Bom dia a todos! Na semana que passou, este pequeno espaço de opinião pessoal ganhou mais um lugar onde possa ser visto: o site desportivo http://www.scn.pt/ Desde já quero agradecer o Tiago de Almeida pelo convite, esperando que com as minhas opiniões (ou “bitaites”, como diz o Prof. Hernâni Gonçalves), sejam devidamente lidas, no mínimo, com abertura de espírito. E espero que seja uma colaboração longa e frutuosa. Feitas as saudações, vou então comentar os acontecimentos da semana que passou no Bahrein, bem como os bastidores.
Bahrein: A normalidade é um estado de aborrecimento
Confesso que estava ansioso por ver a Formula 1 de 2009 em circunstâncias normais antes desta chegar à Europa. Defino “normais” como corridas disputadas no início da tarde, sob céu limpo e com calor, sem chuva ou horários tardios a incomodar. O circuito de Shakir foi o melhor laboratório para ver o comportamento dos novos carros, e a conclusão é esta: os carros conseguem ultrapassar mais vezes do que no ano passado, isso é certo, mas em termos de emoção, ficou aquém da realidade. A corrida foi decidida nas paragens das boxes, com os Toyotas, que tinham feito a primeira fila, terem disparado na frente, apenas porque… estavam mais leves. Quando reabasteceram pela primeira vez, e colocaram pneus mais duros, a sua ineficácia, bem como o peso do carro, fizeram com que toda essa vantagem fosse desperdiçada. Resultado: Jarno Trulli foi terceiro, Timo Glock o sétimo. E lá ia pelo cano abaixo mais uma soberana oportunidade da Toyota se estrear na galeria dos vencedores…
No final, Jenson Button venceu pela terceira vez em quatro corridas, com Sebastien Vettel a ser o segundo classificado. Isso prova que a Brawn GP e a Red Bull serão os carros do pelotão, com a Toyota e McLaren à espreita. Sim, digo McLaren, pois no final da corrida, o próprio Button disse que “o momento decisivo da corrida foi quando ultrapassei Lewis Hamilton”. De facto, Button fez uma corrida de ataque que, aliado à fama de excelente estrategista por parte do seu patrão, Ross Brawn, o levou ao lugar mais alto do pódio. E quanto a Hamilton, o quarto lugar final pode ser considerado como mais um sinal a caminho da recuperação do estatuto anteriormente perdido. Pelo menos, nos lados de woking trabalha-se para isso...
E por falar em Brawn GP… vamos abordar o estranho caso de Rubens Barrichello. Vou tentar ser justo para ele e não vou embarcar no coro de críticos que pedem a reforma ao veterano piloto brasileiro, pois acho que se ele não tivesse talento, não sobreviveria 17 anos na elite da Formula 1. Isso é um facto. Mas também existe outro facto: o Destino concedeu-lhe este ano uma segunda chance ao Rubens para chegar ao lugar mais alto da classificação, o seu “Santo Graal”, aquilo que todos lhe pedem desde 1994: o título mundial, e a possibilidade de ficar ao lado de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. E o que tem feito? Reclama. Reclama do carro, reclama do azar e da sorte, reclama até… do Nelsinho Piquet que não lhe deu espaço para o ultrapassar. Devia ter idade para saber que quando se disputa um lugar, o adversário tem de se defender, e nunca ser subserviente. Ou o calor moeu-lhe o juízo? E depois não se admire que o Brasil inteiro peça a sua reforma. Ele próprio dá motivos para isso, sempre que abre a boca…
E agora, a Formula 1 tem uma pausa de quinze dias para preparar a sua entrada na Europa, via Espanha. Barcelona costuma ser um marco nas equipas, pois muita gente poderá estrear várias peças nos seus carros, desde pacotes aerodinâmicos, difusores e afins. E até… um carro novo! A Ferrari, que conseguiu os seus primeiros pontos no Bahrein (finalmente!), poderá estrear um pacote novo no seu carro. E fala-se que as modificações serão tantas, que poderá ser que a marca do Cavalino Rampante estreará um F60B para Kimi Raikonnen e Felipe Massa. Será que isso é o suficiente para salvar o coiro ao Stefano Domenicalli? Veremos…
Novas equipas: Da fome passamos à fartura?
Na semana que passou, começaram-se a ouvir as declarações de intenções da Lola, Aston Martin (via Prodrive, de David Richards) e iSport, de disputar a Formula 1 a partir de 2010, desde que a ideia do “budget cap” (tecto orçamental) de 33 milhões de Libras, proposto por Max Mosley, fosse para a frente. Por um lado, a ideia das intenções destas equipas de ingressarem ou voltarem à Formula 1 é óptima, pois muitos de nós andam com saudades das grelhas com 26 ou 28 carros, e até das pré-qualificações. Por outro, podem se colocar algumas perguntas: a ideia das 24 equipas como limite irá cair? Ou pelo contrário, 24 equipas seriam o limite na grelha e os que sobrarem, fariam uma pré-qualificação?
Uma coisa é certa: neste final de Abril, inicio de Maio, tudo que eles falam são meros processos de intenções, e a única hipótese em cima da mesa é a USGPE, de Ken Anderson e Peter Windsor. Mas de Maio até Novembro vai um longo caminho, e pode ser o suficiente para montar uma estrutura, construir um chassis, comprar motores (provavelmente Cosworth) e contratar uma dupla de pilotos rápida e capaz. Basta saber qual é o tecto salarial que Max Mosley irá anunciar, pois pelo o que se decidiu hoje em Paris (mais ainda não anunciado), vai ser superior a 33 milhões de euros, mas poderá ser inferior aos 70 milhões propostos pela FOTA… é tudo uma questão de negociação!
Mas a ideia de uma Formula 1 barata, que atraia projectos novos, capazes de demonstrar uma ou duas lições às construtoras, poderá ser o principio de uma nova era de ouro da Formula 1… ou outra enorme tempestade a caminho, caso Mosley faça orelhas moucas à FOTA, como no caso do polémico sistema de pontuação de há dois meses. Por falar nisso: nunca mais se falou dessa coisa. Estará definitivamente enterrado, ou aguarda por melhores dias?
Liargate: Tudo acabou em pizza!
Para os meus amigos portugueses, esta é uma expressão muito usada no Brasil para todos aqueles casos onde a sentença de determinado caso judicial termine muito aquém do esperado, o equivalente à nossa expressão “a montanha pariu um rato”. Até, se quiserem ser mais malévolos, pode-se dizer que ambas as partes chegaram a um acordo. No caso do “Liargate”, posso dizer que para mim, a sentença de exclusão da equipa por três corridas, mas com pena suspensa durante seis meses, não me surpreendeu. A admissão de culpa por parte do Martin Withmarsh (em certos momentos, mais parecia uma penitência perante o Tribunal do Santo Oficio…), a saída de cena de Ron Dennis, entre outras coisas, veio só confirmar a ideia que esta sentença foi mais um acordo feito entre o Max Mosley e a McLaren, onde o “Whipmaster Max” levou a melhor. Hipócrita, mas real. E querem apostar que a McLaren ainda vai apoiar a recandidatura do Tio Max, daqui a uns meses?
Enfim… mas para Martin Whitmarsh, deve ter sido um alívio, o dia da sentença foi marcada precisamente para o seu dia de aniversário natalício. Como será que reagiu, quando soube da sentença? Uma boa prenda de anos? Pagou uma rodada geral aos funcionários da McLaren? Se fosse a ele, eu faria…
A1GP: Quem ganhará?
Por fim, falo dos eventos deste próximo fim-de-semana alargado, que terá várias competições, à falta da Formula 1. Mas detenho-me em particular na A1GP, pois vai ter a sua ronda final no circuito inglês de Brands Hatch. Digo “ronda final”, pois graças á nova doença do momento, a gripe mexicana, a ronda da Cidade do México foi ontem cancelada. Neste caso, Irlanda, Suiça e Portugal cobiçam o título, pois seis pontos separam o primeiro do terceiro, embora a máquina de Filipe Albuquerque seja a que tem menos hipóteses de errar, pois só tem uma vitória e é a pior classificada das três. Para o piloto de Coimbra, a vitória nas duas corridas e a desistência dos seus adversários é praticamente a única hipótese que tem para conseguir o título deste ano, pois de resto, perde quer para Neel Jani (Suiça) e Adam Carrol (Irlanda).
Mas independentemente do resultado final, que este escriba deseja ser o melhor, dois factos se podem retirar de Albuquerque e da A1GP Team Portugal este ano: é a melhor época de sempre das cores nacionais, e o piloto de Coimbra demonstra mais uma vez ter a mais valia suficiente para tentar a sua sorte na Formula 1 num futuro próximo. Esperemos que essa hipótese apareça… e desejo boa sorte para ele em Brands Hatch!
Bahrein: A normalidade é um estado de aborrecimento
Confesso que estava ansioso por ver a Formula 1 de 2009 em circunstâncias normais antes desta chegar à Europa. Defino “normais” como corridas disputadas no início da tarde, sob céu limpo e com calor, sem chuva ou horários tardios a incomodar. O circuito de Shakir foi o melhor laboratório para ver o comportamento dos novos carros, e a conclusão é esta: os carros conseguem ultrapassar mais vezes do que no ano passado, isso é certo, mas em termos de emoção, ficou aquém da realidade. A corrida foi decidida nas paragens das boxes, com os Toyotas, que tinham feito a primeira fila, terem disparado na frente, apenas porque… estavam mais leves. Quando reabasteceram pela primeira vez, e colocaram pneus mais duros, a sua ineficácia, bem como o peso do carro, fizeram com que toda essa vantagem fosse desperdiçada. Resultado: Jarno Trulli foi terceiro, Timo Glock o sétimo. E lá ia pelo cano abaixo mais uma soberana oportunidade da Toyota se estrear na galeria dos vencedores…
No final, Jenson Button venceu pela terceira vez em quatro corridas, com Sebastien Vettel a ser o segundo classificado. Isso prova que a Brawn GP e a Red Bull serão os carros do pelotão, com a Toyota e McLaren à espreita. Sim, digo McLaren, pois no final da corrida, o próprio Button disse que “o momento decisivo da corrida foi quando ultrapassei Lewis Hamilton”. De facto, Button fez uma corrida de ataque que, aliado à fama de excelente estrategista por parte do seu patrão, Ross Brawn, o levou ao lugar mais alto do pódio. E quanto a Hamilton, o quarto lugar final pode ser considerado como mais um sinal a caminho da recuperação do estatuto anteriormente perdido. Pelo menos, nos lados de woking trabalha-se para isso...
E por falar em Brawn GP… vamos abordar o estranho caso de Rubens Barrichello. Vou tentar ser justo para ele e não vou embarcar no coro de críticos que pedem a reforma ao veterano piloto brasileiro, pois acho que se ele não tivesse talento, não sobreviveria 17 anos na elite da Formula 1. Isso é um facto. Mas também existe outro facto: o Destino concedeu-lhe este ano uma segunda chance ao Rubens para chegar ao lugar mais alto da classificação, o seu “Santo Graal”, aquilo que todos lhe pedem desde 1994: o título mundial, e a possibilidade de ficar ao lado de Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. E o que tem feito? Reclama. Reclama do carro, reclama do azar e da sorte, reclama até… do Nelsinho Piquet que não lhe deu espaço para o ultrapassar. Devia ter idade para saber que quando se disputa um lugar, o adversário tem de se defender, e nunca ser subserviente. Ou o calor moeu-lhe o juízo? E depois não se admire que o Brasil inteiro peça a sua reforma. Ele próprio dá motivos para isso, sempre que abre a boca…
E agora, a Formula 1 tem uma pausa de quinze dias para preparar a sua entrada na Europa, via Espanha. Barcelona costuma ser um marco nas equipas, pois muita gente poderá estrear várias peças nos seus carros, desde pacotes aerodinâmicos, difusores e afins. E até… um carro novo! A Ferrari, que conseguiu os seus primeiros pontos no Bahrein (finalmente!), poderá estrear um pacote novo no seu carro. E fala-se que as modificações serão tantas, que poderá ser que a marca do Cavalino Rampante estreará um F60B para Kimi Raikonnen e Felipe Massa. Será que isso é o suficiente para salvar o coiro ao Stefano Domenicalli? Veremos…
Novas equipas: Da fome passamos à fartura?
Na semana que passou, começaram-se a ouvir as declarações de intenções da Lola, Aston Martin (via Prodrive, de David Richards) e iSport, de disputar a Formula 1 a partir de 2010, desde que a ideia do “budget cap” (tecto orçamental) de 33 milhões de Libras, proposto por Max Mosley, fosse para a frente. Por um lado, a ideia das intenções destas equipas de ingressarem ou voltarem à Formula 1 é óptima, pois muitos de nós andam com saudades das grelhas com 26 ou 28 carros, e até das pré-qualificações. Por outro, podem se colocar algumas perguntas: a ideia das 24 equipas como limite irá cair? Ou pelo contrário, 24 equipas seriam o limite na grelha e os que sobrarem, fariam uma pré-qualificação?
Uma coisa é certa: neste final de Abril, inicio de Maio, tudo que eles falam são meros processos de intenções, e a única hipótese em cima da mesa é a USGPE, de Ken Anderson e Peter Windsor. Mas de Maio até Novembro vai um longo caminho, e pode ser o suficiente para montar uma estrutura, construir um chassis, comprar motores (provavelmente Cosworth) e contratar uma dupla de pilotos rápida e capaz. Basta saber qual é o tecto salarial que Max Mosley irá anunciar, pois pelo o que se decidiu hoje em Paris (mais ainda não anunciado), vai ser superior a 33 milhões de euros, mas poderá ser inferior aos 70 milhões propostos pela FOTA… é tudo uma questão de negociação!
Mas a ideia de uma Formula 1 barata, que atraia projectos novos, capazes de demonstrar uma ou duas lições às construtoras, poderá ser o principio de uma nova era de ouro da Formula 1… ou outra enorme tempestade a caminho, caso Mosley faça orelhas moucas à FOTA, como no caso do polémico sistema de pontuação de há dois meses. Por falar nisso: nunca mais se falou dessa coisa. Estará definitivamente enterrado, ou aguarda por melhores dias?
Liargate: Tudo acabou em pizza!
Para os meus amigos portugueses, esta é uma expressão muito usada no Brasil para todos aqueles casos onde a sentença de determinado caso judicial termine muito aquém do esperado, o equivalente à nossa expressão “a montanha pariu um rato”. Até, se quiserem ser mais malévolos, pode-se dizer que ambas as partes chegaram a um acordo. No caso do “Liargate”, posso dizer que para mim, a sentença de exclusão da equipa por três corridas, mas com pena suspensa durante seis meses, não me surpreendeu. A admissão de culpa por parte do Martin Withmarsh (em certos momentos, mais parecia uma penitência perante o Tribunal do Santo Oficio…), a saída de cena de Ron Dennis, entre outras coisas, veio só confirmar a ideia que esta sentença foi mais um acordo feito entre o Max Mosley e a McLaren, onde o “Whipmaster Max” levou a melhor. Hipócrita, mas real. E querem apostar que a McLaren ainda vai apoiar a recandidatura do Tio Max, daqui a uns meses?
Enfim… mas para Martin Whitmarsh, deve ter sido um alívio, o dia da sentença foi marcada precisamente para o seu dia de aniversário natalício. Como será que reagiu, quando soube da sentença? Uma boa prenda de anos? Pagou uma rodada geral aos funcionários da McLaren? Se fosse a ele, eu faria…
A1GP: Quem ganhará?
Por fim, falo dos eventos deste próximo fim-de-semana alargado, que terá várias competições, à falta da Formula 1. Mas detenho-me em particular na A1GP, pois vai ter a sua ronda final no circuito inglês de Brands Hatch. Digo “ronda final”, pois graças á nova doença do momento, a gripe mexicana, a ronda da Cidade do México foi ontem cancelada. Neste caso, Irlanda, Suiça e Portugal cobiçam o título, pois seis pontos separam o primeiro do terceiro, embora a máquina de Filipe Albuquerque seja a que tem menos hipóteses de errar, pois só tem uma vitória e é a pior classificada das três. Para o piloto de Coimbra, a vitória nas duas corridas e a desistência dos seus adversários é praticamente a única hipótese que tem para conseguir o título deste ano, pois de resto, perde quer para Neel Jani (Suiça) e Adam Carrol (Irlanda).
Mas independentemente do resultado final, que este escriba deseja ser o melhor, dois factos se podem retirar de Albuquerque e da A1GP Team Portugal este ano: é a melhor época de sempre das cores nacionais, e o piloto de Coimbra demonstra mais uma vez ter a mais valia suficiente para tentar a sua sorte na Formula 1 num futuro próximo. Esperemos que essa hipótese apareça… e desejo boa sorte para ele em Brands Hatch!
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