Uma das personagens que mais admiro na história da Formula 1 faz hoje anos. A sua carreira de piloto, no qual ficou famoso pelas suas recuperações do fundo da tabela, e depois a sua segunda carreira, como comentador desportivo, com os seus comentários coloridos ao lado de Ben Edwards, na Eurosport, nos idos de 90, fizeram-no famoso. Foi o homem que deu à Penske a sua única vitória na carreira, que por consequência o faz sacrificar a sua barba. Hoje é dia de falar de John Watson.
Nascido a 4 de Maio de 1946 em Belfast, na Irlanda do Norte (faz agora 62 anos), John Marshall Watson começou a envolver-se nos automóveis em 1963, guiando um Austin Healey na sua região natal. Depois mudou-se para a Formula Libre, onde em 1970 mudou-se para a Formula 2 europeia. Guiando um Brabham BT30, teve um acidente grave em Rouen, partindo o seu braço e perna esquerdas. Mas voltou no ano seguinte, e em 1972, algumas performances meritórias nos circuitos ingleses deram-lhe a chance para mais altos vôos.
Em 1973, cuia pela primeira vez um carro de Formula 1 na Race of Champions, em Brands Hatch, mas poderia ter sido a sua última. Um acelerador preso no seu Brabham BT42 levou-o a um desastre feio do qual somente teve uma perna partida. Sorte de irlandês...
Mas em Julho, no GP de Inglaterra, Watson iria ter a sua estreia oficial, num Brabham privado, do qual se safou da carambola da primeira volta, e andou bem até desistir na volta 23, com problemas na injecção de combustível. A sua segunda corrida aconteceria em Watkins Glen, onde também não chegou ao fim.
No ano seguinte, entra com um Brabham privado, para fazer toda essa temporada. As suas performances são brilhantes, onde consegue um quarto lugar em Zeltweg, e seis pontos no final do campeonato.
Contudo, essa boa prestação inicial foi frustrada por uma má temporada em 1975. Correndo pela Surtees, falha sempre uma entrada nos pontos. Em Nurbrurgring, substitui Jacky Ickx na Lotus, mas só faz duas voltas no "Inferno Verde" antes de abandonar com uma falha na suspensão. Em Watkins Glen, estreia-se na Penske, substituindo o americano Mark Donohue, morto na ronda de Zeltweg.
Em 1976, fica na Penske como piloto a tempo inteiro. Com a equipa americana, consegue os seus melhores resultados: dois terceiros lugares em Paul Ricard e Brands Hatch, e uma vitória memorável na Austria, precisamente um ano após a morte de Donohue, amigo pessoal de Roger Penske. No fim de semana da corrida, ele e Watson fizeram uma aposta: caso ganhasse, cortaria a sua barba. Como promessa é dívida, após a vitória, "Wattie" livrou-se da barba. No final do ano, Watson acabava na sétima posição, com 20 pontos.
Em 77, muda-se para a Brabham, em substituição de Carlos Reutmann. Só que nessa altura, a equipa de Bernie Ecclestone tinha os motores Alfa Romeo, potentes, mas pouco fiáveis e muito gulosos. Watson teve uma época frustrante, onde teve grandes feitos (foi pole no Mónaco) e grandes frustrações. A maior de todas foi quando perdeu à vista da meta, a vitória no GP de França, em Dijon-Prenois, devido a uma avaria na bomba de gasolina. Masmo assim conquistou o seu unico pódio do ano. O ano acabou com nove pontos e o 13º lugar na classificação de pilotos.
Em 1978, as coisas melhoram um pouco. Tem novo companheiro, o austriaco Niki Lauda (com quem depois establece uma boa relação de amizade), e os resultados são bastante melhores. Consegue uma pole-position em França, e três pódios, incluindo uma dobradinha com Niki Lauda na infame corrida de Monza. No final da temporada, é sexto, com 25 pontos.
No final da época, é contratado pela McLaren como substituto de James Hunt. Só que nesse ano, a McLaren experimentava um declínio nas suas performances, e ele consegue o unico pódio do ano na Argentina. No resto ano, apesar de aparecer regularmente nos pontos, não era competitivo face a outras máquinas como a Ferrari, Ligier, Williams ou mesmo a Lotus. Sendo assim, Watson foi nono, com 15 pontos.
As coisas pioram em 1980: só consegue seis pontos e a partir do meio da temporada é batido por um novato francês, baixito, nariz torto, vindo da Formula 2. Chamava-se Alain Prost. contudo, no final do ano, a McLaren dirigida por Teddy Mayer, é tomada pelos responsáveis da Project Four. liderados por um antigo mecânico da Brabham, chamado Ron Dennis.
Sendo assim, a equipa é reconstruida à volta de Watson, e desenham aquele que iria ser o McLaren MP4/1. Projectado por John Barnard, seria o primeiro carro a ser construido à base de fibra de carbono, um material bem mais leve e resistente. De inicio, têm dificuldades em terminar, mas dois pódios seguidos fazem com que os espiritos se animem. E em Silverstone, Watson consegue a sua primeira vitória em seis épocas, e a primeira da equipa desde 1977. No final do ano, é sexto, com 27 pontos.
Em 1982, a McLaren contrata o regressado Niki Lauda, refazendo a dupla da Brabham de 1978. A McLaren tem uma excelente temporada com o MP4/1, revista e melhorada, e conquistam quatro vitórias. Watson vence na Belgica, na corrida marcada pela morte de Gilles Villeneuve, e em Detroit, onde largando da 17ª posição da grelha, enceta uma espectacular recuperação, acabando no lugar mais alto do pódio. Durante muito tempo, foi um sério candidato ao título (após o GP do Canadá, ele era o líder, com 30 pontos), mas a segunda parte da época foi má (só conseguiu um segundo lugar em Las Vegas) e acabou em terceiro, com 39 pontos.
Em 1983, os McLaren, com os seus motores Cosworth, começavam a ficar para trás, devido aos Turbos, mas o inicio da temporada foi bom para a marca e para Watson. Em Long Beach, uma corrida feita a partir de trás (era 22º da grelha!) terminou numa vitória e na primeira dobradinha da marca desde 1968. Ainda conseguiu mais dois pódios, em Detroit e em Zandvoort, antes de estrear o novo motor Turbo da TAG-Porsche. Não conseguiu mais pontos, mas terminou a época num respeitável sétimo lugar, com 22 pontos.
Contudo, a meio de 1983, as relações com Ron Dennis tornaram-se tensas. Watson, já com 37 anos, queria 1,3 milhões de dólares para correr na próxima época. Um valor que Ron Dennis não estaria disposto a pagar, e que Lauda até prontificou a cobrar a diferença. Este desacordo de valores foi resolvido três dias após o GP da Africa do Sul, quando Alain Prost foi anunciado como piloto para a temporada de 1984.
Sem vaga, Watson não correu na Formula 1 nesse ano, perferindo correr nos Sport-Protótipos, num Porsche 956 oficial, ao lado de Stefan Bellof. No ano seguinte, foi inicialmente contratado para correr na Tolerman, ao lado de Stefan Johansson, mas problemas com a marca relacionados com o fornecedor de pneus fez com que eles não participassem nas três primeiras provas do ano, e abortasse o regresso de "Wattie" aos monolugares. No final do ano, voltou para a McLaren, substituindo um Niki Lauda em Brands Hatch, pois ele tinha-se magoado num pulso. Nessa corrida, ele terminou no sétimo posto, e encerrou a carreira competitiva de vez.
A sua carreira na Formula 1: 154 Grandes Prémios, em 12 épocas (1973-83, 1985), cinco vitórias, 20 pódios, duas pole-positions e cinco voltas mais rápidas, conseguindo ao todo 169 pontos.
Após a sua carreira competitiva, dirigiu uma escola de pilotagem em Silverstone e foi o primeiro a testar um Jordan de Formula 1, no final de 1990. Nessa altura, tinha começado a sua segunda carreira: a de comentador desportivo. Até 1996, comentou as corridas de Formula 1 ao lado de Ben Edwards, na cadeia europeia de desporto Eurosport. Os seus comentários eram tão bons como os feitos por outro ex-piloto, James Hunt. Mais tarde, comentou o British Touring Car Championship, na BBC, e actualmente faz pela A1GP na cadeia de TV Sky Sports, de novo com Ben Edwards.
Fontes:
Coincidência, hoje estava assistindo ao GP de Las Vegas de 82. Watson fez uma bela corrida!
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