quinta-feira, 16 de julho de 2009

GP Memória - Grã-Bretanha 1989

Uma semana depois de Paul Ricard, a Formula 1 estava agora numa das catedrais do automobilismo: o rápido circuito de Silverstone. Numa temporada onde existiam 38 carros para 26 lugares, esta corrida era um balizador, pois significava que tinham chegado ao meio da temporada. E nessa altura, iria haver mudanças nas equipas que iriam disputar a pré-qualificação. Brabham, Dallara, Rial e Onyx quase tinham garantido a passagem para disputarem directamente a qualificação, enquanto que a AGS, Minardi e Larrousse estavam em perigo de descer ao inferno pré-qualificativo.

Antes do fim de semana competitivo, os oito curtos dias entre os Grandes Prémios de França e Inglaterra foram os suficientes para que na Arrows, Derek Warwick voltasse á equipa, debelada a sua lesão. E na AGS, Joachim Winkelhock era substituido pelo francês Yannick Dalmas, que tinha sido despedido da Larrousse. E na mesma Larrousse, Eric Bernard iria fazer uma segunda corrida, mas havia um substituto á vista: o italiano Michele Alboreto, despedido da Tyrrell, iria correr a segunda metade de temporada para a equipa francesa.


Na pré-qualificação de sexta-feira, os Brabham de Stefano Modena e Martin Brundle passaram facilmente, sendo acompanhados pelo Onyx de Bertrand Gachot e pelo Osella de Nicola Larini. Essa pré-qualificação deixou surpreendentemente de fora o segundo Onyx de Stefan Johansson, que tinha sido quinto classificado oito dias antes, em Paul Ricard, e o Dallara do italiano Alex Caffi.


Um dia e meio depois, após o final das sessões de qualificação, Ayrton Senna levava a melhor sobre Alain Prost, numa primeira fila monopolizada pela McLaren. A Ferrari monopolizava a segunda fila, com Nigel Mansell à frente de Gerhard Berger, enquanto que na terceira fila, o Williams-Renault de Riccardo Patrese tinha a seu lado o March-Judd de Mauricio Gugelmin. A mesma disposição se repetia na quarta fila, desta vez com Thierry Boutsen à frente de Ivan Capelli. A fechar o "top ten" estava o Benetton de Alessandro Nannini e o Lotus de Nelson Piquet.


Dos quatro pilotos que tiveram o azar de ficar de fora da corrida, estava um nome surpreendente, como o americano Eddie Cheever, no seu Arrows. Os outros três eram um pouco mais conhecidos: o Rial de Christian Danner, o Ligier de René Arnoux e o AGS de Gabriele Tarquini.


No dia da corrida, as coisas começavam antes do seu inicio: Gugelmin teve problemas na pré-grelha e teve de largar das boxes, tal como Nicola Larini, no seu Osella. Na partida, Prost larga melhor, mas Senna reage melhor na primeira curva e ultrapassa-o, tomando a liderança. Mais atrás, um momento estranho: Larini, que largara das boxes e estava um pouco distante do resto do pelotão, tem quase um encontro imediato com um peão que atravessava a Curva Woodcote. Esse peão era... Jean-Marie Balestre, o então presidente da FISA, que tinha visto a partida em companhia de Roland Bruynsereade, o inspector de segurança dos Grandes Prémios. Para um paladino da segurança como era Balestre, estar um local perigoso, a fazer uma manobra proíbida tinha o seu quê de ironia...


A corrida prosseguia na frente, com Senna a tentar escapar de Prost. Mas na volta doze, à entrada da Curva Becketts, a caixa de velocidades do piloto brasileiro encrava em terceira velocidade e despista-se, causando a sua desistência. Prost herda o primeiro lugar, e tinha Nigel Mansell atrás, mas não em posição de ameaça.


A partir dali, combateram uma batalha á distância, mas a diferença, que era de doze segundos, nem se encurtou, nem se alargou, significando que as coisas se manteriam. Para melhorar as coisas, na volta 43, Mansell tem um furo e perde muito tempo nas boxes, o que deixou o piloto francês muito tranquilo a caminho da sua segunda vitória consecutiva.


Mas quatro voltas depois, Prost tem problemas a trocar um dos pneus, o traseiro direito, e perde quase 24 segundos, vendo a sua liderança de novo ameaçada por Mansell. Contudo, as posições mantiveram-se e o piloto francês vencia pela segunda vez consecutiva, a quarta vitória da época. Mansell era segundo e o Benetton de Alessandro Nannini completava o pódio na terceira posição, batendo perto do fim o Lotus de Nelson Piquet.

Uma última nota vai para os dois últimos lugares pontuáveis: a Minardi era uma das equipas com a corda na garanta, pois ainda não tinha pontuado nessa época, e precisava de pelo menos três pontos para evitar a descida ao inferno das pré-qualificações. Os seus dois pilotos, o italiano Pierluigi Martini e o espanhol Luis Perez-Sala, rodaram juntos durante boa parte da corrida, numa corrida consistente, e aproveitaram as desistências para conseguirem o quinto e sexto lugares, respectivamente, safando-se definitivamente do inferno pré-qualificativo. Para Luis Perez-Sala, será a unica vez que pontuará na sua carreira, e conseguirá o primeiro ponto para a Espanha em 32 anos. Tem que passar mais dez para que um espanhol volte a pontuar.


Fontes:


Santos, Francisco - Formula 1 89/90, Ed. Talento, Lisboa/São Paulo, 1989

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