No meio dos anos 60, muitos eram os pilotos britânicos que arriscavam a sua sorte no automobilismo, e para além de
Jim Clark,
Jackie Stewart,
Graham Hill ou
John Surtees, havia toda uma segunda linha que, não sendo tão bem sucedida na Formula 1, dava cartas noutras categorias. Um desses exemplos já falei há alguns tempos,
Richard Attwood. E hoje falo de outro:
Mike Spence.
Michael Henderson Spence nasceu a 30 de Dezembro de 1936 em Croydon, no Surrey. Filho de um engenheiro, o seu pai detinha uma garagem, e cedo se envolveu no negócio. Em 1958, com 21 anos, guiou um dos carros do seu pai, um AC Ace, em provas locais, e o seu sucesso fez com que concorresse na formula Junior na época de 1959, a bordo de um Emeryson. Nos três anos seguintes, fez alguns brilharetes em algumas provas extra-campeonato, como um segundo lugar No Lewis-Evans Memorial Trophy, em Brands Hatch.
Em 1962, vai correr para a equipa privada de Ian Walker, onde mais sucessos o guiam para a equipa oficial da Lotus, na época de 1963. Nessa altura, estreia-se na formula 1, no GP de Itália, onde é o substituto de Trevor Taylor. Qualificando-se no nono posto da grelha, não chega ao fim, vítima de uma falha na pressão de óleo.
Em 1964, passa para a Formula 2, na Lotus, enquanto que na formula 1, a equipa era constutuida por Jim Clark e Peter Arundell. Contudo, este sofre um acidente grave numa prova de Formula 2, em Reims, e Spence vai substitui-lo para o resto da época. Consegue bons resultados, sendo o melhor um quarto lugar no GP do México, conseguindo quarto pontos e o 14º posto na classificação geral.
Em 1965, Spence é piloto a tempo inteiro na Lotus, ao lado de Jim Clark. Contudo, numa temporada onde o escocês domina tudo e todos (tendo até dado ao luxo de falhar o GP do Mónaco para poder ganhar as 500 Milhas de Indianápolis), Spence não consegue grandes resultados, apesar de ser a sua melhor época. Consegue um pódio no México, para além de uma vitória na Race of the Champions, em Brands Hatch. O oitavo lugar final, com 10 pontos, é insuficiente para manter o seu lugar na Lotus.
Asim sendo, vai correr para a equipa privada de Reg Parnell, que compete com os modelos 25 e 33 da Lotus. É uma época de transição, em termos de regulamentos, e combatendo modelos já ultrapassados (o 25 tinha sido apresentado quatro anos antes), Spence conseguiu quatro pontos no campeonato, classificando-se na 12ª posição da geral. Contudo, em eventos extra-campeonato, Spence portava-se bem, tendo o seu ponto mais alto a vitória no GP da Africa do Sul, no novo circuito de Kyalami.
Isso foi o suficiente para que a BRM o contratasse para 1967, correndo ao lado de Jackie Stewart. Sendo o segundo piloto, eventualmente as suas performances seriam mais baixas. Conseguiu nove pontos e o décimo lugar na geral.
Entretanto, tinha sido contratado por
Jim Hall para conduzir o seu Chaparral 2F, que era um carro revolucionário, pois continha uma asa traseira, que garantia uma maior aderencia na traseira do seu carro: Fazendo parceria com
Phil Hill, Spence consegue bons resultados nas 6 Horas de Sebring e nos 1000 km de Spa-Francochamps, antes de ganhar, com autoridade, nas 500 Milhas BOAC de Brands Hatch, que viria também a ser a corrida final do campeão americano. Spence também participou com o Chaparral nas 24 Horas de Le Mans desse ano, mas o carro não chegou ao fim.
Em 1968, Spence continuou na BRM, onde participou no GP da Africa do Sul, tendo desistido à sétima volta, por uma avaria no sistema de combustível. Contudo, nas provas a seguir, como o Race of Champions e o International Trophy, teve boas performances, prometendo uma boa época. Para além disso, a Ford tinha-o contratado para competir com o P68, o substituto do Ford GT 40, mas este era um carro problemático para o conduzir.
Entretanto, um velho contacto o tinha chamado para uma emergência:
Colin Chapman pediu para substituir Jim Clark na equipa para as 500 Milhas de Indianápolis. Clark tinha acabado de morrer, e a Lotus iria apresentar no "Brickyard" o revolucionário
Lotus 56 Turbina. Era um carro potente, mas difícil de o controlar, principalmente nas reacções ao acelerador. Spence adaptou-se bem e conseguiu uma boa posição na grelha, a 7 de Maio, o "pole day". Contudo, numa das voltas de qualificação, spence entrou na Curva 1 depressa demais, bateu no muro, e uma das rodas soltou-se e atingiu Spence na cabeça, ferindo-o gravemente. Quatro horas mais tarde, sem recobrar a consciência, morre. Tinha 31 anos.
A sua carreira na Formula 1: 37 Grandes Prémios, em seis épocas (1963-68), um pódio, 27 pontos.
A sua morte deixara Colin Chapman ainda mais desgostoso. Exactamente um mês após a morte de Clark, o seu substituto tinha tido a mesma sorte. De luto, abandonou o circuito e voltou a Inglaterra trazendo o caixão do seu piloto. Este foi um dos pontos mais baixos da carreira de Chapman, que na altura considerou seriamente a hipótese de abandonar a Lotus e a competição. Mas a vida continuou, e Chapman desenhou carros e conquistou títulos. Quanto a Mike, o melhor elogio foi feito por Andy Granatelli, em Indianápolis: "Ele não era só talento. Era puro brilhantismo".
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mike_Spencehttp://www.autocoursegpa.com/driver~driver_id~12068.htmhttp://jcspeedway.blogspot.com/2008/05/mike.htmlhttp://gpinsider.wordpress.com/2008/05/07/quarta-feira-9/#more-866
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