A pessoa que hoje vai ser referênciada é um piloto que hoje em dia conhecem por ser o primeiro americano a ser campeão do mundo de Formula 1. Mas o que muitos não sabem é que ele é muito mais do que isso. Tem a particularidade de ter ganho na primeira e última competição que participou, foi vencedor das 24 Horas de Le Mans e das 12 Horas de Sebring por três vezes, e foi um dos melhores pilotos jamais pilotou na Ferrari. E porque hoje faz 81 anos, falo de Phil Hill.
Phil Toll Hill Jr. nasceu a 20 de Abril de 1927, na cidade de Miami, na Florida. aos 9 anos, mudou-se com a familia para Santa Monica, na California, onde parendeu a conduzir automóveis em tenra idade. Cedo se tornou numa verdadeira obssessão, e aos 19 anos, em 1946, foi um dos doze fundadores do California Sportscar Club, e era dono de um MG TF. Em 1948, participa na sua primeira prova, no Carrell Speedway, perto de Los Angeles, onde foi o vencedor.
Dois anos depois, participa na primeira corrida em Peeble Beach (agora sede de uma exposição de automóveis antigos, o mais famoso da América), e em 1952, corre num Ferrari privado, de Allen Guiberson, na Carrera Panamericana, onde termina em sexto. No ano seguinte, participa pela primeira vez nas 12 Horas de Sebring, de novo num Ferrari, onde não consegue terminar a corrida. Algum tempo depois, na Panamericana desse ano, ao lado de Richie Ginther, sobreviveram por sorte a um acidente com um Ferrari 340 Mexico Vignale.
Em 1954, continua nas corridas de sport, onde obteve boas prestações nas 12 Horas de Sebring e na Carrera Panamericana, ainda com Ginther a seu lado. Na corrida mexicana, acaba em segundo, atrás de Umberto Magioli. No inicio de 1955, depois de acabar em segundo as 12 Horas de Sebring, com Carrol Shelby como seu companheiro, Luigi Chinetti, o homem da Ferrari nos Estados Unidos, convida-o para fazer parte da NART nas 24 Horas de Le Mans. Nâo caba a corrida, e assiste ao horrivel acidente de Levegh, que mata mais de 80 pessoas no circuito francês. No final de 1955, vai às Bahamas e ganha a Speed Week de Nassau.
Isso foi o suficiente para que Chinetti desse boas referências dele a Enzo Ferrari, e lhe desse um carro oficial para as 1000 km de Buenos Aires, onde correria ao lado do belga Olivier Gendebien. Acabaram em segundo. A partir daqui, torna-se num dos pilotos oficiais da Ferrari para os Carros de Turismo, indo viver para Itália. Guiando para a equipa oficial, e com pilotos que iam desde o Marquês Alfonso de Portago, até ao francês Maurice Trintignant, passando pelos pilotos da casa Umberto Magioli e Eugenio Castelloti, Hill acaba em terceiro nos 1000km de Nurburgring, desiste nas 24 Horas de Le Mans e ganha o GP da Suécia.
Depois de uma temporada 1957 sem grande história, a de 1958 é totalmente diferente: começa em Janeiro, ao ganhar os 1000 km de Buenos Aires e as 12 Horas de Sebring, tendo como companheiro o inglês Peter Collins. Em Junho, torna-se no primeiro americano a ganhar as 24 Horas de Le Mans, tendo Olivier Gendebien a seu lado. Nesta altura, começava a ficar frustrado pelo facto de Enzo Ferrari não lhe dar uma hipótese de guiar um dos seus carros de Formula 1. Assim sendo, a sua estreia, no GP de França em Reims, onde terminou na sétima posição, foi a bordo de um Maserati 250, inscrito pela Ecurie Bonnier.
Contudo, a sua chance de guiar pela Scuderia não tardava, mais pelas circunstâncias trágicas: Em pouco mais de três Grandes Prémios, o italiano Luigi Musso (Reims) e o inglês Peter Collins (Nurburgring) sofriam acidentes fatais, e Enzo Ferrari deu-lhe um volante, com instruções para ser o escudeiro de Mike Hawthorn, na sua caminhada para o título mundial. Em Monza, palco da sua estreia, causou boa impressão, lutando com Hawthorn, Stirling Moss e Stuart Lewis-Evans (ambos pela Vanwall) pelas posições da frente. No final, Hill foi terceiro e fez a volta mais rápida da corrida.
Na corrida seguinte, em Marrocos, repete o terceiro lugar, mas tem que ficar atrás de Hawthorn para que o inglês pudesse ganhar o título mundial, já que o seu principal rival, o seu compatriota Stirling Moss, tinha que ganhar e rezar para que o seu adversário ficasse abaixo do terceiro lugar. Assim não aconteceu e Hawthorn pode retirar-se com o título no bolso. Os nove pontos alcançados deram-lhe o 10º posto final.
Em 1959, as coisas na Ferrari foram um pouco piores, pois era uma altura cem que os Coopers de motor traseiro começaram a dominar os circuitos do Mundial. Phil Hill conseguiu três pódios e uma volta mais rápida em Monza, terminando no quarto posto do campeonato, com 20 pontos. Em 1960, as coisas correriam melhor, ao ganhar no inicio do ano os 1000 km de Buenos Aires, e na época de Formula 1, ganha a sua primeira prova, em Monza. Acaba a temporada na quinta posição, com 16 pontos e uma volta mais rápida.
No inicio de 1961, novos regulamentos entravam em acção, onde os motores eram de 1.5 Litros. A Ferrari, que se tinha empenhado para construir uma máquina vencedora logo na sua primeira temporada, apresentou o Tipo 156 "Nariz de Tubarão": pronto na primeira prova, no GP do Mónaco, começou a ganhar corridas na prova seguinte, na holanda, através de Wolfgang Von Trips. Phil Hill ganharia a prova seguinte, na Belgica, e acaba em segundo em Aintree e em terceiro no Nurburgring. Entretanto, nos Turismos, ganha pela segunda vez as 24 Horas de Le Mans, com Gendebien ao seu lado. No inicio desse ano, ambos tinham ganho as 12 Horas de Sebring.
Quando a Formula 1 chega a Monza, a luta pelo título era entre Hill e von Trips. Todos sabiam que o título ficaria nas mãos da Ferrari, restava saber quem seria o piloto que levaria o ceptro. Von Trips era o favorito, mas na volta 2, depois de se ter atrasado na partida, tem uma colisão com o Lotus de Jim Clark, e o seu Ferrari desgovernado vai para cima dos espectadores, matando a ele e a mais 14 espectadores. Phil Hill ganha a corrida e conquista o título, com 34 pontos, mas as comemorações foram amargas.
Em 1962, o Tipo 156 continuava, mas cedo foi batidos pelas máquinas britânicas da Lotus, com o seu modelo 25, e o BRM P57, que iria dar a Graham Hill (sem relação de parentesco) o seu título mundial. O melhor que o piloto americano conseguiu foram três pódios, sendo o melhor um segundo lugar no Mónaco. Nos Turismos, ganha uma terceira vez as 24 Horas de Le Mans, mas era um paliativo para o que acontecia na equipa. Entretanto, as tensões dentro da Ferrari agudizavam entre Enzo Ferrari e parte da sua equipa técnica, e no final do ano, um grupo de engenheiros, liderado por Carlo Chiti, pelo projectista Giotto Bizzarini e pelo manager Romolo Tavoni, entre outros, saem da Ferrari para fundar a Automobili Turismo e Sport (ATS).
Phil Hill e Giancarlo Baghetti juntaram-se a eles, julgando que assim poderiam desafiar a Ferrari no seu campo. Os resultados foram desastrosos, e nenhum dos dois conseguiu qualquer ponto. Em 1964, passou para a Cooper, mas os seus dias de glória de ambos (piloto e equipa) já iam longe. Hill apenas conseguiria um sexto lugar em Brands Hatch. Entretanto, ajudava a Ford a desenvolver o projecto GT40 para tentar bater os Ferrari em Le Mans.
Em 1966, junta-se a outro americano, Jim Hall, que desenvolvia o protótipo Chaparral, que iria ter mais tarde uma radical asa traseira, o primeiro carro de turismo a ter um desses dispositivos, bem antes da Formula 1. Hill, com Jo Bonnier a seu lado, ganhou os 1000 km de Nurburging, a bordo de tal carro. ainda ganhou mais uma prova importante, o BOAC Race of Champions de 1967, de novo no Chaparral, e ao lado do inglês Mike Spence, antes de pendurar o capacete de vez.
Regressado aos Estados Unidos, tornou-se comentador no canal de TV ABC, abriu uma parceira com Glenn Vaughn uma oficina de recuperação de carros antigos, e mais recentemente tornou-se colaborador para a revista Road & Track Magazine. Ainda serve como membro do juri no concurso de Pebble Beach, onde desfilam os mais belos e valiosos carros antigos da actualidade.
Teve um filho, Derek, que em tempos tentou seguir os passos do seu pai, mas após três más temporadas na Formula 3000 europeia, em 2004, voltou aos EUA e trabalha como instrutor de condução na California.
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