quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O piloto do dia - John Surtees (2ª parte)


(continuação do capitulo anterior)

Em 1961, depois de ver que Colin Champman está mais interessado num jovem escocês chamado Jim Clark do que nele próprio, decide iniciar a sua carreira a tempo inteiro na Formula 1 a bordo de um chassis Cooper, através da Yeoman Credit Racing Team, a equipa de Reg Parnell que tinha sido comprada no ano anetrior por essa entidade bancária e adptado o seu nome. O chassis, que no ano anterior tinha dado a Jack Brabham e Bruce McLaren o título de construtores, sofria da falta de desenvolvimento, e Surtees não conseguiu melhor do que quatro pontos em todo o campeonato.

Em 1962, a equipa pede à Lola para que construa um chassis, com o habitual motor Coventry-Climax. O resultado foi o Lola MK4, e tornou num dos chassis mais bem sucedidos da marca na Formula 1. Guiado por Surtees e Roy Salvadori, ganhou uma corrida extra-campeonato em Mallory Park, através de Surtees, enquanto que em provas oficiais, foi segundo em Aintree e no Nurburgring, sempre atrás dos dois maiores rivais ao título desse ano: Jim Clark e Graham Hill. No final do ano, Surtees acabava em quarto lugar no campeonato, com 19 pontos, e recebia o convite para correr na Ferrari em 1963, numa altura em que a equipa timha sofrido uma sangria devido à saída de vários técnicos da Scuderia e dois dos seus pilotos principais (Phil Hill e Giancarlo Baghetti), para fazerem parte da A.T.S. (Automobili turismo & Sport)

O primeiro ano foi de adaptação, mas os resultados foram os melhores até então. Apesar da temporada ter sido dominada por Jim Clark, o seu Lotus 25, o primeiro chassis monocoque, Surtees teve a sua chance de ganhar corridas, e conseguiu a sua primeira vitória oficial na Formula 1 no mais difícil dos circuitos: o Nurburgring Nordschlieife. No final do ano, foi quarto classificado, com 23 pontos, e um bom ponto de partida para a temporada seguinte.

Nesse ano, começa com uma desistêncvia no Mónaco, e um segundo lugar em Zandvoort. Depois, mais duas desistências em Spa-Francochamps e Rouen, e um terceiro lugar em Brands Hatch, atrás de Jim Clark e Graham Hill. Mas ao contrário do que acontecera no ano anterior, este era um campeonato equilibrado. O Lotus 25 estava a chegar ao final da sua vida útil, e Chapman projectava o seu sucessor, o modelo 33. Na BRM, Graham Hill estreava o modelo P261, e estava a ser muito mais consistente do que Surtees, mas nessa altura, não se contavam todos os resultados, e Hill tinha que deitar pontos fora no final da época.


Isso beneficiou Surtees, especialmente quando ganhou pela segunda vez no Nurburgring, e obteve uma segunda vitória em Monza (pelo meio, o seu companheiro Lorenzo Bandini venceu na Austria), e como Surtees tinha menos, mas melhores resultados, era um legitimo candidato ao título mundial. Depois de ter sido segundo classificado em Watkins Glen, atrás de Hill, bastava ficar à frente do seu compatriota da BRM, na última prova do ano, no México, para arrecadar o ceptro.

Na corrida, ambos tiveram problemas no inicio, mas recuperaram. Até que na volta 31, uma manobra polémica entre Hill e Bandini fez com que o inglês perdesse muito tempo e acabasse a duas voltas do vencedor, o americano Dan Gurney. No final da corrida, Bandini cedeu o segundo lugar a Surtees, para que este pudesse somar os pontos necessários para ser campeão do mundo. E assim foi: Surtees conseguiu 40 pontos, enquanto que Hill só podia somar oficialmente 39... e tornava-se no unico campeão do mundo da história a conseguir os céptros nas duas e nas quatro rodas. Um feito inédito até aos dias de hoje.

A passagem para a Ferrari tinha dado resultados para ambos, mas a partir de 1966, entrava um novo regulamento de motores, de 3 Litros, e o Commendatore decidira construir um motor V12 para as suas máquinas. Surtees perferia os mais confiáveris motores V8, e cedo os atritos surgiram. Começou o ano com bons resultados, mas a partir de Silverstone, circuito onde começou a andar com o novo motor Flat-12, não conseguiu mais do que um terceiro lugar. E para piorar as coisas, um grave acidente numa prova de Can-Am no circuito canadiano de Mosport o atirou para a cama de um hospital durante algumas semanas, impedindo-o de participar nas duas últimas provas do ano. No final da temporada, era quinto, com 17 pontos.

Recuperado para 1966, as divergências com a Ferrari não tinham acalmado, antes acentuavam-se. Apesar de terem um motor V12 de 3 Litros, capaz de vencer o título, em circunstâncias normais, as relações entre Surtees e Eugenio Dragoni, o director desportivo, eram tensas. Na primeira prova do campeonato, no Mónaco, Surtees desistira devido a problemas com o diferencial, algo que foi aproveitado por Dragoni para o recriminar:

"Foi aqui que começou a primeira grande cena com Dragoni", contou Surtees anos depois ao livro "Grand Prix". "Eu achava que tinhamos ido ao Mónaco para ganhar e não para mostrar que já tinhamos um carro de três litros. Sempre achei que o Dino 246 [pilotado por Bandini] tinha mais hipóteses", disse.

Na corrida seguinte, Surtees faz uma prova magistral num Spa-Francochamps disputada debaixo de chuva a partir do meio da corrida. Surtees dominou a máquina perante as condições dificeis, e venceu, dando à Scuderia a primeira vitória na era de 3 Litros.

Mas esta era a ultima prova de Surtees na marca. Quando soube que não alinharia ao lado do seu compatriota Mike Parkes nas 24 Horas de Le Mans daquele ano, mas sim com o italiano Ludovico Scarfiotti, Surtees decidiu que esta seria a "gota de água" e abandonou a equipa. Anos depois, no livro Grand Prix, contou as expectativas que tinha para essa temporada:

"Eu encarei o ano de 1966 como sendo de dividendos no investimento que eu tinha feito em tempo e esforço nos tempos da Formula de 1.5 litros, e foi isso que manteve a Ferrari, apesar das minhas discordâncias com a gestão da equipa. Mas infelizmente, essas outras pessoas viram o que a Formula de 3 Litros representava para mim e o possivel sucesso que eu poderia ter, e aproveitaram a oportunidade para criar situações impossiveis", contou.

Sem lugar na Brabham e não querendo correr na Lotus, decidiu então ir para a Cooper, então uma pálida sombra daquilo que tinha sido no passado, mas que tinha um bom carro para a Formula de 3 litros, com um motor Maserati V12. Surtees entrou para a equipa em França, mas só começou a obter resultados na Alemanha, onde foi segundo e fez a volta mais rápida. Repetiu o feito em Watkins Glen, chegando ao terceiro lugar e fazendo a volta mais rápida pela segunda vez na temporada. Mas a "chave de ouro" conseguiu-a no México, palco da sua consagração dois anos antes: fazendo a pole-position, depois de ter sido ultrapassado por Jack Brabham no inicio da corrida, ultrapassou-o à sexta volta e nunca mais foi alcançado! Era um final apoteótico para Surtees, mostrando que caso não fosse a politica, o bi-campeonato poderia ter seu. Mas no final, era vice-campeão do Mundo, com 28 pontos.

(continua amanhã)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...