terça-feira, 2 de outubro de 2007

O piloto do dia - Dennis Hulme (1ª parte)

Hoje falo de um campeão invulgar: um piloto que amava a competição e que morreu fazendo parte dela. Filho de um herói de guerra, à sua maneira superou os feitos do seu pai. O seu feitio irascível, fez com que o chamassem de "O Urso”. Hoje, falo de Dennis Hulme, 40 anos depois do seu título mundial e 15 anos depois da sua morte.


Denis Clive "Denny" Hulme nasceu a 18 de Junho de 1936 em Te Puke, a parte Sul do arquipélago neo-zelandês. O seu pai. Alfred Hulme (1911-1982), cultivava tabaco, e foi mobilizado na II Guerra Mundial, tendo sido condecorado com a Victoria Cross (a mais alta condecoração britânica) pelo seu papel na evacuação de Creta, em Junho de 1941. Nessa altura, matou mais de 30 “snipers” alemães, disfarçado de oficial da Wermacht…


Aos 16 anos, Dennis sai da escola para ser mecânico. Com o dinheiro ganho, compra um MG TF para as competições de rampa. O seu estilo de conduzir, descalço, fez com que ganhasse a alcunha de “o descalço de Te Puke”. Com o tempo, e o dinheiro dos prémios ganhos nas competições, compra um Cooper – Clímax, e as suas vitórias em pista fazem com que seja escolhido para o programa “New Zeland Driver for Europe”, que tinha escolhido anteriormente compatriotas seus, como Bruce McLaren e Chris Amon.


Quando chegou à Europa, foi trabalhar na garagem de Jack Brabham como mecânico, como forma de cobrir as despesas. Em 1961, vai correr nas 24 Horas de Le Mans, onde é notado por Ken Tyrrell, que o convida para conduzir na sua equipa de Formula 2. No ano seguinte, mostra o seu talento, ganhando algumas provas. O que faz com que seja chamado pelo seu antigo patrão, Jack Brabham, para correr na sua equipa de Formula 2 em 1963. Nesse ano, a máquina era imbatível, fazendo com que ambos acabassem como campeão e vice-campeão da modalidade, com o veterano australiano a levar a melhor.


Em 1964, continuou na Formula 2, embora tenha tido oportunidade de se estrear na Formula 1, mas apenas em eventos não oficiais. A sua estreia a sério ocorre em 1965, no Grande Prémio do Mónaco. Termina a prova em oitavo lugar. Mais tarde, em Clermont-Ferrand e em Nurburgring, Hulme leva o seu Brabham aos pontos, fazendo com que acabasse com cinco pontos, no 11º lugar.


Em 1966, efectua o seu campeonato na Brabham, onde consegue quatro pódios, sendo o seu melhor um segundo lugar em Brands Hatch. Ao mesmo tempo, Hulme começa a correr numa nova competição automóvel que surgia no outro lado do Atlântico: a Can-Am. Sem conseguir pontos, foi uma excelente oportunidade para conhecer os circuitos norte-americanos, e desenvolver a sua amizade e parceria com outro compatriota: Bruce McLaren. No final da temporada da Formula 1, Hulme leva para casa o quarto lugar da classificação, com 18 pontos, resultantes de quatro pódios e uma volta mais rápida.



O ano de 1967 começa com um alto astral na Brabham: “Black Jack” era, aos 40 anos, o novo campeão do Mundo, e Dennis Hulme era um excelente segundo piloto. Tinham os melhores motores da época, os Repco, que não eram mais do que motores de base Clímax, desenvolvidos por esta preparadora australiana. Os Lotus 49 ainda não estavam prontos, e a Ferrari estava mais concentrada nos Carros de Sport, eram os naturais favoritos para alcançar um novo triunfo nos pilotos e nos construtores.



Foi um “affaire” interno: começou no Mónaco, onde o neo-zelandês alcançou a sua primeira vitória da sua carreira, depois de um intenso duelo com o Ferrari do italiano Lorenzo Bandini, que acabou tragicamente na Chicane do Porto, quando o seu carro bateu nos fardos de palha e se incendiou. Voltaria a ganhar em Nurburgring, o “Inferno Verde”, onde um dos prémios era o seu peso equivalente em chocolate. Esse prémio foi depois distribuído pelos orfanatos da zona. Para além dessas duas vitórias, Hulme terminou na maior parte das vezes em lugares do pódio, e essa regularidade foi compensada no final da temporada com o título mundial, o primeiro (e até agora único) para a Nova Zelândia, com 55 pontos, resultante de duas vitórias, oito pódios e duas voltas mais rápidas.


Entretanto, na Can-Am, ao volante de um McLaren, torna-se vice-campeão da categoria, atrás do seu compatriota e patrão Bruce. No mesmo ano, estreia-se nas 500 Milhas de Indianápolis, onde termina num respeitável quarto lugar, tendo sido eleito o “Rookie do Ano” na mítica prova.


Em 1968, com o título mundial no bolso, decide aceitar o convite do seu compatriota, e vai correr para a McLaren, que irá ser a sua equipa para o resto da sua carreira competitiva na Formula 1. (continua amanhã)

1 comentário:

  1. É por estas histórias que venho aqui todos os dias :)

    Parabéns e continua!

    Fica bem,
    Miguel

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...