sexta-feira, 5 de junho de 2009

GP Memória - Estados Unidos 1989

Uma semana depois da Cidade do México, a Formula 1 chegava aos Estados Unidos, e iria estrear um novo circuito citadino numa remota localidade com tradição no desporto automóvel, devido ao seu pequeno circuito oval nos arredores da cidade. Phoenix, a capital do estado do Arizona, parecia ser um local improvável para se albergar a Formula 1, especialmente no meio do deserto. Mas as ruas alargadas dessa cidade foram as escolhidas para suceder a Detroit como local para albergar o Grande Prémio dos Estados Unidos.


Ainda por cima, a corrida desse ano iria ser disputada no inicio de Junho, numa altura em que o deserto americano faz das suas, com temperaturas a rondar os 40 graus Celsius. Logo, sol e muito calor esperavam máquinas e pilotos para o fim-de-semana competitivo, num circuito muito travado (nove curvas eram feitas em segunda velocidade…) onde a Lótus comemorava o seu 400º Grande Prémio da sua carreira. Nas pré-qualificações de sexta-feira de manhã, com os Brabham de Martin Brundle e Stefano Modena a conseguirem facilmente a passagem aos treinos qualificativos, o Onyx de Stefan Johansson e o Dallara de Alex Caffi ficaram com as restantes duas vagas.


Um dia depois, as qualificações deram a Ayrton Senna a sua oitava polé-position consecutiva e finalmente, batia o recorde que pertencia a Jim Clark e que tinha igualado na semana anterior, no México. A seu lado estava, a mais de 1,4 segundos do piloto brasileiro, o seu companheiro Alain Prost. Na segunda fila estava Alessandro Nannini, no seu Benetton, tendo a seu lado o Ferrari de Nigel Mansell. O quinto na grelha era o Brabham de Martin Brundle, com Alex Caffi a seu lado, no Dallara-Judd. O segundo Brabham de Stefano Modena era sétimo, à frente do segundo Ferrari de Gerhard Berger. A fechar o “top ten” estavam o Tyrrell de Michele Alboreto e o Arrows de Derek Warwick.


Dos 30 pilotos que foram permitidos treinar nessa qualificação, os quatro azarados foram os Ligier de René Arnoux e Olivier Grouillard, o Larrousse de Yannick Dalmas e o Coloni de Roberto Moreno.


Na partida, Senna é superado por Prost, mas na primeira curva, o brasileiro recupera a liderança. Nannini, o terceiro, estava a queixar-se de dores no pescoço, devido a uma batida no “warm up”. Abandonou na décima volta, devido a problemas físicos. Mansell herda a posição, seguido do Brabham de Modena, o Dallara de Caffi, o Brabham de Brundle.


Com o avançar da corrida, Senna ganha distância sobre Prost, mas a partir da vigésima volta, o motor do seu McLaren começa a soar estranho, e se de inicio não afectou a condução, a partir da 30ª volta Prost aproxima-se e apanha Senna na liderança. Nessa altura, Mansell fica com o alternador do seu Ferrari avariado e Gerhard Berger e Alex Caffi ascendem á segunda e terceira posição. O Williams de Riccardo Patrese e o Arrows de Eddie Cheever estão atrás, e Brundle é sexto.


Na volta 44, depois de se atrasar bastante, Senna desiste com uma avaria eléctrica. Prost passa para a frente, com Berger em segundo e Patrese em terceiro. Poucas voltas depois, outro momento cómico do ano, protagonizado por Andrea de Cesaris: na volta 51, estava a ser dobrado pelo seu companheiro Alex Caffi, quando… toca nele e o coloca fora de pista! De Cesaris acabou a corrida na oitava posição, mas provavelmente deve ter voltado a pé para o hotel…


O final de corrida transformou-se mais numa prova de resistência. Levado até ao limite de duas horas, Berger desistiu na volta 61, com um alternador avariado, e Jonathan Palmer perdeu um quarto lugar garantido devido à… falta de gasolina. O lugar foi herdado pelo Rial de Christian Danner que partira… da última posição. No final, que aconteceu na volta 75 das 81 previstas, Alain Prost vencia pela segunda vez no ano, seguido por Patrese e Eddie Cheever, que iria conseguir o seu último pódio da sua carreira. Depois de Danner, chegaram o Benetton de Johnny Herbert e o Williams de Thierry Boutsen.


Fontes:


Santos, Francisco – Formula 1 1989/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989

2 comentários:

  1. Se hoje vemos Istambul, Xangai, Sepang e a maioria dos novos circuitos com déficit de público, não devemos esquecer que o fim dos anos 80 também teve lá seus fracassos, como Phoenix e Jerez.

    Em 1991, na última passagem da F1 por Phoenix, um repórter ironizou os dados divulgados pela assessoria de imprensa do evento: "se a organização diz que a corrida de hoje teve 30 mil torcedores presentes, então muitos deles vieram fantasiaos de cadeiras vazias".

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  2. A Scuderia Italia deve ter "adorado" a atitude de Andrea de Cesaris ignorando a ultrapassagem de Alex Caffi (chegou a ocupar a 2ª posição por pouco tempo). Com a troca de pneus, Caffi voltou na 5ª posição até ser "jogado pra fora"...
    Destaque para boa prova de Eddie Cheever, que deu uma "canseira" no Williams número 6 de Riccardo Patrese.

    Notas:

    - primeira vitória de Alain Prost na temporada de 1989. O francês assumia pela primeira vez a liderança do campeonato de pilotos (para não perdê-la), já que Ayrton Senna não concluiu a corrida e ficou no zero;
    - 9º e último pódio de Eddie Cheever na Fórmula 1;
    - 74ª vitória da McLaren;
    - 46ª vitória do motor Honda;
    - 200º grande prêmio da Williams na Fórmula 1, e ela assumia pela primeira vez a 2ª posição no Mundial de Construtores e
    - última vez que a Rial pontuou na categoria com o 4º lugar (3 pontos) de Christian Danner (última vez que o piloto pontuou na carreira).

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