografias de todos os ângulos, para poder observar melhor…
Spa-Francochamps era ideal para a colocação de aérofólios: no ano anterior, Lotus e Brabham tinham pequenos “bigodes” na frente dos seus carros. Na corrida anterior, no Mónaco, Graham Hill tinha uma pequena saliência na traseira do seu Lotus 49. Mas foi a Ferrari que surpreendeu tudo e todos ao aparecer em Spa com aérofólios traseiros, já preparados para o circuito. A Brabham também os tinha, mas não previam a sua instalação. Tiveram que os montar à pressa…
Passando para a corrida, foi um fim-de-semana chuvoso, principalmente no Sábado. Amon mostrou que o novo conceito resultava e marcou a “pole-position”, seguido por Jackie Stewart e Jacky Icxx, noutro Ferrari. Bruce McLaren era sexto, Graham Hill era 14º, com problemas no seu Lotus.
No Domingo, a chuva tinha parado, e a corrida decorreu em piso seco. Na partida, Amon foi para a frente, seguido por Stewart, Icxx e McLaren. As coisas andaram mais ou menos bem até à volta oito, quando o radiador de Chris Amon ficou destruído devido a uma pedra, fazendo com que o motor se sobreaquecesse. Sendo assim, quem foi para a frente fora Jackie Stewart, seguido de McLaren, Icxx e Pedro Rodriguez, num BRM. O neo-zelandês e o escocês estiveram lutando pelo comando, mas o piloto da Matra levou a melhor, até que na última volta… golpe de teatro. O carro ficava sem gasolina! O consumo foi mal calculado, e o escocês ficava a pé. Contudo, nem tudo era mau, pois acabou classificado na quarta posição.
Quem herdava aquela vitória era Bruce McLaren, que assim conseguia a sua primeira vitória para a sua equipa, a primeira de 155. Mas esta também seria a quarta e última vitória de McLaren da sua conta pessoal. Morreria a 2 de Junho de 1970, quando testava um McLaren M8A de Can-Am, no circuito de Goodwood.
A acompanhá-lo no pódio estiveram o mexicano Pedro Rodriguez, num BRM, e o piloto da casa, Jacky Ickx, num Ferrari. Era o primeiro pódio da sua longa carreira, no seu quinto Grande Prémio na Formula 1. Depois de Jackie Stewart, os últimos dois pilotos a acabar nos pontos foram Jackie Oliver, num Lotus, e o belga Lucien Bianchi, num Cooper - BRM.
O pelotão da Formula 1 tinha visto um vislumbre do futuro. A partir dali, nada iria ser como dantes, e nos meses seguinte, iria-se ver todo o tipo de experiências para verificar a eficácia das asas, levando a conceitos cada vez mais loucos… e cada vez mais perigosos.
O ano de 1968 estava a ser muito agitado, e marcante em todos os sentidos. A Lotus tinha começado a correr com patrocínios exteriores, nomeadamente o da Imperial Tobacco, fazendo com que os carros substituíssem o British Racing Green pelo vermelho e dourado da Gold Leaf.
Por outro lado, a equipa de Colin Chapman estava em ferida: Jim Clark tinha morto há dois meses atrás, num acidente de Formula 2 em Hockenheim, e Mike Spence, outro piloto da Lotus, tinha morrido um mês mais tarde, nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis, testando o Lotus 56 Turbina. Portanto, as coisas andavam um pouco agitadas. Como dizia então Chris Amon: “Muitos de nós pensávamos que éramos inatingíveis, e isso (Jim Clark) acabou ali…”
Para piorar as coisas, outra tragédia iria abalar o pelotão nesse fim de semana, embora indirectamente: a algumas centenas de quilómetros dali, em Berchtesgaden, nos Alpes Alemães, o sitio onde trinta anos antes se situava o “Ninho da Águia” de Adolf Hitler, o italiano Lucovico Scarfiotti tem um acidente mortal a bordo de um Porsche 910, quando disputava o Europeu de Montanha. Era piloto oficial da Cooper e tinha sido quarto na corrida anterior, no Mónaco. Tinha faltado a esta corrida para fazer um favor ao seu amigo Huscke von Hastein, o manager da Porsche nesse tempo, pois era um dos melhores pilotos europeus da categoria ( tinha sido bi-campeão em 1962 e 65)
Mas esse grande prémio iria marcar a estreia oficial de um elemento que irá perdurar até aos nossos dias: os aérofólios. Desde que no ano anterior, o Chaparral da Can-Am usava um apêndice aerodinâmico na sua traseira, como forma para ganhar maior carga aerodinâmica e segurar os carros, principalmente em curva. No início do ano, Jim Clark tinha testado isso numa prova da Tasman Séries, na Nova Zelândia, e tal coisa tinha sido observada por Gianni Marelli, engenheiro de pista de Chris Amon, então na Ferrari. Marelli decidiu tirar fotografias de todos os ângulos, para poder observar melhor…
Spa-Francochamps era ideal para a colocação de aérofólios: no ano anterior, Lotus e Brabham tinham pequenos “bigodes” na frente dos seus carros. Na corrida anterior, no Mónaco, Graham Hill tinha uma pequena saliência na traseira do seu Lotus 49. Mas foi a Ferrari que surpreendeu tudo e todos ao aparecer em Spa com aérofólios traseiros, já preparados para o circuito. A Brabham também os tinha, mas não previam a sua instalação. Tiveram que os montar à pressa…
Passando para a corrida, foi um fim-de-semana chuvoso, principalmente no Sábado. Amon mostrou que o novo conceito resultava e marcou a “pole-position”, seguido por Jackie Stewart e Jacky Icxx, noutro Ferrari. Bruce McLaren era sexto, Graham Hill era 14º, com problemas no seu Lotus.
No Domingo, a chuva tinha parado, e a corrida decorreu em piso seco. Na partida, Amon foi para a frente, seguido por Stewart, Icxx e McLaren. As coisas andaram mais ou menos bem até à volta oito, quando o radiador de Chris Amon ficou destruído devido a uma pedra, fazendo com que o motor se sobreaquecesse. Sendo assim, quem foi para a frente fora Jackie Stewart, seguido de McLaren, Icxx e Pedro Rodriguez, num BRM. O neo-zelandês e o escocês estiveram lutando pelo comando, mas o piloto da Matra levou a melhor, até que na última volta… golpe de teatro. O carro ficava sem gasolina! O consumo foi mal calculado, e o escocês ficava a pé. Contudo, nem tudo era mau, pois acabou classificado na quarta posição.
Quem herdava aquela vitória era Bruce McLaren, que assim conseguia a sua primeira vitória para a sua equipa, a primeira de 155. Mas esta também seria a quarta e última vitória de McLaren da sua conta pessoal. Morreria a 2 de Junho de 1970, quando testava um McLaren M8A de Can-Am, no circuito de Goodwood.
A acompanhá-lo no pódio estiveram o mexicano Pedro Rodriguez, num BRM, e o piloto da casa, Jacky Ickx, num Ferrari. Era o primeiro pódio da sua longa carreira, no seu quinto Grande Prémio na Formula 1. Depois de Jackie Stewart, os últimos dois pilotos a acabar nos pontos foram Jackie Oliver, num Lotus, e o belga Lucien Bianchi, num Cooper - BRM.
O pelotão da Formula 1 tinha visto um vislumbre do futuro. A partir dali, nada iria ser como dantes, e nos meses seguinte, iria-se ver todo o tipo de experiências para verificar a eficácia das asas, levando a conceitos cada vez mais loucos… e cada vez mais perigosos.
Muito bom post, como todos os anteriores... Força!
ResponderEliminarFica bem,
Miguel
Legal as fotos dos carros e do cartaz !!!!!
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