sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Em altura de crise, nada como recordar o passado

Em altura de crise, tempo de desenterrar o passado, logo, lembrei-me de uma crónica que escrevi a 24 de Maio deste ano, quando a Super Aguri se extinguiu, e falei sobre o que se passava, o que poderiamos esperar do futuro, e a razão pelo qual não acreditava nesta actual Formula 1, cheia de construtoras e quase sem "garagistas".


Eis alguns extractos dessa crónica:

"Enquanto dizemos adeus a mais uma equipa de Formula 1, pensemos nisto: temos uma grelha reduzida perigosamente a 20 carros, num ano em que se prometia o acréscimo para 24. A Formula 1, o topo da carreira automobilistica por excelência, está a ficar cada vez mais elitista. Para piorar as coisas, nos últimos cinco anos, são mais as equipas que se extinguem do que as que entram. Os custos são cada vez mais astronómicos, e tirando os construtores, os milionários com espirito garagista fogem cada vez mais de um desporto que apesar de ser cada vez mais rico, é um sorvedouro de custos."

(...)

"Bernie Ecclestone e Max Mosley têm apostado nos últimos anos numa formula que julgam ser vencedora: reunir o maior numero de construtores, pois assim eles lucram com a exposição das suas marcas na maior montra do desporto automóvel. Lá conseguiram: BMW, Ferrari, Renault, Mercedes, Honda, Toyota, estão todos lá."

"(...) todas estas marcas querem ganhar, e ficar no meio da tabela não é algo que gramem muito, e mais cedo ou mais tarde, eles se irão embora. Estas equipas não tem paciência infinita, e se isto tem uma parcela muito pequena nos seus orçamentos, isso tem impacto nas suas vendas. E para piorar as coisas, temos uma crise mundial à porta, onde tudo aumenta: os alimentos, o petróleo... Estas multinacionais também sofrem, ou julgam que não?"

"(...) Esta formula não vai durar para sempre. Ao menosprezar os "garagistas" estão a enxotar os verdadeiros fãs da Formula 1. Alterações nos regulamentos, impedindo "equipas B", prejudicam a concorrência e afastam investidores, em vez de os atraír."

(...)

"A história do automobilismo teve ciclos destes: quando as marcas eram as unicas a participar, a competição acabava na primeira crise que aparecia. A Formula 1, desde o seu inicio, teve sempre equipas privadas, com pilotos privados. Alguns garagistas, como Ken Tyrrell e Frank Williams, começaram assim: comprando chassis de outras equipas, e depois montaram os seus próprios chassis."

E terminava com esta frase:

"Pense nisso, Tio Bernie. E faça alguma coisa, antes que aquilo que andou toda a vida a construir, morra antes de si."

Se quiserem ler a crónica na sua integra, podem clicar aqui, ou então aconselho a procurar no arquivo do bloque, na semana de 5 a 11 de Maio.

Quando há umas semanas, houve um congresso aqui em Lisboa sobre Karl Marx, dizia-se que "em tempo de crise, nada como ler de novo os clássicos". Pois bem, agora que a crise explidiu na Formula 1, nada como ler um pouco do passado, e ver o que se acertou e o que não. Se sinto vingado por ter alguma razão antes de tempo? De uma certa maneira sim. Mas choro por dentro, ao ver a Formula 1, tal como conhecemos, com uma grelha definhada, em estado crítico. Acho que esta é a altura ideal para uma refundação da Formula 1.

7 comentários:

  1. - Com a saída da Honda, da Toyota e da STR, só vão existir 7 equipes na F1. O esporte que tantos como eu Amam corre o risco de definhar se nas garras da ganância de um Velho que ainda não reconheceu que seu tempo nesse esporte que tanto contribuiu passou...
    - De tempos em tempos ele mostra suas ideias para "melhorar" o esporte, onde ja se viu um Piloto correndo por medalhas ?
    - Existe uma regra na F1 se não me engano, que diz que o Grid tem que ter 10 equipes, e que se não tiverem esses 20 carros alinhados as outras equipes tem que manter uma equipe pra completar o Grid... Será que elas vão concordar ?
    - Num quero pensar nisso, mas se nada for feito pra contornar essa crise da Fórmula 1 a categoria máxima corre o risco de ser rebaixada ou sumir.

    ResponderEliminar
  2. falou bem...

    "todas estas marcas querem ganhar, e ficar no meio da tabela não é algo que gramem muito, e mais cedo ou mais tarde, eles se irão embora"

    está aí o resultado!!

    Salve salve o Sir Frank, não é??

    Bjosss Octeto - Tati

    ResponderEliminar
  3. Realmente é uma pena ver mais uma equipe sair assim da Fórmula 1. E em 2009, como será?

    Esta crise anda derrubando muita potencia por aí, não está fácil.

    Abraços!

    Leandro Montianele

    ResponderEliminar
  4. o interessante foi que a Honda queimou primeiro a equipe B para tentar salvar a A...mas não deu certo

    ResponderEliminar
  5. Foi o que o Max Mosley disse uma vez. A F1 não pode depender de montadoras, pois quando menos se espera elas podem dar no pé. A Toyota, que já gastou muito sem ter retorna na categoria, pode ser a próxima, assim como a STR, que foi adquirida pela Red Bull, que não terá como manter udas equipes. Ou algum bilionário compra essas equipes, ou teremos 14 carros disputando a F1 daqui a um tempo.

    ResponderEliminar
  6. Nossa... ao ler seu texto eu me pego pensando como as coisas estavam na nossa cara mas a gente não percebeu. Coisa complicada e triste, você estava completamente certo!!!

    Parabéns

    E lá vou eu ler "O Capital"

    Carlos Garcia

    ResponderEliminar

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...