Depois de colocado aqui os projectos das várias equipas para as duas próximas temporadas, agora é a vez de falar sobre os organizadores, e os regulamentos que estão a ser feitos para definir o campeonato até 2010, altura em que se espera ver o auge desta competição, algo nunca visto desde o inicio da década de 90, altura do Mundial de sport-Protótipos, e das máquinas do Grupo C. Mais uma vez, socorro de outro artigo, escrito pelo Hugo Ribeiro no Fórum Autosport na semana passada. hoje falo daquilo que se passa no ACO (Automobile Club de L'Ouest)
ACO
A questão da equivalência Diesel/Gasolina tem feito as delicias nos foruns da especialidade entre acusações de que a ACO ora beneficia os grandes construtores (ambos com motorização diesel), ora beneficia a Peugeot (em busca de uma vitória em Le Mans de uma equipa francesa apesar de ter sido a Audi a primeira a avançar com a motorização diesel) ou constatações de que os grandes construtores simplesmente fazem valer o seu poderio financeiro e tecnológico sobre os pequenos construtores ou equipas independentes. A verdade é que não há factor de comparação minimamente credível pois nenhum grande construtor até hoje se apresentou à luta com um motor a gasolina de forma a que fosse possível provar se realmente os motores diesel são superiores aos gasolina ou não.
Na América, com um regulamento (que é o da ACO quer seja para Le Mans ou para o ALMS e LMS) alterado de forma a que a LMP2 dê luta aos LMP1 (algo que a ACO não admite) a Porsche com o seu RS Spyder LMP2 tem tido um certo mas pontual ascendente sobre a Audi dando sinais de que a Porsche, se assim o quisesse, provavelmente conseguiria lutar de igual para igual na LMP1 com uma motorização a gasolina.
Haja um beneficio ou não, seja apenas a demonstração da superioridade dos grandes construtores sobre os outros, ou não..., a verdade é que a ACO parece desta vez apostada em fazer algo mais do que as ligeiras alterações de charme na questão da equivalência. Na sua conferencia anual durante a semana das 24 Horas de Le Mans, Daniel Poissenot, Vice-Presidente da ACO, revelou a intenção de a potência dos motores Diesel ser reduzida regulamentarmente de forma a que se aproxime mais da potência debitada pelos motores a gasolina. Como? Isso é ainda uma incógnita.
Outra das questões a prender a atenção da ACO e que tem levantado também algum burburinho no Paddock, é a equivalência entre motorizações a gasolina. Este ano, a ACO admitiu a utilização de motores oriundos dos GT1 por parte de equipas da LMP1 (assim como os motores da LMP2 poderem ser utilizados pelos LMP2), e a única equipa que avançou para a sua utilização, a Charouz (apoiada fortemente pela Aston Martin), tem conseguido um claro ascendente sobre as equipas que utilizam motores construídos para competição. Obviamente que o motor que se encontra no Aston Martin DBR9 GT1 não é bem o mesmo que se pode encontrar na sua versão comercial, e tem vindo a crescer um evidente mau estar causado por isso, ao ponto de Henri Pescarolo, habitualmente muito critico em relação às motorizações diesel, ter este ano optado por por em causa a justiça da equivalência destes motores oriundos dos GT com os Judd (utilizados pela larga maioria das equipas LMP1) ou os AIM. Assim, a ACO prometeu que seria feito um exaustivo estudo de comparação de forma a corrigir eventuais desigualdades.
Com vários protótipos a levantar voo, literalmente, este ano, outros dos campos que irá reter a atenção da ACO já para 2009 será a redução e proibição de vários apêndices aerodinâmicos. A aerodinâmica das asas traseiras serão revistas, e serão proibidos todos os apêndices aerodinâmicos no fundo dos LMPs. Esta parte do regulamento está a ser estudada cuidadosamente com muita atenção tendo em vista o conceito LMP evo para 2010, de forma a evitar acontecimentos como os que vimos este ano tanto no LMS como no ALMS e mesmo em Le Mans.
Quanto às regras para 2010, o famoso conceito LMP Evo, continua no segredo dos deuses. O que se sabe é que a ACO está a trabalhar afincadamente nesses regulamentos em estreita colaboração com todos os construtores presentes no LMS e ALMS, assim como alguns que não estão presentes (sem revelar quem) e que o objectivo é sem abandonar o conceito de sport-protótipo, conferir ao design dos LMPs algumas linhas que os identifiquem com os modelos comerciais dos construtores, sem esquecer que também existem aqui construtores independentes que só constroem protótipos para corrida. Outro dado concreto é que a ACO procura criar um caderno de regulamentos técnicos que dure entre 3 ou 4 anos, de forma a que os construtores possam construir os futuros LMPs a pensar numa duração máxima de vida equivalente. A apresentação definitiva das regras tem sido sucessivamente adiada, esperava-se novidades durante a conferência anual da ACO na semana de Le Mans, mas nada surgiu.
(continua amanhã)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...