quinta-feira, 16 de julho de 2009

A 5ª Coluna desta semana - Estreias em pista e Silly Season no seu melhor

Olá a todos! Espero que tenham gostado do fim-de-semana competitivo que passou. Para mim foi rico em emoções, quer na pista, quer depois nas notícias que circularam pela imprensa… todas muito ricas, mas… nenhuma delas confirmada no momento em que escrevo estas linhas. O que faz reflectir sobre o actual jornalismo automobilístico.


Formula 1 – A primeira vez de Mark Webber


E ao 130º Grande Prémio da sua carreira, Mark Webber subiu ao lugar mais alto do pódio. Depois da sua auspiciosa estreia em sua casa, no já distante ano de 2002, ao serviço da Minardi, julgava-se que o piloto australiano, actualmente com 32 anos, chegasse rapidamente ao estatuto de campeão. Mas as suas passagens pela Jaguar e pela Williams não lhe deram a vitória que muito ansiava, e parecia que após a sua chegada à Red Bull, em 2007, iria pelo mesmo caminho. Mas em 2009, mesmo tendo como companheiro o jovem e talentoso alemão Sebastien Vettel, que em principio lhe ofuscaria em termos de talento na equipa das bebidas energéticas, Webber conseguiu ser um piloto regular, graças também ao facto de este ano ter um bom carro para conduzir. Sendo assim, a vitória estaria ao seu alcance. Mas com Vettel sempre a ganhar, Nurburgring seria um local improvável, pois sendo na Alemanha, muitos pensariam que seria o quintal do piloto mais jovem.


Afinal, não foi assim: Webber fez a pole-position, a primeira de um australiano desde 1980, e mesmo superado por Rubens Barrichello no momento da partida, e de ter passado pelo pitlane uma vez extra devido ao toque com o piloto brasileiro, Foi melhor do que Vettel, que esteve discreto, e que Barrichello, que sofreu com os seus erros e com o facto de, mais uma vez, os pneus da Brawn não funcionarem em temperaturas baixas. Até se viu os Brawn a ziguezaguearem em plena pista, como se esta estivesse molhada! Resultado: pela primeira vez este ano, nenhuma Brawn esteve no pódio!


Mas em compensação, um Ferrari voltou ao pódio este ano, depois do Mónaco. Foi no lugar mais baixo, mas é um bom princípio, depois do arranque desastroso. Afinal, foi Felipe Massa que esteve lá, compensando o bom fim-de-semana que teve. Embora superado pelos McLaren nos treinos, por exemplo, tiveram uma corrida melhor do que os carros de Woking. Lewis Hamilton tentou liderar na primeira curva e estragou tudo, com um furo, que lhe fez cair para a última posição, e lá ficou até ao fim, e Heiki Kovalainen esteve discreto. Kimi Raikonnen sempre seguiu o piloto brasileiro, bateu em Adrian Sutil, quando disputavam o sexto posto, e desistiu depois, com problemas no seu carro. Oficialmente…


Agora resta saber se esta prestação da Ferrari foi um “one-off” ou haverá mais. Acho que a primeira hipótese deve ser a mais correcta, pois estes já disseram que iriam se concentrar no carro de 2010. Pois… eles e o resto do pelotão, tirando Brawn GP e Red Bull!


Para finalizar, a vitória de Webber, não só é a primeira para a Austrália desde o GP de Las Vegas de 1981 (vitória de Alan Jones, numa corrida que deu o título de pilotos a Nelson Piquet), mas também irá causar uma forte dor de cabeça no seio da Red Bull e mais concretamente a Christian Horner, o seu director: quem escolherá para o ataque ao título? Após nove Grandes Prémios este ano, Vettel tem duas vitórias, e Webber uma, mas ambos estão separados por… um ponto e meio. A regularidade do australiano compensou o facto de Vettel já ter desistido por duas vezes, na Austrália e no Mónaco. Embora o alemão tenha vantagem, esta é muito curta e pode ser facilmente invertida na próxima corrida.


GP2 – Vitórias em casa e a redenção de Álvaro Parente


A GP2 é uma das séries de suporte à Formula 1, e serve para animar o fim de semana, fazendo com que os directores de equipa dêem umas espreitadelas nos talentos emergentes, para ver se existe alguma “pepita de ouro” a saltar fora. Mas no meio de “jovens lobos” extremamente dispostos a darem uma de pé de chumbo, mas sem cabeça… há algumas boas excepções. Como o vencedor das duas corridas deste fim de semana alemão: Nico Hulkenberg.


Muitos falam que ele é o verdadeiro sucessor de Michael Schumacher. Tem muito talento, isso é certo, e neste momento é o terceiro piloto da Williams, mas faltava-lhe alguma consistência para poder dizer que ele seria um sério candidato à vitória na competição. Este fim-de-semana alemão, conseguiu algo que não acontecia desde o GP de Itália de 2006: vencer as duas corridas do fim-de-semana.Depois de ter feito a pole-position, passeou toda a sua classe, demonstrando que é um piloto de futuro. E quando um dos actuais pilotos da Williams sair (Nico Rosberg ou Kazuki Nakajima), Frank Williams o lembrará de dar o lugar a Hulkenberg, para que se estreie na categoria máxima da competição.


Num fim-de-semana onde os brasileiros não andaram bem, tivemos em compensação Álvaro Parente. Por fim, depois de vários fins-de-semana frustrantes, onde os bons desempenhos nos treinos não eram correspondidos em corrida, em Nurbrurging redimiu-se: sexto no Sábado, aproveitou a inversão da grelha na corrida de Domingo para terminar a corrida na segunda posição, dando à Ocean Racing Tech o seu melhor resultado de sempre e o segundo pódio da época. Por fim, o seu talento foi compensado com pontos.


"Este foi um fim-de-semana muito positivo e que já merecíamos um resultado deste tipo. Agora temos que continuar a trabalhar para mantermos os bons resultados e até para melhorar, porque o nosso objectivo passa sempre pela vitória", apontou o piloto portuense, no final da segunda corrida.

Agora veremos se o bom fim-de-semana de Parente tenha continuidade nas próximas corridas. O seu talento merece uma oportunidade para tentar a Formula 1, não acham?


O mercado de pilotos: entradas e saídas, e uma afirmação não confirmada


O dia seguinte da corrida alemã foi pródigo em notícias sobre substituições de pilotos. De todos os rumores que apareceram a público (saída de Kimi Raikonnen e Heiki Kovalainen, troca de Bourdais por Alguesuari, troca de Piquet Jr. por Grosjean), só o caso da Toro Rosso se revela como a mais verdadeira.


Aliás, o caso de Nelson Piquet Jr. merece ser dissecado, pois é um bom exemplo como funciona um pouco o jornalismo na actualidade, pelo menos na maneira como se captam e divulgam noticias. Toda a gente sabe há muito tempo que a sua posição na Renault é periclitante, mas o carro deste ano é uma “cadeira eléctrica”, ao qual nem mesmo todo o talento de Fernando Alonso é capaz de o transformar num carro vencedor. Só por aí se pode dar alguma tolerância ao piloto brasileiro.


Mas na Segunda-feira à noite, no Brasil, Galvão Bueno, o homem que faz os comentários na Rede Globo, anuncia aos quatro cantos que ele está despedido. A razão? Uma cláusula existente no contrato de Piquet Jr onde afirma que caso não tenha metade dos pontos de Alonso, serão dispensados os seus serviços e substituído por Romain Grosjean. Se tal cláusula existe, não sei dizer, mas no “paddock” alemão, esse rumor era muito forte. No dia seguinte, muitos davam a declaração do Galvão como um facto e o noticiavam, até sites noticiosos. Mas fora do Brasil, ninguém falava sobre isso.


Pessoalmente, estava de pé atrás. Quando o James Allen não fala sobre isso, quando o Autosport inglês especula, sem referir factos, quando o Twitter pessoal do Lucas di Grassi diz “sei que nada sei” e Flávio Briatore ironizava com a situação, todos esses indícios mostravam que havia algo que não batia certo. Mas por outro lado, o Twitter de Nelson Piquet Jr, sempre activo, estava desligado desde Sábado, também era sinal do contrário…


Mas Nelsinho apareceu e deixou a seguinte mensagem:

NelsonPiquet_ Aí Galvão, vc está errado, meu bom! Te vejo na Hungria! E vamo torcer para q o carro esteja melhor lá! Valeu pelo apoio de todo mundo! Abcs!


Galvão desculpou-se mais tarde pela informação errada, mas isto fez reflectir sobre a maneira como se faz jornalismo nesta era de revolução digital, de Net, Blogger e agora Twitter. Com meios mais independentes, gratuitos e rápidos do que os meios tradicionais, como a TV, a coisa começa a raiar o ridículo. Sempre aprendi que o bom jornalismo é aquele que diz os factos todos, o mais completo possível do que ser o primeiro a relatá-los, pois caem no descrédito. Mas aparentemente, os jornais, rádios e TV's de hoje em dia não se importam de serem ridicularizadas por darem certas noticias cedo demais, como foi no caso da morte de Michael Jackson, há umas semanas atrás.


E tão importante como a rapidez, a fidedignidade das notícias também é importante. Fazer cópias de cópias de uma notícia vinda de agências, sem consultar outras fontes, faz com que muitas vezes se coloquem “noticias” que se revelam no final não serem verdadeiras. Preguiça, poupança de custos e alguma arrogância fazem com que certo jornalismo esteja hoje em dia na lama.


Sobre o assunto Bourdais/Algesuari… confesso que não entendo muito bem. Tem 19 anos, é certo que ganhou no ano passado a Formula 3 britânica e corre este ano na World Séries by Renault, com resultados modestos, diga-se. Mas só tem 300 km de rodagem num Formula 1, um carro com 800 cavalos de potência, e nada mais. É só por ser espanhol que vai substituir o Sebastien Bourdais? Só pode ser! Não o acho capaz de conduzir um Formula 1 e “pegar de estaca”, como aconteceu ao Vettel. Numa equipa onde já tem outro “rookie”, o suíço Sebastien Buemi, a ideia que se fica é que a STR cumpre cada vez mais o papel de “equipa B” da Red Bull. E temo que o rapazinho se queime: não o vejo ser outro Alonso, apesar do seu talento, e creio que só vai entrar na história como o piloto mais novo de sempre num Grande Prémio. Espero que não tenha a mesma história do actual detentor do recorde, o neozelandês Mike Thackwell, que passou ao lado de uma grande carreira…


E outra coisa: não lhe fica bem falar mal do Bourdais, agora que sai pela porta pequena. “Parece que este ano ele não deu tudo, como deveria fazer. Acredito sinceramente que a decisão tomada pela Red Bull é justa, mas nunca é bom ver alguém ser mandado embora a metade da época”, afirmou na segunda-feira na Rádio Calalunya.


Estas declarações podem ser explicadas como arrogância juvenil, mas ao dizer isso fez com que neste momento haja alguns milhares de pessoas a desejarem vê-lo espalhar pelo comprido. A formiga não pode ter catarro… ou então, como diz Sua Majestade, D. Juan Carlos: “Porque no te callas?”


As eleições na FIA: A história repete-se?


Max Mosley confirmou ontem aquilo que disse a 24 de Junho: não concorrerá as eleições para a presidência da FIA, que terão lugar em Outubro. Oficialmente afirmou que queria ter tempo para a família, especialmente depois da morte do filho mais velho, mas tudo indica que foi devido ao acordo FOTA-FIA, que serviu para enterrar o machado de guerra relacionado com a criação de uma série paralela.


Mas Mosley, mesmo arrumado, ainda mexe: quer que o francês Jean Todt seja o seu sucessor nos destinos da organização. E apelou para a sua candidatura. "Acredito que a pessoa ideal para me suceder seja Jean Todt. É indiscutivelmente um dos grandes 'managers' da nossa geração, e inquestionavelmente da minha. Espero que endereçam o vosso apoio, caso ele se decida candidatar", afirmou, numa carta enviada aos presidentes das Federações nacionais, e divulgada ontem pelo Autosport britânico.


Jean Todt tem estado silencioso durante todo este tempo, quer durante a tempestade FIA vs FOTA, quer agora, nesta corrida pela presidência. Mas aparentemente andou a fazer algum trabalho de bastidores, estando nestes últimos dias a falar com os presidentes de algumas federações africanas, tentando garantir o seu apoio para as eleições. Se herdar a máquina de Mosley, pode ser que as coisas fiquem facilitadas para ele. Mas Todt tem muitas desvantagens, a saber:

- Ele é francês, e o antecessor de Mosley foi Jean-Marie Balestre, outro francês.
- Ele tem muitos “anticorpos” na Formula 1, nomeadamente na Ferrari.
- Tem o apoio de Max Mosley, que neste momento é visto como se “tivesse a peste”.


E a FIA não pode ser vista como um feudo anglo-francês, já que os seus presidentes só vieram desses países, e a França nem acolhe este ano o Grande Prémio. Portanto, por muito que Todt traga ideias novas, vontade de trabalhar e seja um técnico com experiência de competição (foi navegador de Ralis nos anos 70 e 80), existem mais defeitos do que virtudes na sua candidatura.


Quem andou pelo paddock no fim-de-semana alemão foi o até agora único candidato oficial: Ari Vatanen andou a espalhar o seu charme finlandês, falando especialmente com os chefes de equipa da Formula 1, já que tem o apoio da FOTA e das federações europeias. E ele, à partida, tem vantagem: não é da Formula 1, é finlandês e tem experiência política no Parlamento Europeu. E para melhorar as coisas, não causa anticorpos, como no caso de Jean Todt.


Mas ainda falta muito para Outubro, e ainda não sabemos se Todt confirma ou não a sua candidatura. Caso seja afirmativo, será a repetição dos duelos nas classificativas, especialmente no campeonato de 1981, onde Vatanen, o piloto, bateu Todt, o navegador (de Guy Frequin), no Rali RAC. Esperemos que seja um duelo leal e elevado.


E ponto, por esta semana é tudo. No fim-de-semana que aí vem, essencialmente teremos o WTCC em Brands Hatch e pouco mais de interesse para ver. Semana que vem discutiremos isto e muito mais. Até lá!

1 comentário:

  1. Parabéns Speeder. É por aí mesmo. Venho batendo nest tecla há anos. Chegamos ao ponto de que termos que no ater ao fato que informacao confiável se limita à um número restrito de indivíduos bem informados, capazes de raciocinar apropriadamente e enxergar notícias em relacao uma à outra. E afirmo mais uma vez que sap poucos que mentem este pasrao. Este blog com certeza está entre eles. Mais uma vez meus parabéns, Speeder!

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Comentem à vontade, mas gostava que se identificassem, porque apago os anónimos, por bem intencionados que estejam...