O costureiro francês Yves Saint-Laurent, um dos maiores do seu tempo, morreu esta noite em Paris, aos 71 anos, anunciou Pierre Bergé, o seu parceiro de negócios e antigo amante.
De origem argelina, nasceu a 1 de Agosto de 1936 na cidade de Oran, então colónia francesa. Filho de um empregado de uma companhia de seguros, foi trabalhar cedo para Paris, aos 18 anos, mais concretamente para a casa Dior, a mais famosa de então. Primeiro como aprendiz, viu-se subitamente à frente dela em 1957, aos 21 anos, após a morte do seu criador, e com uma enorme responsabilidade nos seus ombros. Os esforços foram bem sucedidos, mas em 1960 saiu da Dior para cumprir o serviço militar. Durou pouco: vinte dias após o inicio da recruta, teve um colapso nervoso, que o fez internar num hospital psiquiátrico, onde foi tratado com terapia de electrochoques.
Quando terminou o tratamento, tentou voltar para a Dior, mas este não o recebeu, pois tinha um novo designer, Marc Bohan, cujo estilo era mais condizente com a firma. Sendo assim, processou a Dior, e ganhou. Com o dinheiro da indmnização, mais o financiamento do seu parceiro (a todos os niveis) Pierre Bergé, funda a sua casa, a Yves Saint-Laurent (YSL). A aprtir dali, cria colecções onde tem uma liberdade criativa total para inovar no mundo da moda. Uma das mais emblemáticas aconteceu em 1966, com o "Le Smoking", ou seja, a introdução do fato no vestuário feminino.
Para a inglesa Suzy Menkes, editora do "International Herald Tribune", o "smoking" foi transformador: "Hoje as mulheres andam normalmente de terno e calças compridas. Isso parece normal, mas na época a mulher era proibida de entrar num restaurante ou num hotel. O smoking, usado até hoje, foi uma provocação sexual, dirigido à mulher que queria ter um outro papel."
Sobre seu trabalho, Yves Saint Laurent afirmou certo dia: "A roupa mais bonita para vestir uma mulher são os braços do homem que ela ama. Para as que não tiveram essa felicidade, eu estou aqui."
Em 2002, após 40 anos ao mais alto nível, o costutreiro francês retirou-se de cena e foi viver para Marrocos, tornando cada vez mais raras as suas aparições públicas. No ano anterior, tinha sido condecorado com o grau de comandante da Legião de honra, concedida pelo então presidente francês, Jacques Chirac. Anos antes, em 1983, tornara-se no primeiro costureiro vivo a ser alvo de uma exibição das suas criações no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque. Também teve tempo para criar uma fundação, com Pierre Bergé, onde alberga as mais de cinco mil peças de vestuário.
E agora, passou à história. Ars lunga, vita brevis.
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