Pois é, qualquer dia tinha que falar do homem que Nelson Piquet um dia socou só por ter-lhe estragado uma corrida. Pois bem: a carreira do unico piloto chileno a participar no Mundial de Formula 1 é bem mais vasta do que a categoria máxima do desporto automóvel. Muito popular no seu país, ele esteve em toas as categorias do automobilismo: desde os sport-Protótipos até aos ralis, passando pela CART e pela IRL. Falo-vos de Eliseo Salazar, que fez ontem 52 anos.
Eliseo Salazar Valenzuela nasceu a 14 de Novembro de 1955 em Santiago do Chile. Começou cedo a sua ligação ao automobilismo, primeiro como cronometrista num circuito dos arredores da capital do Chile,e depois como navegador em provas de rali. Em 1974 passa a competir a sério, a bordo de um Austin Mini.
Logo a seguir, passa para a Argentina, onde começou a competir na Formula 4, onde ganha o título em 1978. No ano seguinte, parte para a Europa, onde compete na Formula 3 britânica. Em 1980, passa para a Formula Aurora, que não era mais do que unma competição britânica, onde vários pilotos competiam com carros de Formula 1 já retirados de circulação. Contudo, alguns bons resulrados em Silverstrone e Brands Hatch fizeram com que alcançasse o vice-campeonato nesse ano.
Isso faz com que se impulsionasse para a categiroa principal: a Formula 1. Em 1981 passa a ser o primeiro (e até agora unico) piloto chileno a correr na categoria máxima. Começa o ano a competir na March, onde em seis tentativas, só corre em San Marino. A meio da época, vai para a Ensign, onde tem melhores resultados. A sua coroa de glória é um sexto lugar em Zandvoort. Esse ponto faz com que termine o campeonato de 1981 na 18ª posição.
No ano seguinte, Salazar teve com um pé na Lotus, mas foi preterido a favor de Nigel Mansell. Sendo assim, foi competir na equipa alemã ATS, de Gunther Schmidt. Fazendo companhia ao alemão Manfred Winkelhock, Salazar consegue um quinto lugar no famigerado GP de San Marino, boicotado pelas equipas FOCA, e onde os Ferrari de Gilles Villeneuve e Didier Pironi travaram um duelo cruel pela liderança. Contudo, o momento pelo qual Eliseo Salazar é mais lembrado não foi uma boa classificação, mas sim... uma desistência.
Tudo aconteceu no GP da Alemanha, em Hockenheim. Com o "paddock" abalado pelo acidente grave de Didier Pironi (exactamente três meses depois da morte do seu ex-companheiro Gilles Villeneuve...), na volta 20 da corrida, Nelson Piquet liderava calmamente a corrida no seu Brabham-BMW, quando dobrava o ATS do piloto chileno na Ostkurwe. Ambos os pilotos se desentenderam e abandonaram na hora. Fulo da vida, o brasileiro campeão do mundo não teve mais medidas e "descarregou a raiva" no pobre chileno.
Algum tempo depois, soube-se, através de um responsável da marca, que o motor BMW estava a dar as últimas, e que a colisão afinal, fez mais bem do que mal, pois o rebentamento de um motor alemão na Alemanha não era algo muito bem visto... sendo assim, Piquet telefonou a Salazar e ambos reconciliaram-se.
Entretanto, voltando à Formula 1, Salazar terminou a sua participação naquele ano na 22ª posição, com os dois pontos de Imola. No ano seguinte, tenta a sua sorte na RAM-Cosworth, mas as não-qualificações e a falta de dinheiro fizeram com que a sua participação na Formula 1 terminasse após o GP da Belgica.
Sendo, assim, a sua participação na categoria máxima do automobilismo ficou assim: 37 Grandes Prémios, em três temporadas (1981-83), três pontos.
Após a sua participação na Formula 1, foi para a Formula 3000, sem muito sucesso, e para a Formula 3 Sul-Americana. Para além disso, voltou aos ralies, onde foi campeão chileno de Montanha em 1985, a bordo de um Toyota Corolla.
Em 1988, Salazar vai para os Sport-Protótipos, para guiar os Jaguar oficiais nas 24 Horas de Le Mans até 1990, onde o melhor foi um oitavo lugar na prova de 1989. Após isso, deixa de competir até 1994, altura em que vai para os Estados Unidos para competir na IMSA, a bordo de um Ferrari 333 SP. No ano seguinte, muda-se para a CART, onde começa a sua participação nas 500 Milhas de Indianápolis, onde termina no quarto lugar.
Em 1996, vai para a IRL, quando acontece a cisão entre Tony George, o proprietário do Circuito de Indianápolis, e a CART. Com o carro da equipa Dick Simon, ganha uma corrida em 1997, na oval de Las Vegas (uma corrida à noite), e alcança bons resultados nas 500 Milhas, onde o seu melhor resultado nessa competição é um terceiro lugar, em 2000. Retira-se da IRL em 2002, depois de um grave acidente numa oval. Então, voltou para o Chile, onde especializou-se em Ralies, mas nunca esqueceu os circuitos: em 2005 fez uma perninha no GP Masters, substituindo Alan Jones na corrida inaugural, em Kyalami, onde foi quinto classificado.
O seu próximo projecto é especial: vai competir no Lisboa-Dakar de 2008, em principio a bordo de um "buggy" preparado pela Schlesser. Caso ele alinhe em Lisboa, no próximo Ano Novo, torna-se no primeiro piloto de sempre a alinhar ao longo da sua carreira no GP do Mónaco, nas 500 Milhas de Indianápolis, nas 24 Horas de Le Mans, e nas 24 Horas de Daytona. Uma carreira multifacetada, sem dúvida!
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