Esta semana, no autódromo de Hungaroring, a Toro Rosso vai estrear o espanhol Jaime Alguersuari, em substituição do francês Sebastien Bourdais. Com 19 anos e 125 dias, o piloto catalão irá bater um recorde com quase trinta anos: o de piloto mais jovem a participar numa corrida de Formula 1. Tal como neste caso, no actual detentor do recorde depositavam-se grandes esperanças de uma grande carreira na Formula 1, mas no final, nunca lhe foi concedida uma oportunidade a sério. Hoje falo do neozelandês Mike Thackwell.
Nascido a 30 de Março de 1961 em Auckland, na Nova Zelândia, Thackwell deu os seus primeiros passos aos 12 anos, no karting. Cinco anos mais tarde, em 1979, com 18 anos recém-completados, vai correr para a Formula 3 britânica e impressiona a tudo e todos, a bordo de um March 793 Toyota. Vence cinco provas e consegue mais três pódios, conseguindo 71 pontos e o terceiro lugar final, atrás do brasileiro Chico Serra e o italiano Andrea de Cesaris, futuros pilotos de Formula 1.
Assim sendo, passou para a Formula 2 em 1980, onde conseguiu um bom conjunto de resultados, terminando o campeonato na oitava posição, com 11 pontos. Contudo, mais do que os resultados, eram as suas prestações em pista que impressionavam os responsáveis das equipas de Formula 1. desde o inicio desse ano que lhe ofereciam oportunidades de guiar um dos seus carros. A Ensign lhe deu um lugar no seu carro, mas não aceitou. Em Agosto desse ano, a Arrows lhe deu a oportunidade de correr no GP da Holanda, para substituir o acidentado Jochen Mass. Thackwell fez o fim-de-semana qualificativo, mas falhou a entrada na grelha por muito pouco.
Contudo, as suas prestações atraíram a atenção de Ken Tyrrell, que lhe proporcionou um teste num dos seus carros. Após isso, deu-lhe um contrato para correr num terceiro carro nas duas últimas provas do ano, em Montreal e Watkins Glen. No GP do Canadá, esforçou-se e conseguiu o último lugar qualificativo, colocando de fora… o Ferrari de Jody Scheckter! Assim sendo, Thackwell, então com 19 anos e 182 dias, tinha batido um recorde com 18 anos, conseguido pelo mexicano Ricardo Rodriguez no GP de Itália de 1961, que tinha participado nessa corrida com 19 anos e 208 dias.
Contudo, a sua corrida foi de curta duração. Na primeira volta da corrida, houve confusão na frente, com Nelson Piquet e Alan Jones, então os contendores pelo título mundial daquele ano, e mais alguns carros ficaram pelo caminho, entre os quais, ele e o seu companheiro Derek Daly. A corrida foi interrompida, e Tyrrell não tinha peças suficientes para reparar ambos os carros, assim sendo, Ken Tyrrell priorizou Daly, fazendo com que não alinhasse na segunda largada.
Isso causa até aos dias de hoje alguma polémica: deve ser considerada como uma participação ou não. Alguns dizem que sim, e oficialmente, a participação de Thackwell em Montreal tem um DNF (did not finish) como resultado. Assim sendo, seria ele a deter o recorde. Mas há alguns que dizem que não, e assim sendo, o recorde pertenceria a Ricardo Rodriguez. Mas o consenso é que Thackwell alinhou na corrida canadiana e partiu.
Na prova seguinte, em Watkins Glen, Thackwell tentou a sua sorte, mas ficou de fora da corrida devido à pouca potência do seu motor Cosworth, que tinha menos 50 cavalos do que, por exemplo, os seus companheiros Daly e Jarier. Mas provou um pouco que tinha até velocidade para bater com os melhores, e um futuro brilhante pela frente. Volta para a Formula 2 em 1981, a bordo de um Ralt, e vence a primeira prova em Silverstone, foi segundo em Hockenheim, e todos afirmavam que ele seria o mais sério favorito ao título. Mas Thackwell sofre um sério acidente em Thruxton, que o coloca fora de combate durante alguns meses. Volta para conquistar algumas posições nos pontos, que o fazem classificar-se na sexta posição da geral.
Contudo, no final do ano, é dispensado da equipa, e com um “budget” limitado, vai correr pela Horag, em 1982, onde faz uma temporada difícil, e apenas consegue oito pontos e um pódio. Mas isso foi o suficiente para que Ron Tauranac, o patrão da equipa oficial da Ralt, lhe desse uma nova oportunidade em 1983, onde foi mais consistente e venceu uma corrida, terminando a temporada no segundo lugar, atrás do vencedor (e seu companheiro de equipa), Jonathan Palmer.
Em 1984, contudo, foi o seu melhor ano. Dominou completamente a temporada, chegando até a liderar em 70 por cento de todas as voltas percorridas nesse ano. Venceu em sete provas e o título de Formula 2 foi arrebatado com naturalidade. Iria ser o último campeão da Formula 2 sob esse nome, pois iria ser rebaptizada no ano seguinte como Formula 3000. Pelo meio, regressaria à Formula 1 em duas ocasiões: no Canadá (mais uma vez) pela RAM, para substituir o magoado Palmer, e na Alemanha, quando Stefan Bellof não podia guiar o “seu” Grande Prémio devido a um conflito de calendário com os Sport-Protótipos. No primeiro caso, Thackwell qualificou-se sem problemas, correndo até á volta 30, onde abandonou com problemas no Turbo. No GP alemão, numa Tyrrell que se via a braços com a polémica sobre o seu peso a menos e os chumbos no depósito de água, que lhe valeram a sua exclusão do campeonato, o neozelandês não se qualificou.
Contudo, estes iriam ser as suas últimas oportunidades na Formula 1. No final desse ano, ainda fez duas corridas pela Penske na CART, substituindo Rick Mears, que se tinha lesionado. Em 1985, sem oportunidades na Formula 1 a tempo inteiro, alinhou na Formula 3000, onde conquistou três vitórias e falhou por pouco o título, que foi para o alemão Christian Danner. No inicio de 1986, a RAM chamou-o de novo para que Thackwell pudesse fazer uns testes pela equipa, de modo a alinhar nessa temporada a tempo inteiro. Parecia que a sua oportunidade estava finalmente a chegar, mas a equipa retirou-se antes da temporada começar, deixando-o sem montada.
Assim, fez mais umas provas pela Formula 3000 em 1986, vencendo uma corrida, e virou-se para os Sport-Protótipos, correndo pela Jaguar e Sauber, tendo como melhor resultado uma vitória nos 1000 km de Nurburgring de 1986. Continuou a correr em 1987 nos Sport-Protótipos e na Formula 3000 até 1988, até que, com 27 anos, fartou-se do automobilismo de vez, cortando todos os contactos com o meio. Vive agora no sul de Inglaterra, onde após ter tido diversos empregos, gere agora uma loja de artigos de surf.
No final, deixo-vos uma frase tirada da sua biografia no site Formula One Rejects, e que pode servir de aviso aos jovens pilotos de futuro: “[Thackwell] provavelmente subiu demasiado depressa em tão pouco tempo, e foi sujeito às atribulações e desafios de uma competição tão dura como esta, numa altura em que não estava mentalmente preparado para isto. A sua carreira foi um puro desperdício de talento, mais muitas dos seus percalços foram responsabilidade sua.”
Fontes:
http://es.wikipedia.org/wiki/Mike_Thackwell
Nascido a 30 de Março de 1961 em Auckland, na Nova Zelândia, Thackwell deu os seus primeiros passos aos 12 anos, no karting. Cinco anos mais tarde, em 1979, com 18 anos recém-completados, vai correr para a Formula 3 britânica e impressiona a tudo e todos, a bordo de um March 793 Toyota. Vence cinco provas e consegue mais três pódios, conseguindo 71 pontos e o terceiro lugar final, atrás do brasileiro Chico Serra e o italiano Andrea de Cesaris, futuros pilotos de Formula 1.
Assim sendo, passou para a Formula 2 em 1980, onde conseguiu um bom conjunto de resultados, terminando o campeonato na oitava posição, com 11 pontos. Contudo, mais do que os resultados, eram as suas prestações em pista que impressionavam os responsáveis das equipas de Formula 1. desde o inicio desse ano que lhe ofereciam oportunidades de guiar um dos seus carros. A Ensign lhe deu um lugar no seu carro, mas não aceitou. Em Agosto desse ano, a Arrows lhe deu a oportunidade de correr no GP da Holanda, para substituir o acidentado Jochen Mass. Thackwell fez o fim-de-semana qualificativo, mas falhou a entrada na grelha por muito pouco.
Contudo, as suas prestações atraíram a atenção de Ken Tyrrell, que lhe proporcionou um teste num dos seus carros. Após isso, deu-lhe um contrato para correr num terceiro carro nas duas últimas provas do ano, em Montreal e Watkins Glen. No GP do Canadá, esforçou-se e conseguiu o último lugar qualificativo, colocando de fora… o Ferrari de Jody Scheckter! Assim sendo, Thackwell, então com 19 anos e 182 dias, tinha batido um recorde com 18 anos, conseguido pelo mexicano Ricardo Rodriguez no GP de Itália de 1961, que tinha participado nessa corrida com 19 anos e 208 dias.
Contudo, a sua corrida foi de curta duração. Na primeira volta da corrida, houve confusão na frente, com Nelson Piquet e Alan Jones, então os contendores pelo título mundial daquele ano, e mais alguns carros ficaram pelo caminho, entre os quais, ele e o seu companheiro Derek Daly. A corrida foi interrompida, e Tyrrell não tinha peças suficientes para reparar ambos os carros, assim sendo, Ken Tyrrell priorizou Daly, fazendo com que não alinhasse na segunda largada.
Isso causa até aos dias de hoje alguma polémica: deve ser considerada como uma participação ou não. Alguns dizem que sim, e oficialmente, a participação de Thackwell em Montreal tem um DNF (did not finish) como resultado. Assim sendo, seria ele a deter o recorde. Mas há alguns que dizem que não, e assim sendo, o recorde pertenceria a Ricardo Rodriguez. Mas o consenso é que Thackwell alinhou na corrida canadiana e partiu.
Na prova seguinte, em Watkins Glen, Thackwell tentou a sua sorte, mas ficou de fora da corrida devido à pouca potência do seu motor Cosworth, que tinha menos 50 cavalos do que, por exemplo, os seus companheiros Daly e Jarier. Mas provou um pouco que tinha até velocidade para bater com os melhores, e um futuro brilhante pela frente. Volta para a Formula 2 em 1981, a bordo de um Ralt, e vence a primeira prova em Silverstone, foi segundo em Hockenheim, e todos afirmavam que ele seria o mais sério favorito ao título. Mas Thackwell sofre um sério acidente em Thruxton, que o coloca fora de combate durante alguns meses. Volta para conquistar algumas posições nos pontos, que o fazem classificar-se na sexta posição da geral.
Contudo, no final do ano, é dispensado da equipa, e com um “budget” limitado, vai correr pela Horag, em 1982, onde faz uma temporada difícil, e apenas consegue oito pontos e um pódio. Mas isso foi o suficiente para que Ron Tauranac, o patrão da equipa oficial da Ralt, lhe desse uma nova oportunidade em 1983, onde foi mais consistente e venceu uma corrida, terminando a temporada no segundo lugar, atrás do vencedor (e seu companheiro de equipa), Jonathan Palmer.
Em 1984, contudo, foi o seu melhor ano. Dominou completamente a temporada, chegando até a liderar em 70 por cento de todas as voltas percorridas nesse ano. Venceu em sete provas e o título de Formula 2 foi arrebatado com naturalidade. Iria ser o último campeão da Formula 2 sob esse nome, pois iria ser rebaptizada no ano seguinte como Formula 3000. Pelo meio, regressaria à Formula 1 em duas ocasiões: no Canadá (mais uma vez) pela RAM, para substituir o magoado Palmer, e na Alemanha, quando Stefan Bellof não podia guiar o “seu” Grande Prémio devido a um conflito de calendário com os Sport-Protótipos. No primeiro caso, Thackwell qualificou-se sem problemas, correndo até á volta 30, onde abandonou com problemas no Turbo. No GP alemão, numa Tyrrell que se via a braços com a polémica sobre o seu peso a menos e os chumbos no depósito de água, que lhe valeram a sua exclusão do campeonato, o neozelandês não se qualificou.
Contudo, estes iriam ser as suas últimas oportunidades na Formula 1. No final desse ano, ainda fez duas corridas pela Penske na CART, substituindo Rick Mears, que se tinha lesionado. Em 1985, sem oportunidades na Formula 1 a tempo inteiro, alinhou na Formula 3000, onde conquistou três vitórias e falhou por pouco o título, que foi para o alemão Christian Danner. No inicio de 1986, a RAM chamou-o de novo para que Thackwell pudesse fazer uns testes pela equipa, de modo a alinhar nessa temporada a tempo inteiro. Parecia que a sua oportunidade estava finalmente a chegar, mas a equipa retirou-se antes da temporada começar, deixando-o sem montada.
Assim, fez mais umas provas pela Formula 3000 em 1986, vencendo uma corrida, e virou-se para os Sport-Protótipos, correndo pela Jaguar e Sauber, tendo como melhor resultado uma vitória nos 1000 km de Nurburgring de 1986. Continuou a correr em 1987 nos Sport-Protótipos e na Formula 3000 até 1988, até que, com 27 anos, fartou-se do automobilismo de vez, cortando todos os contactos com o meio. Vive agora no sul de Inglaterra, onde após ter tido diversos empregos, gere agora uma loja de artigos de surf.
No final, deixo-vos uma frase tirada da sua biografia no site Formula One Rejects, e que pode servir de aviso aos jovens pilotos de futuro: “[Thackwell] provavelmente subiu demasiado depressa em tão pouco tempo, e foi sujeito às atribulações e desafios de uma competição tão dura como esta, numa altura em que não estava mentalmente preparado para isto. A sua carreira foi um puro desperdício de talento, mais muitas dos seus percalços foram responsabilidade sua.”
Fontes:
http://es.wikipedia.org/wiki/Mike_Thackwell
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